A edição que celebrou os 10 anos da mostra de artes cênicas Tiradentes em Cena foi marcada pela emoção do reencontro com o público e a comemoração de dez anos da força do teatro na mais charmosa cidade histórica mineira, recentemente eleita “a mais bonita cidade do Brasil” pela revista norte-americana Departures.
E parte dessa beleza, além do casario colonial aos pés da imponente Serra São José, se dá por conta da vocação cultural tricentenária da terra do herói da Inconfidência Mineira, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Sob direção geral e idealização de Aline Garcia, após hiato de dois anos sem edição presencial, mas ativa no formato digital, o evento reuniu de 25 a 28 de maio de 2022 dezenas de artistas e milhares de pessoas na pacata Tiradentes, cidade com menos de 10 mil habitantes.
Gente que apreciou uma programação repleta de diversidade e delicadeza teatral, com peças encenadas ao ar livre e também em espaços fechados, como o Centro Cultural Yves Alves e a sede do Campus Cultural UFMG em Tiradentes, além de alternativos, como os bares Cultivo e Plano B.
Para além dos espetáculos, a programação contou ainda com oficinas, rodas de conversa e exposições, sendo uma delas sobre a história do evento, que coleciona participação de nomes como Bibi Ferreira, Zezé Motta, Elisa Lucinda, Matheus Nachtergaele e Teuda Bara, entre outros.
Brilharam nesta edição nomes como a estrela belo-horizontina Inês Peixoto, que envolveu o público em seu solo Órfãs de Dinheiro, ovacionado no Centro Cultural Yves Alves sob direção de Eduardo Moreira, seu colega no Grupo Galpão, e o grupo Teatro da Pedra, de São João Del Rei, com espetáculos repletos de afeto como Partidas.
O evento ainda teve propostas mais experimentais, caso da peça-futurista EspaçoNave, do Corpo Coletivo, de Juiz de Fora, ou a performance Efêmero, com Fabrício Trindade, de Belo Horizonte, que ocupou as ruas tiradentinas com sua cena contestatória em dia de casamento na cidade. O underground ficou por conta de uma visceral Marina Viana, em seu MPB:, uma performance que inundou o bar Plano B com palavras retiradas das pérolas de nosso cancioneiro.
O flerte com a dança também teve seu espaço na programação, seja em Outono, espetáculo da Cia Mineira de Teatro, com os vigorosos Júnio de Carvalho e Priscila Natany, de São João Del Rei, no gramado das Mercês, ou em (in) tensões, com a Cia de Dança do Palácio das Artes, de Belo Horizonte, no Largo das Forras.
Um teatro mais tradicional ocupou a praça central de Tiradentes com a Cia Os Geraldos, de Campinas, em Cordel do Amor Sem Fim, sob direção de Gabriel Villela, com seu já consagrado estilo.
Em diálogo com o barroco, Reza, com a atriz Michelle Ferreira, da Flores de Jorge Cia. Cênica de Belo Horizonte, ressignificou a religiosidade mineira tão presente em Tiradentes. Por fim, a festa dos dez anos se deu nas ruas de Tiradentes, com o desfile da feminista banda Sagrada Profana, com importante recado de respeito à mulher e a seu corpo, seguido do show da Banda Armatrux, com os bonecos-músicos mais fofos do mundo, encantando ao público de bebês até bisavós.
Artistas consagrados como Benvinda Dangelo, Chico Aníbal, Gabriel Eduardo Hernández (Colômbia), Carolina Correa, Palhaço Custelinha, Valentina Heusi, Lucas Alves e Lucas Campos também abrilhantaram a edição com a potência de suas artes.
O Tiradentes em Cena colocou a cidade no mapa de circulação de espetáculos de grandes artistas e grupos. É preciso valorizar a cultura e o teatro como propulsores da economia criativa, movimentando a economia e gerando postos de trabalho. Nos próximos dez anos, queremos crescer ainda mais, apostando na diversidade cênica que já é nossa marca.
Aline Garcia Idealizadora e diretora geral do Tiradentes em Cena
O Blog do Arcanjo acompanhou de perto o Tiradentes em Cena e mostra as imagens de espetáculos e profissionais da cultura marcaram esta edição.