Harry e Meghan na Netflix gera polêmica e coloca casal em análise pela opinião pública

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Harry e Meghan na Netflix vem despertando diversas reações ao redor do mundo, sobretudo no Reino Unido, onde os três primeiros episódios do documentário já o tornam o programa mais visto no streaming — os outros três episódios finais serão disponibilizados dia 15 de dezembro. A documentário coloca o casal sob análise da opinião pública mais uma vez.

O programa, vendido pelo Duque e Duquesa de Sussex fortuna de US$ 100 milhões — o que lhe dará um conforto financeiro, além dos US$ 20 milhões que Harry recebeu de adiantamento para sua autobiografia que sai em 2023 —, busca ser a versão do casal história de por que eles resolveram abandonar a família real britânica, após um casamento que parou e alegrou o mundo.

O contraditório é que os dois alegaram o assédio da imprensa como razão principal de deixarem seus afazeres reais, e agora expõem sua vida em um documentário de fim de ano pelo qual cobraram.

Harry compara Meghan a Diana, afirmando que ambas seriam grandes amigas e que ele tem muito de sua mãe, mas fato é que quando Diana deu sua polêmica entrevista a Martin Bashir no Panorama da BBC em 1995, na qual reveltou que “eram três em seu casamento”, a Princesa de Gales não cobrou um centavo para dizer sua verdade ao mundo.

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Diana concedeu sua famosa entrevista porque considerou que era o que deveria fazer naquele momento, não para enriquecer às custas do escândalo, muito pelo contrário, pagou com a própria vida por ter despertado tamanha atenção da mídia global — não custa lembrar que, mesmo 25 anos após sua morte, uma recente pesquisa demonstrou que Diana é o membro da família real mais querido e admirado no mundo.

O principal ponto do documentário Harry e Meghan é o indefensável racismo do qual Meghan foi vítima, sobretudo por grande parte da imprensa britânica, que alimentava no público a visão preconceituosa sobre a jovem, assim que o namoro com Harry foi descoberto. Neste ponto a luta do casal é justa e inquestionável, sobretudo quando lembra que a imprensa inglesa é branca e gerida por brancos com uma visão racista arraigada. Assim, cabe à mídia britânica o papel de vilã da história.

Os três primeiros episódios não trazem revelações bombásticas, tampouco grandes novidades ao que o mundo já sabia sobre os dois. Meghan lembra que quando defendeu o movimento feminista Me Too em uma entrevista ao lado dos príncipes Harry, William e Kate isso foi visto como um problema pela família real, que nunca gostou de se envolver em temas políticos ou polêmicos.

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Reverência polêmica

O episódio mais delicado e apontados pela imprensa inglesa como “ridículo” é quando Meghan conta que não sabia que era obrigatório fazer reverência à Rainha Elizabeth II, mesmo ao namorar um membro da família real. E disse que teve de aprender no Google as regras de etiqueta, revelando que não houve ninguém para ensiná-la os protocolos reais.

Meghan imita como fez o gesto de reverência à Soberana, comparando o jantar no castelo da Rainha com a rede de restaurante-show norte-americana inspirada na idade média Medieval Times, o que foi visto pela realeza como afronta.

No momento em que Meghan faz a classificação pejorativa e repete a reverência de forma exagerada que fez à Rainha, Harry, ao seu lado, está totalmente constrangido e desconfortável com a cena. A imprensa britânica considerou o episódio desrespeitoso com a memória da Rainha Elizabeth II, sobretudo por ocorrer poucos meses após sua morte.

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Os três primeiros episódios ainda lembram como o pai de Meghan e sua meia-irmã se beneficiaram de sua fama para ganhar dinheiro da mídia inglesa vendendo fotos e entrevistas. E também conta por que Meghan desconvidou sua sobrinha de seu casamento e por que o pai também não esteve presente.

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Se Harry e Meghan afirmaram categoricamente ficar longe da mídia quando deixaram Londres rumo aos Estados Unidos, pelo jeito tomaram o rumo errado, desde quando concederam a polêmica entrevista a Oprah Winfrey na qual contaram que um membro da família real queria saber de qual cor seria o filho do casal — o nome do membro permanece não revelado.

Agora, com este documentário de fim de ano sobre suas vidas, o casal só desperta ainda mais o interesse da imprensa por suas vidas, dando munição sobretudo aos detratores, tal qual aconteceu com Diana após a bombástica entrevista à BBC, ainda mais por ocorrer no período de luto pela morte de Elizabeth II e em momento de grande crise para o Reino Unido, com um Rei Charles III pouco admirado por seus súditos.

Pelo jeito, apesar de no discurso detestarem a imprensa, na prática, Harry e Meghan estão longe de querer sair dos holofotes, sendo esta a grande e profunda contradição do casal.

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Jornalista cultural influente e respeitado no Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Prêmio Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil de Curtas. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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