O Céu da Língua consagra Gregório Duvivier no Guairão no Festival de Curitiba

Enviado especial ao Festival de Curitiba
O monólogo “O Céu da Língua”, escrito por Gregório Duvivier, foi um dos destaques do 33º Festival de Curitiba, celebrando a riqueza da poesia cotidiana e as transformações linguísticas que ocorrem no dia a dia das pessoas. A comédia inteligente foi ovacionada pelo Teatro Guaíra lotado em três sessões, somando quase 7 mil pessoas.
Com uma recepção calorosa, o espetáculo estreou em Portugal no ano passado, esgotando todas as sessões, feito que repetiu nas três sessões na capital do Paraná. O sucesso foi tanto que, em 2025, as apresentações foram retomadas, atraindo a atenção de um público curioso.

No entanto, a relação entre o português de Portugal e o “brasileiro” tem sido marcada por tensões. Muitos pais em Portugal se preocupam com a influência das novas gerações, que adotaram expressões brasileiras, como o uso de “cara” em vez de “gajo”, muito por conta de plataformas como o YouTube. Duvivier reconhece a existência de preconceitos, mas afirma que não sentiu isso diretamente durante sua estadia com a peça por lá.

O humorista também discute a percepção de que brasileiros estão lendo menos livros. Para ele, a forma de consumir literatura mudou, com um novo universo de fanfics e conteúdos no TikTok que atraem jovens interessados em linguística. Ele cita o trabalho de Caetano Galindo, cujos livros aprofundam a análise do português falado no Brasil, como uma influência importante para sua obra.
“O que o Caetano faz pela língua portuguesa é de um tamanho, absolutamente indispensável. Essa ‘vulgarização’ da língua, no bom sentido. Ele faz muito bem ao idioma, com suas traduções, romances, e agora com esses livros.”

Duvivier expressa admiração por poetas brasileiros, especialmente o curitibano Paulo Leminski, e elogia o Festival de Curitiba por sua diversidade, que inclui a comédia e o teatro popular.
Na seara da poesia, o ator do Porta dos Fundos demonstrou sua admiração por uma prata da casa. “Alguns poetas chegaram lá. Dá a impressão de que são insuperáveis. O Leminski é um deles, pelo poder de síntese que tinha.”
Gregório elogiou o Festival de Curitiba, destacando o caráter democrático do evento, com segmentos como o Risorama e a Mostra Fringe: “O Festival não deixou de ser reconhecido e respeitado porque abraçou a comédia e o teatro popular. Ele não é elitista, como a maioria dos festivais de teatro. É muito bom estar aqui.”
O artista ainda revelou sua palavra favorita em português: “marimbondo”, uma escolha que reflete a riqueza e a musicalidade da língua. Para ele e sua equipe, as palavras têm um sabor especial, revelando um amor profundo pela cultura linguística brasileira. Já para a diretora da peça, Luciana Paes, a palavra preferida é “almôndega”.
Após Curitiba, a obra segue em turnê pelo interior de São Paulo até chegar à capital paulista no Teatro Sérgio Cardoso de 1º a 25 de maio, com ingressos na Sympla.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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