Morre Sergio Mamberti, um dos maiores atores do Brasil, aos 82 anos

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
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O Brasil perde um de seus maiores atores de todos os tempos. Morreu, na madrugada desta sexta-feira (3), o ator Sérgio Mamberti, aos 82 anos, em São Paulo. Ele estava internado novamente, por conta da piora de uma pneumonia, e não resistiu a uma infecção nos pulmões, sofrendo falência múltipla dos órgãos.
O artista lançou neste ano sua biografia, Sergio Mamberti, Senhor do Meu Tempo, pelas Edições Sesc. Além do livro, durante a quarentena, ele se manteve ativo nos palcos digitais, participando do espetáculo Novo e Normal e do lançamento da SP Escola de Teatro Digital. Ele nasceu em Santos, em 22 de abril de 1939.
Veja entrevista de Miguel Arcanjo Prado com Sergio Mamberti em 2018 para o Talk TV:

O ator era amado por diversas gerações por conta do personagem Doutor Victor, do infantil Castelo Rá-Tim-Bum, cujo bordão era “Raios e trovões”. Nas novelas, um de seus personagens mais marcantes foi o mordomo Eugênio, funcionário da vilã Odete Roitman (Beatriz Segal) na novela Vale Tudo, de 1988. Também fez novelas como Anjo Mau, O Profeta e Flor do Caribe, O Clone, A Vida da Gente e Sol Nascente, na Globo, além de filmes como Hora da Estrela, Toda Nudez Será Castigada e infantis como Xuxa Abracadabra, O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili e Castelo Rá-Tim-Bum, O Filme.

Filiado ao Partido dos Trabalhadores, Mamberti ainda foi presidente da Funarte durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi grande amigo. Com trajetória ilibada, o artista sempre foi respeitado por toda a classe e pelo público, independente temente de questões políticas.

Mamberti foi casado duas vezes: a primeira com Vivian Mahr, seu primeiro grande amor, por 16 anos, com quem teve três filhos, Duda Mamberti, Fabrício Mamberti e Carlos Mamberti. Em 1980 ficou viúvo pela primeira vez. Depois, teve como marido Ednaldo Torquato, que morreu em 2019, após 37 anos de um novo amor, como contou em sua biografia, na qual falou abertamente sobre sua bissexualidade.

Sua últimas peças no teatro, onde estreou com O Inoportuno, em 1964 dirigido por Antonio Abujamra e depois fez Navalha na Carne, em 1968, foram Visitando o Senhor Green, de 2015 a 2019, Um Panorama Visto da Ponte, em 2018, que lhe fez vencer o Prêmio APCA, e O Ovo e a Serpente, em 2019.
Em 2019, Sergio Mamberti recebeu o Prêmio Arcanjo de Cultura na categoria Especial ao lado de sua prima, Fernanda Montenegro, a quem representou no palco do Theatro Municipal de São Paulo, quando foi aplaudido de pé, como um dos maiores atores do Brasil, posto no qual seguirá vivo no coração do público que o amou profundamente.

Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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