No Coração das Máquinas é luta com utopia social, por Rita Carelli

Cena da peça No Coração das Máquinas - Foto: Ligia Jardim/Divulgação

Cena da peça No Coração das Máquinas – Foto: Ligia Jardim/Divulgação

Um grupo de mulheres grevistas é tema da peça paulistana No Coração das Máquinas, em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade (rua Três Rios, 363) até 7 de maio, de quinta a sábado, às 20h. Depois a obra vai para a Casa do Povo, no número 252 da mesma rua, entre 11 de maio e 16 de junho, quartas e quintas, 20h. Sempre com entrada gratuita. A convite do site, Rita Carelli, dramaturga e diretora, fala sobre a obra. Leia com toda a calma do mundo.

Rita Carelli - Foto: Divulgação

Rita Carelli – Foto: Divulgação

No Coração das Máquinas

Por RITA CARELLI

Em tempos tenebrosos na política nacional – e não muito auspiciosos para a produção cultural – é uma alegria estar em cartaz com essa peça construída a tantas mãos em torno da utopia social. “No Coração das Máquinas” é um espetáculo coletivo sobre uma inspiradora luta social da década de 1970.

A peça conta a primeira noite de ocupação da fábrica de relógios LIP, em Besançon, na França. Recriamos, a partir de personagens fictícios, a atmosfera deste primeiro passo de um importante movimento de autogestão operária, que inspirou vários outros movimentos irmãos na Franca e, em seguida, na América Latina. Na peça, enquanto a polícia cerca a fábrica e os trabalhadores resistem ao cerco, algumas mulheres são encarregadas de tomar conta do estoque de relógios, que passa a constituir a principal moeda de troca nas negociações.

Com esse pano de fundo político vamos descobrir, durante essas horas de confinamento, o que pensam, sentem e sonham essas operárias, quais as relações entre elas, seus medos, ambições. Essas sete mulheres constituem uma pequena constelação de diferentes visões de mundo, posições políticas e personalidades que nos permitirão uma breve reflexão sobre o nascimento de uma utopia coletiva, apesar de todas as divergências entre elas – o que nos parece bastante propício nesses dias de tamanha  intolerância.

O processo de criação deste trabalho nos permitiu, ao mesmo tempo, olhar para as lutas sociais de outrora, refletir sobre o momento político presente, com seus diversos movimentos de ocupação (a exemplo das escolas de São Paulo ocupadas pelos estudantes secundaristas, o movimento Ocupe Este lita, em Recife, entre tantos outros) e repensar nossa própria trajetória enquanto artistas frente as politicas culturais atuais.

“‘É possível’ – esse era o nosso lema, mas para mim não era só possível ‘produzir, vender e se pagar’, era possível uma outra organização do trabalho, uma outra vida. – Diria Mara, uma de nossas personagens.

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1 Resultado

  1. 29/04/2016

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