★★★★ Crítica: Mário Negreiro – Da Modernidade à Barroca ressignifica Macunaíma

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
MÁRIO NEGREIRO: DA MODERNIDADE À BARROCA
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Quarta e quinta, 21h – Até 27/2/2025
Sesc Vila Mariana (SP) – Compre seu ingresso
Mário Negreiro: Da Modernidade à Barroca, bem sucedido solo do ator Anderson Negreiro, também responsável pela dramaturgia e direção, faz uma interessante conexão entre passado e presente e, também, entre centro e periferia. Tudo a partir da simbiose entre a vida do escritor e papa do modernismo Mário de Andrade (1893-1945) e sua principal obra, o livro Macunaíma, e a vida e trajetória do artista Anderson Negreiro, com intensa reverberação na zona norte paulistana, separada da Barra Funda de Mário de Andrade pelo rio Tietê. Vem dessa mistura o título do espetáculo, ressignificando a obra que o inspira. Após estreia sob fortes aplausos, a peça está no Sesc Vila Mariana até 27 de fevereiro, sempre às quartas e quintas, 21h, com ingressos no site do Sesc São Paulo. A produção é do próprio Anderson Negreiro ao lado da Mosaico Produções, com Cícero de Andrade na produção administrativa e Catarina Milani na produção executiva. Ao propor o profícuo diálogo, o artista transforma a geografia urbana em obra de arte, com a ajuda de projeções que fazem o público imergir tanto no bairro da Barra Funda, onde nasceu e viveu o grande escritor modernista, quanto na “Barroca”, no bairro da Casa Verde Alta, a “quebrada” onde Negreiro é nascido e criado. O personagem em cena volta às origens imbuído da nobre missão de apresentar Macunaíma a um antigo companheiro de soltar pipa na infância. Contudo, as feridas que se abatem sobre as periferias, sobretudo a violência e a falta de perspectivas, mudam torrencialmente a possibilidade de um final feliz neste almejado encontro. No time criativo, destaque para video-cenografia de Vic Von Poser, a trilha de Gabriel Moreira, a luz do ator com Jorge Leal e o despojadíssimo figurino de Éder Lopes. A peça ganha ainda mais relevância ao recuperar a negritude de Mário de Andrade, historicamente apagada, e ligá-lo aos jovens de periferia que buscam desbravar o Centro e suas possibilidades de ascensão, como ele o fez no começo do século 20. Na mistura entre realidade e ficção, a atuação épico-dialética de Anderson Negreiro é o destaque, com seu corpo atlético e vibrante altamente presente. O ator reinterpreta a obra de Mário de Andrade e a atualiza no aqui e agora, construindo um mosaico de significados e sensações, transformando sua própria memória em obra de arte, como grandes artistas costumam fazer. Afinal, é preciso honrar de onde se veio para construir novos caminhos no porvir.
★★★★
MÁRIO NEGREIRO: DA MODERNIDADE À BARROCA
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Quarta e quinta, 21h
Sesc Vila Mariana (SP) – Compre seu ingresso

MÁRIO NEGREIRO – Da Modernidade à Barroca
Ficha técnica
Texto: Anderson Negreiro
Direção: Anderson Negreiro
Vídeo: Cenários: Vic Von Poser
Provocação Cênica: Viviane Dias e Ismar Rachmann
Provocação dramaturgica: Jé Oliveira
Atuação: Anderson Negreiro
Voz off: Jé Oliveira
Atuação em vídeo: Sandra Corveloni e Ismar Rachmann
Trilha sonora: Gabriel Moreira
Criação de Luz: Anderson Negreiro e Jorge Leal
Figurinos: Éder Lopes
Cenário: Anderson Negreiro e Éder Lopes
Consultoria de movimento: Débora Veneziani
Assistente de iluminação: Nara Zocher
Operação de som e vídeos projeções: Tomé Souza
Coordenação de Produção: Anderson Negreiro e Mosaico Produções
Produção Executiva: Catarina Milani
Produção Administrativa: Cicero de Andrade
Assessoria de Imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira
Fotografia: Marcelle Cerrutti
Arte Gráfica: Mau Machado
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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