CineOP reúne 20 mil pessoas em Ouro Preto na 17ª edição
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
ENVIADO ESPECIAL A OURO PRETO – Foram mais de 20 mil pessoas em contato com o melhor do audiovisual brasileiro em uma perspectiva de preservação histórica de nossa sétima arte. O número potente é da 17ª edição da CineOP Mostra de Cinema de Ouro Preto, realizada entre 22 e 27 de junho sob o tema Preservar, Transformar, Persistir.
O Blog do Arcanjo acompanhou de perto o evento da Universo Produção na cidade que é patrimônio histórico da humanidade, tombada pela Unesco. Se o número presencial impressiona, 20 mil, o online foi ainda maior: mais de 40 mil acessos vindos de 38 países, além de alcance nas redes sociais de 2 milhões de pessoas.
E o evento movimentou a economia, sobretudo a local. A Universo Produção contratou mais de 150 empresas mineiras que prestaram serviço para o evento, gerou mais de 1.500 empregos diretos e indiretos. Esta edição da CineOP contou com a cobertura jornalística de 23 veículos de imprensa, representados por 28 jornalistas, entre eles o enviado do Blog do Arcanjo. Foram contratados sete hotéis e pousadas e nove restaurantes, favorecendo a empregabilidade e o desenvolvimento social, humano e econômico.
“Estarmos vivos e reunidos em Ouro Preto na realização da 17ª CineOP, após duas edições online, teve um significado histórico e afetuoso. Vivenciamos momentos marcantes de reflexões, de encontros e reencontros, reafirmamos o compromisso com a salvaguarda do imenso patrimônio audiovisual brasileiro. Abrimos novas janelas de discussões e diálogos entre o audiovisual, a preservação e educação. O evento deu vez e voz aos invisibilizados e ao trabalho de cineastas indígenas – uma experiência impar que mostrou as diversas forças constituintes de uma cinematografia e sua relação política e educativa com o cinema na soma de todos os tempos”, destaca Raquel Hallak, coordenadora geral do evento.
O evento ainda contou com shows de nomes como Marina Sena, Volta Belchior e Potiguara Bardo, entre outros, além do tradicional Cortejo da Arte e da estreante no evento Festa Junina.
Indígeneas são destaque
A 17ª CineOP elegeu os cinemas indígenas como destaque de sua programação e prestou homenagem aos cineastas M`bya Guarani Kuaray Poty (Ariel Ortega) e Pará Yxapy (Patrícia Ferreira) com a entrega do Troféu Vila Rica na abertura do evento, na Praça Tiradentes, cenário emblemático e palco de acontecimentos sociais, culturais e políticos.
Arte por toda parte na cidade histórica de Ouro Preto durante a 17ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto. Foram exibidos 151 filmes (117 curtas, 14 médias e 20 longas-metragens), de oito países (Brasil, Argentina, Bolívia, EUA, Israel, Peru, Rússia, Uruguai) e 21 Estados brasileiros (AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SP). As exibições foram em formato presencial e online, distribuídos em oito mostras: Contemporânea, Homenagem, Preservação, Histórica, Educação, Mostrinha e Cine-Escola. Os filmes cobrem um período de mais de 100 anos, com produções desde 1921 até 2022.
A Temática Histórica enfocou “Cinemas Indígenas: Memórias em Transmissão” e reuniu uma seleção de 35 filmes de 17 povos originários e suas relações com a cultura, a espiritualidade e com a política. Promoveu três rodas de conversa com a participação de cineastas indígenas e fez um convite a investigar a história de imagens e sons produzidos sobre os diferentes povos indígenas e a urgência em dar valor histórico e patrimonial a estes filmes.
Na Temática Preservação, o foco foi, “Memória Audiovisual Brasileira: Resistência e Resiliência no Tempo” um chamado a refletir para o histórico problema da falta de políticas públicas de preservação audiovisual ao longo do tempo e a constante preocupação com a manutenção de registros, amplificada para a efervescência tecnológica e a fragilidade de arquivos digitais.
Atividades educativas
Já a Temática Educação propôs como tema “Cinemas e Educações: diálogos”, com a ideia de pensar que outras relações são possíveis entre cinemas e educações incluindo seus processos de formação e como são experimentados por diferentes povos. Foram apresentados 19 projetos audiovisuais educativos e 31 filmes integraram a Mostra Educação.
Ao todo 96 convidados estiveram no centro de 24 debates e rodas de conversa e participaram do 17º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e do Encontro da Educação: XIV Fórum da Rede Kino e mais de 200 profissionais participaram atividade destes dois encontros anuais. A CineOP, mais uma vez, tornou-se palco de discussões e decisões do setor da preservação, que clama por atenção e políticas públicas num mundo hiperacelerado e tecnológico, que muitas vezes se esquece ou negligencia sua própria história.
No Programa de Formação, foram realizadas cinco oficinas com a oferta de 135 vagas, um workshop e cinco masterclasses internacionais ministradas por Mela Marquez (Bolívia); Miguel Hilari (Bolívia), Teresa Castilho (Peru); Aldana Loiseau (Argentina) e Perla Rodriguez (México), oferecendo espaço de troca de conhecimentos e experiências, intercâmbio de ideias e capacitação.
Entender o audiovisual como janela sobre as relações sociais do mundo e ferramenta multidisciplinar na sala de aula foram as diretrizes que nortearam a realização do programa Cine-Expressão – a escola vai ao cinema que apresentou uma seleção de 16 filmes brasileiros, agrupados por faixa etária a partir de 5 anos de idade e exibidos em sete sessões de cinema beneficiando mais de 2000 alunos da rede pública de ensino de Ouro Preto e distritos.
Crianças e Festa Junina
Cinema para toda família com a realização da Mostrinha de Cinema que ofereceu uma sessão de especial de filme, com distribuição de pipoca e show de mágica.
Uma das novidades desta edição foi a realização da Festa Junina da CineOP que integrou a programação da Mostra Valores e atraiu a participação das comunidades e turistas de Ouro Preto que assistiram às apresentações das quadrilhas, show de forró e deliciaram com as barraquinhas de comes e bebes com vendas que beneficiaram três instituições sociais de Ouro Preto – a Escola Municipal Padre Carmélio Augusto Teixeira, o Núcleo de Apoio à Vida de Ouro Preto (NAVIOP) e a Associação Comunitária dos Deficientes de Ouro Preto.
“Tudo isto torna-se possível porque contamos com participação de profissionais do audiovisual, da preservação e da educação, do trabalho coletivo realizado por equipe dedicada e competente, com o apoio da Prefeitura de Ouro Preto, da UFOP, com a presença do público e com o patrocínio e parceria de empresas e instituições que renovam o compromisso com a cultura, com o patrimônio audiovisual brasileiro e somam esforços para a viabilização desta edição que marca o retorno da CineOP ao cenário patrimônio mundial da humanidade”, conclui Raquel Hallak, diretora do evento.
*O Blog do Arcanjo viajou a convite da CineOP. Colaborou David Godoi.
Veja cobertura completa do Blog do Arcanjo na CineOP
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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Foi eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se por três vezes. Recebeu a Medalha Mário de Andrade, maior honraria nas letras do Governo do Estado de São Paulo. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. É presidente do júri do Prêmio Arcanjo e integra o júri do Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Recebeu ainda o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil e Prêmio Leda Maria Martins.
Foto: Edson Lopes Jr.
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