Entrevista de Quinta – Elder Fraga transforma conto de Plínio Marcos no curta Os Bons Parceiros

O cineasta, ator e produtor Elder Fraga: curta com violência crua de Plínio Marcos – Foto: Divulgação
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Na próxima terça-feira (25), o cineasta e ator Elder Fraga completará 39 anos com um presente especial: a estreia do seu quarto curta-metragem, Os Bons Parceiros, às 21h30 na sala 4 do Espaço Itaú da rua Augusta, 1.470, em São Paulo. A entrada é gratuita. O filme é baseado em um conto do jornalista e dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999), nome forte do teatro nacional. Nesta Entrevista de Quinta, Elder falou sobre o projeto e sobre o autor, a quem conheceu pessoalmente. Leia com toda a calma do mundo.
Miguel Arcanjo Prado – Qual a história do filme Os Bons Parceiros?
Elder Fraga – Cinco amigos da periferia resolvem em uma noite se juntar para fazer um arrastão e levantar uma grana. O curta dura 20 minutos.
Você pretende levar o filme para festivais?
A gente estreia no Espaço Itaú na Augusta e pretendo trabalhar o curta dentro e fora do Brasil. Estamos fazendo as legendas em inglês e espanhol. A partir de março queremos mandar o filme para o mundo todo.
Você tem novos projetos no cinema?
Tenho dois. Um curta, que deve se chamar Matinê e será protagonizado pelo ator Júlio Rocha, e começo os trabalhos do meu primeiro longa-metragem, que vai abordar o mundo das lutas do MMA e quero rodar em 2015.
Qual é sua relação com o Plínio Marcos?
Minha estreia profissional foi com Barrela, peça do Plínio com direção do Sergio Ferrara em 1999. Neste período pude conviver com o Plínio. Tive um contato com ele bem próximo.
Conte mais.
Ele não saía do teatro. Ele amava tanto a montagem que falou que nossa montagem Barrela “pegava no breu”. A gente chegava no Teatro de Arena e ele já estava lá, sentadinho. Eu tinha 20 e poucos anos e ficava impressionado com sua figura, ali, tão perto.
E ele morreu no mesmo ano?
Sim. Ele morreu antes de a temporada acabar. Aí, eu comecei a ler a obra dele. Antes de morrer, ele tinha dito que queria que a gente montasse O Abajur Lilás também, mas não deu tempo de ele ver. Tinha o Fransérgio Araújo e a Esther Góes. Fizemos uma turnê grande.
E aí você virou especialista em fazer obra do Plínio?
Mais ou menos, porque depois o Antonio de Andrade me chamou para fazer O Homem de Papel e eu acabei não fazendo…
E como o Plínio voltou?
Ganhei o livro As Histórias das Quebradeiras do Mundaréu, de autoria do Plínio Marcos. Comecei a devorar esse livro e comecei a imaginar os contos em filmes, porque ele descreve os lugares, o ambiente, com aquela violência crua. E pensei: isso dá um filme. Seria legal levar Plínio para o cinema.
E como fez para conseguir os direitos?
Entrei em contato com Kiko Barros, que é filho dele, e ele me deu carta branca para fazer. A obra do Plínio é atual. Mantive a essência do conto, apenas com uma cara mais moderna. Coloquei cenas de 3D e animação.
Foi difícil lançar o curta?
Rodei o filme dois anos atrás, sem apoio nenhum. Eu tentei editais, mas estava muito difícil. Consegui juntar alguns parceiros do cinema para produzir de forma independente.
Quem compõe o elenco?
Já tinha uns nomes na cabeça, porque gosto de chamar eu mesmo os atores. Já tinha trabalhado com o Luciano Quirino na série 9mm [Fox], e o convidei para ser o Fogueira, que é o chefão dos bandidos. Depois fui atrás de um ator bacana para fazer um antagonista. Estava no festival com outro filme meu, Nigéria, e o Thogun falou que queria trabalhar comigo. Sou fã dele do Tropa de Elite e de O Palhaço. E tem ainda o Ricardo Gelli, o Laerte Késsimos, o Daniel Torres e o Johnnas Oliva. Chamei o Bruno Giordano para fazer a preparação do elenco.
Além de cineasta e ator, você também é produtor teatral. Como é isso?
Sempre fui ator. Eu me formei no Indac, onde tive o primeiro contato com o Sérgio Ferrara. De lá ele me convidou para fazer o Barrela. Depois, eu fiz uma sequência de espetáculos com ele, e ele me convidou para abrir uma produtora: Fraga e Ferrara Produções em 2006. E daí de lá para cá eu comecei a produzir tudo que ele faz. Aí não consegui mais atuar, porque sempre achei muito difícil atuar e produzir ao mesmo tempo. Sempre prefiro fazer uma coisa de cada vez, para que saia bem feita.
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Na minha cabeça, o Plínio Marcos foi uma espécie de Quentin Tarantino do Teatro brasileiro.