Estreia de musical com obra de Milton Nascimento fortalece “Broadway nacional”

Elenco do musical Milton Nascimento - Nada Será Como Antes - Foto: Guga Melgar/Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

A partir desta quinta-feira (9) até 25 de novembro de 2012, a obra de Milton Nascimento será cantada nas noites de quinta a domingo no Theatro Net Rio, no coração de Copacabana, no Rio. O elenco de 14 atores-cantores regidos pela tarimbada dupla Charles Möeller e Claudio Botelho assume a missão, que celebra os 70 anos de vida e os 50 de carreira do mais expoente músico de Minas Gerais.

Milton Nascimento – Nada Será como Antes – O Musical é a primeira produção da dupla ao lado da GEO Eventos – antes eles faziam parceria com a Aventura Entretenimento.

Sem ser uma biografia – apesar da escritora e jornalista mineira Maria Dolores ter escrito o ótimo livro Travessia – A Vida de Milton Nascimento – , o espetáculo passa pelas principais canções do líder do lendário Clube da Esquina, movimento surgido em Belo Horizonte que marcou a música brasileira na década de 1970.

O musical confirma uma tendência nas produções brasileiras em priorizar temática nacional em vez de importar espetáculos da Broadway. Além de Milton e o sucesso retumbante de Tim Maia – Vale Tudo, nos próximos meses surgirão nos palcos musicais sobre Jair Rodrigues e Elis Regina, só para ficar em dois medalhões de nossa música.

Botelho, que afirma ser fã de Milton desde a adolescência, justifica o enredo de 90 minutos, passando pela música do compositor, dizendo que “o que importa é a obra, não o autor”.

Rogério Falcão criou um cenário que buscou a essência de Minas, remetendo ao interior de uma tradicional casa mineira, que vai dialogar com a luz de Paulo César Medeiros.

Möeller, que também assina os figurinos, bateu um papo com o R7, no qual falou do espetáculo, de projetos futuros e ainda esclareceu o rompimento com a Aventura e o fato de o elenco do musical ter apenas dois atores negros.

Estão no palco Marya Bravo, Claudio Lins, Tatih Kohler, Pedro Sol, Estrela Blanco, Jules Vandystadt, Cassia Raquel, Jonas Hammar, Wladimir Pinheiro e Sergio Dalcin, acompanhados pelos músicos Délia Fischer – também responsável pelos arranjos –, Lui Coimbra, Whatson Cardozo e Pedro Aune.

Leia a entrevista:

Ao lado de Claudio Botelho, Charles Möeller (foto) é rei dos musicais - Divulgação

R7 – Você e Claudio Botelho são os reis do musicais e isso ninguém discute. Mesmo diante do sucesso e do reconhecimento, vocês fazem questão de se reinventar sempre. Por quê?
Charles Möeller – Sempre temos isso como meta: nos desconstruir. Por isso é muito importante fazer o Milton logo depois de uma mega produção como o Mágico, em que era preciso coordenar uma série infinita de equipes, efeitos, onde tudo era mega. Eu poderia dirigir este espetáculo no piloto automático, mas me obriguei a não tirar nenhum velho coelho que eu tinha na cartola. A cada novo espetáculo, acabamos puxando o nosso próprio tapete por ser quase que o oposto do anterior. Foi assim quando fizemos Gypsy e logo depois fizemos Hair, para em seguida fazer Um Violinista no Telhado. São linguagens próximas, mas espetáculos que tem conceitos bem distantes.

R7 – Por que vocês saíram da Aventura e foram para a GEO?
Charles Möeller – É sempre bom esclarecer que não saímos da Aventura por conta de um convite da GEO. Resolvemos sair da Aventura para poder atender nossos desejos pessoais, para realizar os nossos projetos que nem sempre encontravam eco na antiga produtora. Com a nossa saída, recebemos esta proposta da GEO e demos início a esta parceria que está sendo maravilhosa. Eles já são novos e queridos companheiros de jornada.

R7 – O Milton deu sugestões no musical?
Charles Möeller – Ele assistiu somente na semana passada ao ensaio geral. Ele nos deu total liberdade para tudo: na escolha do repertório, no conceito do roteiro, na direção musical.

Tambores no musical de Milton - Foto: Guga Melgar

R7 – Por que há só dois atores negros em um elenco de 14 pessoas em um musical sobre a música de um artista negro?
Charles Möeller – Milton é um negro que fala do branco, do latino, do índio… Ele fala da América e da África, é multifacetado, multicultural, assim como o elenco que está no palco. Acho que não faria sentido fazer um espetáculo somente com atores negros, ou estabelecer um numero, uma cota, seria um clichê já que Milton nunca levantou esta bandeira. E a obra dele é muito maior do que um gueto ou segmento, ele tem todas as cores , todas as raças, por isso temos todas as cores no palco!

R7 – Vocês pretendem investir mais em musicais nacionais? Por quê?
Charles Möeller – Nunca deixamos o musical nacional de lado. Na nossa vida, parece que é a peça que nos escolhe e não o contrário. Realizamos uma série de musicais internacionais, mas conseguimos fazer, no meio do caminho, o Sassaricando, o 7 – O Musical, o É com Esse que eu Vou. Pretendemos fazer em breve o Verônica ou 13, o nosso próximo musical autoral.

R7 – Vocês vão abandonar as adaptações de musicais da Broadway?
Charles Möeller – Não, vamos estrear em janeiro, no teatro GEO, em São Paulo, a nossa versão para Como Vencer na Vida sem Fazer Força, com o Luiz Fernando Guimarães e o Gregório Duvivier.

Milton Nascimento – Nada Será Como Antes – O Musical
Quando: Quinta a sábado, às 21h. Domingo, às 20h. Até 25/11/2012
Onde: Theatro Net Rio (r. Siqueira Campos, 143, 2º piso, Copacabana, Rio, tel. 0/xx/21 2147-8060)
Quanto: R$ 110 (plateia e frisas) e R$ 80 (balcão)
Classificação: Livre

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Coluna do Miguel Arcanjo n° 183: Adeus, Playcenter

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2 Resultados

  1. Charles Silva disse:

    Bom, me nome é Charles Silva e tenho como paixão o teatro. Peço a vocês uma oportunidade para atuar na área ou em qualquer tipo de atuação, seja em novelas ou em teatros.
    Sou morador do município de Queimados-RJ e estou cursando o oitavo ano do ensino fundamental na Escola Municipal Professor Washington Manoel de Souza. Tenho 13 anos e nasci no ano de 1999.

  1. 29/08/2012

    […] Estreia de musical com obra de Milton Nascimento fortalece “Broadway nacional” […]

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