MECI coloca Curitiba no mapa dos negócios do audiovisual

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial a Curitiba*
No cenário efervescente da sétima arte, onde a grandiosidade de Hollywood muitas vezes ofusca as vozes mais singulares, surge um lugar de oportunidades para o cinema brasileiro: o MECI – Mercado do Cinema Independente do Brasil. Em sua primeira edição, de 16 a 18 de junho no icônico Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, o evento busca catalisar a indústria audiovisual independente nacional e conectá-la a possíveis parceiros para negócios. O evento acontece em paralelo ao 14º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba.
Com a ambição de tecer uma rede robusta entre realizadores, distribuidores, exibidores, plataformas de streaming e canais, o MECI concentra sua energia em longas-metragens independentes, desvendando caminhos para a ampliação de oportunidades e o fomento de parcerias estratégicas.
Negócios à vista
Produtores e realizadores têm a chance de impulsionar negócios que não apenas movimentam a economia criativa, mas que, intrinsecamente, fortalecem a alma do cinema. Antonio Gonçalves Jr., diretor do Olhar de Cinema, sintetiza a essência do evento: “O 1º MECI oferece um espaço para conversas de negócios, pitchings, masterclasses, painéis e networking, promovendo e viabilizando filmes brasileiros para o mercado nacional e internacional. É o momento ideal de troca e construção de novos caminhos para a indústria cinematográfica independente no país.”
A lista de presenças no MECI é um verdadeiro mosaico de talentos e influências, com mais de 50 nomes que moldam o panorama cinematográfico mundial. Há desde produtoras de renome como Fernanda Lomba e Ana Camila Esteves, até executivos de peso como Gabriel Cohen (Globo) e Cristiano Lima (Disney), passando pela curadora do Festival de Berlim, Barbara Wurm, e cineastas aclamados como Aly Muritiba e Marcelo Caetano. Essa constelação de especialistas garante um caldeirão de conhecimento e oportunidades.
Temas urgentes do audiovisual
A programação do MECI se desdobra em painéis que dissecam temas cruciais: do fomento audiovisual com a presença de representantes federais, estaduais e municipais, ao papel vital do Fundo Setorial do Audiovisual para a televisão brasileira. Debates sobre os fatores de impacto na distribuição, o fascinante cruzamento entre cinema e realidade aumentada, e o complexo universo do streaming e as novas plataformas no cenário nacional prometem acender discussões.
As Conversas de Negócios oferecem um palco íntimo para a troca direta de experiências, com sessões dinâmicas onde profissionais renomados do mercado compartilham seus insights sobre aquisição, desenvolvimento e distribuição.
A Masterclass com Marcelo Caetano, desvendando “O papel dos festivais no alcance do cinema brasileiro” a partir de sua obra “Baby”, é um convite à imersão no percurso criativo e estratégico de um recente filme brasileiro de sucesso internacional.
E para os futuros visionários, as sessões de Pitching são a passarela onde 18 projetos brasileiros de longas e séries, previamente selecionados, buscam apoio e visibilidade, conectados a consultores e executivos de destaque.
O MECI também se debruça sobre desafios pungentes, como a batalha da bilheteria entre produções nacionais e Hollywood, e explora as veredas da internacionalização de carreira no audiovisual.
Perspectivas para o futuro da distribuição do cinema independente, o papel das Film Commissions e a intrincada arte da curadoria de festivais internacionais são temas que convidam à reflexão e à construção de novos horizontes.
Um destaque especial para o painel “Conexão Brasil–África: Reimaginando Circuitos de Circulação Audiovisual”, que instiga a pensar em novas rotas para a difusão de obras do Sul Global, rompendo barreiras e construindo pontes.
A exibição independente e a regulação do streaming na produção nacional também ganham atenção da programação, reforçando o compromisso do MECI com um debate abrangente e proativo. A Masterclass de Aly Muritiba, “Transformando ideias em imagens: Como o diretor atua na criação de mundos”, promete uma aula de processo criativo.
Sucesso
Discussões sobre os diferentes modelos de negócios de cinemas, estratégias de engajamento nas redes sociais para a promoção do cinema brasileiro, e o uso de dados na produção e promoção de projetos audiovisuais prometem instrumentalizar os participantes com ferramentas essenciais para o sucesso na era digital.
Para promover maior integração, o evento ainda terá um Happy Hour Campari encerrando cada dia. Afinal, um brinde é capaz de selar um bom negócio.
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Olhar de Cinema.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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