Relacionamento abusivo e machismo são discutidos em Açúcar, Manteiga e Farinha no Festival de Curitiba
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Festival de Curitiba*

Por MARIA POHLER
Colaboração para o Blog do Arcanjo no Festival de Curitiba*
Propositalmente intimista, Açúcar, Manteiga e Farinha” estreou no Festival de Curitiba na quinta-feira (7), no Teatro Projeto Broadway, para um público de 40 pessoas. O espetáculo abordou temas como sonhos e amizade, mas também trouxe assuntos pesados, como relacionamentos abusivos e machismo. Em uma sequência de acontecimentos, a plateia observava a mudança de cenário e o desenrolar da história de Dina e suas amigas garçonetes.
O musical é uma adaptação do livro e do filme Waitress, considerado um sucesso nos Estados Unidos. Aqui não foi diferente, o projeto já conseguiu esgotar os ingressos de todas as seções do texto adaptado e dirigido por Ricardo Bührer. Três mulheres e diversos dilemas: Dina faz deliciosas tortas, mas vive um relacionamento que, diferentemente dos quitutes, não tem nada de bom. Beth é uma mulher mais velha com um marido enfermo, e Leia é uma jovem adulta que nunca teve namorado e lida com problemas de autoestima. Com piadas, efeitos sonoros e trilhas que enfatizavam as mudanças, o público se divertiu e refletiu.
A história começa com Dina descobrindo uma gravidez, ficando triste e aflita com a novidade. Suas amigas tentam consolá-la. Quando o futuro pai chega é possível perceber o motivo do descontentamento. Com comentários machistas e arrogantes, ela pega o dinheiro do trabalho de Dina e demonstra ciúmes de um bebê que ainda nem nasceu. Ainda faz ameaças de agressão física e menospreza a aparência dela.
“A vida já não é amarga o suficiente”, diz Dina ao seu médico. Reflexivo, ele deixou de lado a questão de não comer doce, se rendeu e provou a torta. O envolvimento dos dois, que pareciam ser apenas de paciente e médico, cresce ao longo da peça chegando ao seu clímax quando ambos se beijam em uma cena que fez a plateia vibrar, encerrando assim o primeiro ato.
Se por um lado os relacionamentos são complicados, a amizade das três garçonetes é algo que traz leveza para a história e mostra a força do companheirismo em momentos difíceis. O apoio na gravidez, a ajuda ao encontro que Leia arranja em um aplicativo e a quebra de um cofrinho para ajudar a amiga a se inscrever em um concurso são alguns exemplos do companheirismo vivido entre elas.
O nascimento do bebê é a peça-chave na vida da protagonista, que liberta-se de seu relacionamento abusivo e ganha o restaurante de herança. Com mais uma canção cantada por todo o elenco, a peça parece se encerrar. Entretanto, no final às três mulheres pediram a voz para passar uma importante mensagem final: A cada 2 minutos uma mulher é agredida. Caso saiba de algo, denuncie, ligue 180.
*Reportagem por Maria Pohler estudante de Jornalismo da Universidade Positivo, sob orientação da jornalista e professora Katia Brembatti, em parceria com o Blog do Arcanjo no Festival de Curitiba. Conheça o site UP no Festival.
O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Curitiba.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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