Gregório Duvivier estreia O Céu da Língua no Rio após sucesso em Portugal

Gregório Duvivier em O Céu da Língua © Demian Jacob Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Poesia pode dar uma comédia no teatro? Sim, é o que promete Gregório Duvivier em seu novo espetáculo, O Céu da Língua. Ele define o solo como uma comédia poética, na qual o artista usa o seu discurso sedutor para convencer o público de que tropeçamos diariamente na poesia e esta pode ser prazerosa e divertida. Após sucesso em Portugal, onde fez estreia mundial em novembro de 2024, a peça faz sua estreia brasileira nesta quinta, 6 de fevereiro, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, onde fica até 24 de fevereiro. Depois, vai para o Festival de Curitiba.

No aniversário de 500 anos de Luis de Camões, foi a peça de um brasileiro que roubou a cena em Portugal. Gregorio Duvivier, que não estreava uma peça nova havia cinco anos, fez essa peça pra homenagear sua língua-mãe. Encontrou, ao fazer a peça, uma legião de pessoas que compartilham dessa paixão.

“A poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota. Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, pra isso, a gente precisa trocar os óculos de leitura”. 

Gregório Duvivier
ator e dramaturgo

A direção de O Céu da Língua é da atriz Luciana Paes, parceira de Gregório no espetáculo de improvisação Portátil – e nos vídeos do canal Porta dos Fundos. 

Palco clean

Se no seu solo anterior, Sísifo (2019), escrito junto com Vinicius Calderoni, Gregório subia uma grande rampa dezenas de vezes, agora, o que se tem é uma encenação desprovida de qualquer cenário.

No palco, totalmente limpo, o instrumentista Pedro Aune cria ambientação musical com o seu contrabaixo, e a designer Theodora Duvivier, irmã do comediante, manipula as projeções exibidas ao fundo da cena.

O resto é só o comediante e sua devoção pelas palavras.

“Acredito que o Gregório tem ideias para jogar no mundo e, com essa crença, a coisa me move independentemente de qualquer rótulo”, diz Luciana, uma das fundadoras da Cia. Hiato, que estreia como diretora teatral nesta obra. “O stand-up comedy aqui é uma pegadinha pra falar de literatura”, complementa.

“O Céu da Língua fica na esquina do poema com a piada”.

Gregório Duvivier
ator e dramaturgo

Obsessão pela palavra

Apaixonado pela língua portuguesa desde menino, Gregório na peça brinca com códigos, reforma ortográfica e volta de palavras esquecidas, como “irado”, “sinistro” e “brutal”, que voltaram ressignificadas ao vocabulário dos jovens, sobretudo os cariocas como ele. E ainda brinca com palavras que, de tanto usadas por determinado grupo social, ficam desgastadas, como “atravessamento”, “disruptivo” ou “briefings”.

A poesia, lembra Duvivier, faz parte das palavras que dizemos no dia a dia, algumas como curiosas metáforas, como “batata da perna”, “céu da boca” e “pisando em ovos”.

Claro que música não poderia faltar e o artista chama atenção para grandes letristas como Orestes Barbosa e Caetano Veloso, citados em “O Céu da Língua” através das canções “Chão de Estrelas” (1937) e “Livros” (1997). “Foi a nossa música popular quem conseguiu realizar o sonho de Oswald de Andrade de levar poesia para as massas”, reflete o ator.

O Céu da Língua

Texto e interpretação: Gregório Duvivier

Direção: Luciana Paes

Direção musical e execução da trilha: Pedro Aune

Criação visual e projeções: Theodora Duvivier

Iluminação: Ana Luzia de Simoni

Figurino: Elisa Faulhaber e Brunella Provvidente

Costureira: Riso Monteiro

Fotos: Demian Jacob

Designer Gráfico: Laercio Lopo

Visagismo: Vanessa Andrea

Administração: Andréia Porto

Produção Executiva: Lucas Lentini

Produção: Pad Rok Produções Culturais
Clarissa Rockenbach e Fernando Padilha

SERVIÇO

Teatro Carlos Gomes (Praça Tiradentes, centro, Rio).
De 06 a 24 de fevereiro de 2025 – Quintas e Sextas, às 19h / Sábados e Domingos, às 18h
Ingressos: R$ 80 | R$ 40 (meia)
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 70 minutos

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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