Dodi Leal estreia Traved sob direção de Robson Catalunha em sessões intimistas em SP
Espetáculo de Dodi Leal, Traved é palestra-performance em sessões intimistas e tecnológicas no Centro Cultural da Diversidade
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Traved, espetáculo que Dodi Leal estreia no Centro Cultural da Diversidade nesta sexta (12) sob direção de Robson Catalunha, mistura cenas realizadas no ambiente físico com a realidade virtual. O foco é investigar a linguagem da palestra-performance no território digital por meio das vivências de uma mulher artista, travesti e doutora.
Professora da Universidade Federal do Sul da Bahia, Dodi coloca em perspectiva o que é ser uma “corpa travesti no Brasil de hoje”. Para isso, fusiona linguagens como teatro, cinema, performance, instalação e realidade virtual, na encenação de Robson Catalunha, ator e diretor com trajetória na qual coleciona experimentações cênicas com a renomada Cia. de Teatro Os Satyros, em São Paulo, e o internacional diretor Robert Wilson, em Nova York. Ele ainda dirigiu as peças Phedra por Phedra, de Phedra D. Córdoba, Entrevista com Phedra, de Miguel Arcanjo Prado, e Divinas Divas no Theatro Municipal de São Paulo, obra vencedora do Prêmio Arcanjo de Cultura.
Para essa conversa da artista com o público, o formato de palestras TED serviu de inspiração, assim como fatos vividos pela própria Dodi. Entre os temas presentes na dramaturgia estão ecologia, urbanidade, ciência, arte e corpo-tecnologia. Aliás, Catalunha está cada vez mais mergulhado nas novas tecnologias e está indicado ao Prêmio APCA 2021 na categoria Avanço Digital pela performance O Híbrido, pelo caráter tecnológico e inovador de suas proposições artísticas.
As sessões, para apenas 5 espectadores, acontecem de sexta a domingo, nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2021, sempre às 13h, 15h, 17h, 19h e 21h, no Teatro Décio de Almeida Prado (sede do Centro Cultural da Diversidade). É preciso reservar o ingresso por e-mail e esperar a confirmação: ingressostraved@gmail.com.
Imagens 360°
Além da artista presente no palco, Traved costura na cena imagens 360° no mesmo espaço físico onde o público assistirá as cenas presenciais, bem como em outras locações, como o Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Segundo Catalunha, isso se dá “com o intuito de provocar a reflexão sobre conceitos binários como real e virtual, corpo e tecnologia”.
Os artistas ainda revelam que o ponto de partida para a criação foi o texto Biotecnologias da Cena: Generética do Corpoluz e Filosofia Estética das Encruzitravas, escrito por Dodi Leal em 2021 e que trata dos limites do corpo e da tecnologia em relação à cena teatral, às corporalidades maquínicas e às tecnologias de gênero que operam em nossa sociedade.
A publicação, ainda inédita, inspirou Catalunha a convidar a autora para a criação de um trabalho cênico em desdobramento ao texto, percebendo pontos em comum com sua pesquisa no território da realidade virtual.
Com produção de Guttervil, artista, produtore e empreendedore da Translúdica, marca pioneira em economia colaborativa trans do Brasil, Traved tem o apoio da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, por meio do Centro Cultural da Diversidade.
Dodi Leal
Professora do Centro de Formação em Artes e Comunicação (CFAC) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro. Líder do Grupo de Pesquisa “Pedagogia da Performance: visualidades da cena e tecnologias críticas do corpo” (CNPq/UFSB). Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais da UFSB e colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina. Co-coordenadora do GT “Mulheres da Cena” da ABRACE – Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas. Realiza estudos e obras artísticas de performance e iluminação cênica, perpassando por ações de crítica teatral, curadoria e pedagogia das artes. Doutora em Psicologia Social (IP-USP) e Licenciada em Artes Cênicas (ECA-USP). Autora do livro de poesia “De trans pra frente” (São Paulo: Patuá, 2017) e dos livros teóricos “LUZVESTI: iluminação cênica, corpomídia e desobediências de gênero” (Salvador: Devires, 2018) e “Pedagogia e Estética do Teatro do Oprimido: marcas da arte teatral na gestão pública” (São Paulo: Hucitec, 2015). Organizou o livro “TEATRA DA OPRIMIDA: últimas fronteiras cênicas da pré-transição de gênero” (Porto Seguro: UFSB, 2019) e co-organizou, juntamente com Marcelo Denny, o livro “Gênero Expandido: performances e contrassexualidades” (São Paulo: Annablume, 2018). Em 2020 foi curadora da ‘Encrontra de Pedagogias da Teatra: afetividades do saber riscar e arriscar’, no quadro da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (7ª MITsp). Desde 2021 é editora da coleção TEATRA, da Editora Hucitec, em São Paulo.
Robson Catalunha
Mestrando em Artes Cênicas na Universidade de São. Em sua formação, destaca o CPT (Centro de Pesquisas Teatrais), de Antunes Filho. Integrou a Cia. de Teatro Os Satyros e o Grupo Pândega, sob direção de Maria Alice Vergueiro, onde atuou com a mesma em “Why the Horse”. Desenvolveu parcerias e já se apresentou com artistas no Brasil, Estados Unidos, Suécia, Cabo Verde, Croácia, China e Hungria. Em 2017 e 2018, após ser dirigido por Bob Wilson em “Garrincha – Uma Ópera de Rua”, foi um dos residentes do The Watermill Center, laboratório de inspiração e performance do referido diretor, em Nova Iorque, com artistas de mais de 30 países. Em 2019, convidado para uma residência no Museu de Arte Contemporânea de Zagreb (Croácia), criou “Meu Discurso”, trabalho em parceria com a artista croata Vesna Mackovic. Atualmente, vem desenvolvendo pesquisa autoral no território da realidade virtual, tendo sido indicado ao Prêmio APCA em 2021 por “O Híbrido”, pelo caráter tecnológico e inovador da obra.
FICHA TÉCNICA – Atuação e dramaturgia: Dodi Leal / Direção e roteiro: Robson Catalunha / Artista convidada: Renata Carvalho / Captação de vídeo em 360°: André Stefano / Edição de vídeo: Rodrigo Rímoli / Design Gráfico: Cassiano Pinheiro Maciel / Produção: Guttervil / Assessoria de imprensa: Robson Catalunha / Fotos e teaser: Gau Saraiva.
SERVIÇO – “TRAVED” – Temporada: 12 a 15 de novembro / Local: no Centro Cultural da Diversidade de São Paulo (r. Lopes Neto, 206, Itaim Bibi, São Paulo, CPTM Cidade Jardim)/ Horários: 13h, 15h, 17h, 19h e 21h / Entrada gratuita / Duração: 25 minutos / Classificação indicativa: 16 anos. Atenção: É preciso reservar o ingresso por e-mail e esperar a confirmação: ingressostraved@gmail.com.
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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Foi eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se por três vezes. Recebeu a Medalha Mário de Andrade, maior honraria nas letras do Governo do Estado de São Paulo. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. É presidente do júri do Prêmio Arcanjo e integra o júri do Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Recebeu ainda o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil e Prêmio Leda Maria Martins.
Foto: Edson Lopes Jr.
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