Pessoas Brutas volta ao Satyros com metrópole em turbulência

Pessoas Brutas, do Satyros: temporada cancelada por caso de Covid-19 no elenco - Foto: Andre Stefano Divulgação - Blog do Arcanjo 2022
Pessoas Brutas, do Satyros: temporada cancelada por caso de Covid-19 no elenco – Foto: Andre Stefano Divulgação – Blog do Arcanjo 2022

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

A Cia. de Teatro Os Satyros é especialista em retratar os moradores da cidade de São Paulo. Na peça Pessoas Brutas não é diferente. O espetáculo volta ao cartaz nesta quinta, 3 de fevereiro, no Espaço dos Satyros, na Praça Roosevelt, 214, no centro paulistano, com sessões às quintas, 21h, sextas, 20h e 23h, e sábados, às 21h. É preciso levar o passaporte de vacinação.

O elenco para esta retomada foi remodelado e agora conta com os atores Alex de Jesus, Thiago Mendonça, Gabriela Veiga, Gustavo Ferreira, Sabrina Denobile, Tiago Leal, Julia Bobrow, Eduardo Chagas, Henrique Mello, Andre Lu, Dani Moreno e Diego Ribeiro.

A obra escrita por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, que a dirige, mostra personagens anônimos da metrópole com seus dilemas e distúrbios, como dependência química e psíquica. A peça estreou originalmente em 2017, foi lançada em livro pela Giostri e faz parte da Trilogia das Pessoas (que conta ainda com Pessoas Perfeitas e Pessoas Sublimes).

O espetáculo foi indicado ao Prêmio Shell, Prêmio Aplauso Brasil ao Melhores do Teatro no Blog do Arcanjo. Outro destaque da peça é a caracterização e preto, branco e tons de cinza, inspirada nos mangás japoneses.

O visual de ‘Pessoas Brutas’ foi criado a partir dos mangás japoneses. Os mangás eram incialmente em preto e branco, tiveram origem numa época em que o Japão passava por uma grande crise econômica. Eram impressos em folha de jornal e em preto e branco, para que eles não precisassem gastar muita tinta. Isso nos inspirou, por que não tínhamos dinheiro e queríamos fazer alguma coisa criativa e que fosse legal. Daí começamos a pesquisar o gênero dos quadrinhos – em especial quadrinhos em preto e branco – e os mangás, e assim todo o visual da peça acabou indo para o preto e branco com alguns tons pasteis

IVAM CABRAL
cofundador do Satyros
Metropolitanos: cena da peça Pessoas Brutas, do Satyros, em 2017 – Foto: Andre Stefano – Blog do Arcanjo

Enredo de Pessoas Brutas

A filha de um doleiro delatado na ‘operação lava-jato’ é sequestrada por criminosos, a pedido de uma amiga de infância. A partir deste mote, a peça apresenta personagens invisíveis da cidade de São Paulo que lutam pela sobrevivência sem questionar limites morais ou legais. Há um vendedor de sapatos que se tornou herói por ter salvado uma pessoa da morte, um casal de youtubers em relação de abuso, uma relação de poliamor entre três dependentes químicos, o encontro amoroso de um contador evangélico e uma recepcionista de hotel, o amor de um taxista pela sua filha idealizada e dois sequestradores que se inspiram nas pessoas que conseguiram vencer no Brasil – os bandidos de Brasília e os bandidos da quebrada. As personagens se cruzam em um encontro da comunidade ¨Quem quer amigos?¨, que levará todos a um final inesperado.

FICHA TÉCNICA

Texto: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez

Direção: Rodolfo García Vázquez

Elenco – Personagem:

Alex de Jesus – Sueco

Thiago Mendonça – Teodoro

Gabriela Veiga – Turmalina

Gustavo Ferreira – Glicério

Sabrina Denobile – Consolata

Tiago Leal – Olívio

Julia Bobrow – Disneilandia

Eduardo Chagas – Sancho

Henrique Mello – Rael

Andre Lu – Tasso

Dani Moreno – Carolaine

Diego Ribeiro – Berilo

Iluminação: Rodolfo García Vázquez e Flávio Duarte

Trilha Sonora: Henrique Mello, Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez

Cenografia: Marcelo Maffei

Figurinos: Bia Pieratti e Carol Reissman

Perucas: Lenin Cattai

Programação Visual: Henrique Mello

Orientação Figurinos 2022: Adriana Vaz e Thiago Mendonça

Operação Técnica: Flavio Duarte

Fotografias: Andre Stefano

Produção: Os Satyros

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

Phedra D. Córdoba: diva trans cubana lendária marcou história de relação dos Satyros com a Praça Roosevelt e o centro de São Paulo – Foto: Bob Sousa – Blog do Arcanjo

Teatro e a cidade

A pesquisa dos Satyros sobre os invisíveis da metrópole paulistana marca a trajetória do grupo. Em 2004, o grupo montou Transex, seu primeiro espetáculo em que abordava a questão das travestis e transexuais na Praça Roosevelt (região durante anos degradada e ocupada pelo tráfico de drogas, prostituição e criminalidade, até que em 2000 foi ocupada pelos Satyros, e posteriormente por outros grupos teatrais, tornando-se um dos polos mais democráticos de produção e convivência artística em São Paulo). Espetáculos da companhia como A Vida na Praça Roosevelt (2005), Hipóteses para o Amor e a Verdade (2009), Pink Star (2017-2021) e Novos Normais (2020) entre outros, também tratavam das questões dos moradores do entorno da Praça Roosevelt, onde até hoje se localiza a sede dos Satyros.

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Jornalista cultural influente e respeitado no Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Prêmio Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil de Curtas. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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