Alê Youssef deixa Secretaria de Cultura de São Paulo após gestão histórica, inclusiva e diversa

Alê Youssef no gabinete do Secretário de Cultura de São Paulo – Foto: Bob Sousa – Blog do Arcanjo

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Alê Youssef deixou nesta quinta (25) o cargo de secretário municipal da Cultura da cidade de São Paulo. Sua gestão frente à pasta fica marcada por um caráter inclusivo, diverso e democrático, com o lema “arte é ocupar” e colocando na cidade a alcunha “São Paulo Capital da Cultura”, com foco na descentralização das artes e protagonismo para as produções artísticas periféricas. O sucesso histórico de sua gestão à frente da Cultura paulistana foi tema inclusive de reportagem no The New York Times.

Alê Youssef pediu demissão ao prefeito Ricardo Nunes (MDB). É a segunda vez que o advogado deixa a pasta, o que já havia feito em março de 2020, quando tornou-se assessor especial do então prefeito Bruno Covas (PSDB) e foi substituído pelo atual diretor do Theatro Municipal, Hugo Possolo, que também colocou o cargo à disposição após a saída de Youssef.

Logo após assumir a pasta pela segunda vez, no começo deste ano com a reeleição de Covas, Youssef anunciou R$ 100 milhões para a cultura paulistana, por meio de editais públicos de ampla concorrência, o que aliviaram o setor em crise pela pandemia e por falta de incentivos do governo federal, de quem Youssef é declarado opositor.

Em 2020, como braço direito de Covas, Youssef atuou de forma intensa na arrecadação de cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade durante o período de quarentena, mobilizando a solidariedade junto a grandes nomes do setor privado.

Alê Youssef durante entrevista a Miguel Arcanjo Prado em seu gabinete na Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo durante o primeiro período à frente da pasta – Foto: Bob Sousa – Blog do Arcanjo

Em 2019, viveu seu melhor ano frente à pasta, com a cultura paulistana como foco de resistência à censura e perseguição no plano nacional. Bastante admirado e articulado junto à classe artística, Youssef esteve à frente da criação de eventos históricos no Theatro Municipal de São Paulo, como o espetáculo de circo negro Prot{Agô}nistas, o show AmarElo de Emicida, a noite com Fernanda Montenegro e o Prêmio Arcanjo de Cultura. Todos estes eventos lotaram o Municipal e foram emblemáticos para a cultura e a defesa de democracia e da liberdade de expressão, reverberando em todo o país e no plano internacional.

Sua gestão ainda abrigou espetáculos que foram perseguidos ou censurados no plano federal, no Festival Verão sem Censura, bem como ainda colocou artistas travestis icônicas no palco do Municipal no show Divinas Divas, entre outras ações emblemáticas que abarcaram a pluralidade da cultura.

Na carta que enviou à equipe para despedir-se, ele declarou que “com a partida do prefeito Bruno Covas, com quem estabelecemos laços de confiança que projetavam o ambiente político necessário”, surgiram “explícitas diferenças e óbvias incompatibilidades”.

Ainda segundo Youssef, “do ponto de vista ideológico com a dificuldade na compreensão do caráter libertário, transformador e independente da cultura”, sentiu “muitas dificuldades para os descongelamentos de verbas em 2021 e barreiras claras para o aumento substancial do orçamento da Secretaria para 2022”.

Alê Youssef – Foto: Bob Sousa – Blog do Arcanjo

Alexandre Youssef é mestre em filosofia política, advogado e fundador do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta.

Ele assumiu pela primeira vez o posto de secretário de Cultura em janeiro de 2019 a convite de Bruno Covas.

Uma de suas primeiras ações foi ser importante articulador junto aos blocos do Carnaval de Rua de São Paulo e sempre defendeu o caráter democrático e plural da festa popular. Ele ainda fundou o movimento Bloco da Cultura, para defender e unir a classe artística diante das perseguições na esfera federal. Por sua passagem à frente da Cultura em São Paulo tornou-se uma das principais lideranças do setor artístico no país.

Veja, abaixo, o vídeo de despedida de Alê Youssef do cargo de secretário Municipal de Cultura de São Paulo:

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Jornalista cultural influente e respeitado no Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Prêmio Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil de Curtas. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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  1. 26/08/2021

    […] depois do pedido de demissão de Alê Youssef da Secretaria de Cultura de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) anunciou Aline Torres como a […]

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