Marjorie Gerardi em Cannes e na Itália: série Sintomas conquista Europa

Por Miguel Arcanjo Prado
@miguel.arcanjo
Fotos Edson Lopes Jr.
A atriz Marjorie Gerardi decidiu se movimentar e criar, no começo da pandemia em 2020, uma série para a web em seu Instagram, Sintomas, para a qual convidou o amigo Augusto Madeira para viver um terapeuta que ouve as questões existenciais de uma atriz durante a quarentena, interpretada por ela.
O trabalho despretensioso cresceu, ganhou novos públicos e atualmente pode ser visto no streaming da Vivo Play, Now (NET), Amazon Prime Vídeo e Looke, além de uma segunda temporada, que acaba de estrear. Mas, fez dois importantes feitos internacionais. A série foi selecionada em dois importantes festivais da Europa. Sintomas concorre no Côte d’Azur WebFest, a extensão de projetos para web do 74º Festival de Cannes, e também foi selecionada pelo Sicily Web Fest, em Sicília, na Itália, que também acontece neste mês de julho.
E ela não para. Marjorie, que esteve na novela Rock Story e na série Se Eu Fechar os Olhos Agora na Globo, ainda pode ser vista na Netflix na série Coisa Mais Linda. A atriz ainda interpretou Heidi na tela da Record na novela Gênesis. Em breve, estará na série À Mesa, no Canal Brasil. Em uma tarde de sol de inverno, Marjorie conversou com o Blog do Arcanjo e posou para o ensaio com o fotógrafo Edson Lopes Jr., realizado no prédio histórico da SP Escola de Teatro, no bairro do Brás, em São Paulo.
Leia com toda a calma do mundo.

Miguel Arcanjo Prado – Como é concorrer em festivais na Itália e na França com sua série Sintomas?
Marjorie Gerardi – Essa série só nos trouxe felicidades. Sintomas foi selecionada para dois grandes festivais internacionais: Sicily Web Fest, que é um dos maiores festivais de web do mundo e fica na Sicília, Itália. Essa premiação vai acontecer no dia 16 de Julho. E está também no grande Côte d’Azur WebFest, que é a extensão do Festival de Cannes para web, nada mais incrível poderia nos acontecer e a premiação deste vai acontecer nesta quarta (7). Estamos ansiosos, mas a nossa grande comemoração mesmo, foram as seleções para estes festivais, que já são lindos prêmios.

Quem não surtou um pouco na quarentena?”
Marjorie Gerardi, atriz e criadora da série Sintomas
Miguel Arcanjo Prado – Qual foi a importância de fazer este trabalho, Sintomas, em 2020 para você?
Marjorie Gerardi – Eu realmente escrevi essa série porque minha terapeuta holística me falou para escrever algo e realizar, a voz dela ressoou tão forte dentro de mim que, no dia seguinte a ideia já estava pronta na minha cabeça. Foi tão importante roteirizar e realizar essa série em maio e junho de 2020, como está sendo agora dar continuidade ao projeto por conta do sucesso, um ano depois. Na época eu fiz porque o setor do audiovisual estava parado, fiz porque os teatros estavam fechados, fiz porque a minha cabeça não parou, fiz porque tive muito tempo livre, tempo de escrever, filmar e montar. Na época, quando terminamos a primeira temporada, não me passava na cabeça fazer uma segunda. Hoje, eu estou fazendo a segunda temporada porque a pandemia não acabou e os sintomas da pandemia só evoluíram. Achei um bom mote. Afinal, quem não surtou um pouco na quarentena?

Marjorie Gerardi – Você está em Gênesis, na Record. Como foi a experiência de fazer esta novela?
Marjorie Gerardi – Eu fui muito feliz filmando a novela Gênesis, aprendi bastante sobre esse primeiro livro da Bíblia, conheci pessoas legais e interessantes, desfrutei de momentos lindos nas viagens com nosso núcleo e abri novas portas na minha carreira. Contamos a história da Arca de Noé, que é a primeira fase da novela, passamos 5 meses filmando, locações lindas e estúdios com a remontagem da arca era realmente impressionante. Fiz parte de uma superprodução, tudo impecável. Só guardo boas recordações. A minha personagem Heide, é uma mulher forte e corajosa, amei dar corpo a ela. O meu parceiro de cena, Augusto Caliman, me ajudou muito. Repito: foi uma delícia filmar.

Miguel Arcanjo Prado – Você chegou a gravar na pandemia?
Marjorie Gerardi – Me sinto sortuda quando penso que terminamos nossas gravações em março de 2020, não existia o terror da Covid-19 instalado no SET. Fizemos a cena da invasão da Arca com muitos figurantes, as trocas de cena não tinham as dificuldades que encontramos hoje, não tínhamos o medo de morrer dessa doença. Hoje, quando vou para um set de filmagem, fico super paranoica, com medo de pegar, passo álcool nas mãos a todo momento e fico com a máscara até falarem “ação” . Tenho amigos que ainda estão filmando a novela, atrasou muito e tiveram muitas adaptações de cenas por conta da pandemia. Triste, mas sempre temos que nos adaptar e resistir para conseguirmos dar continuidade na vida e trabalho. Quem não teve que se reinventar ou se adaptar ao novo normal na pandemia?

Miguel Arcanjo Prado – Você vai protagonizar o filme Sophia. Quem é essa personagem? Já pode adiantar algo sobre a estreia?
Marjorie Gerardi – Por conta da pandemia, a estreia do filme atrasou bastante, uma pena. Eu falei recentemente com o diretor Rafael Santin, e ele me disse que esse ano vão finalizar o último tratamento para de fato estrearmos. Sophia é a minha primeira protagonista no cinema, estou de cabelo curtinho, corte chanel e liso. Personagem ardilosa, uma história de vingança dessas que você sente o sabor, junto com a personagem, de justiça com as próprias mãos.

Miguel Arcanjo Prado – Você tem algum projeto engatado para este segundo semestre?
Marjorie Gerardi – Eu acabei de filmar uma série para o Canal Brasil, À Mesa, direção de Rossana Foglia e Rubens Rewald. Sou protagonista do episódio junto com o ator Marcos Suchara. O tema principal da série é “à mesa”, as diversas histórias que acontecem ao redor dela. Nosso episódio se chama Francês Cinco Estrelas. Estou super curiosa pra ver. Silmara, minha personagem é simples e ao mesmo tempo super agilizada, sorriso no rosto, e ela vai enfrentar um problema que muitas mulheres enfrentam. Sem mais spoiler [risos]. Estou louca para saber como o público vai receber essa série. Eu gostei muito de filmar, mesmo sendo na pandemia, com todos os protocolos.

Streaming é o formato do momento.”
Marjorie Gerardi, atriz e criadora da série Sintomas
Miguel Arcanjo Prado – Você tem vontade de fazer mais séries por streaming?
Marjorie Gerardi – Estou no streaming com Coisa Mais Linda na Netflix. Eu realmente adoro filmar séries. É um formato que me agrada muito, temos mais chances de desenvolver as personagens por ser grande, porém nem tanto, sabendo do início ao fim o que vai acontecer. Isso às vezes tem muitas vantagens. As nuances podem ser estrategicamente colocadas nos desenhos da personagem por cada episódio, é muito gostoso de fazer. Streaming é o formato do momento em que estamos vivendo e há uma grande aceitação pelo público, que consegue ver na hora que pode e também pode escolher o que quer ver. Adoro séries, tanto de filmar como de assistir.

Miguel Arcanjo Prado – Falando nisso, que tal indicar um livro, um disco, um filme e uma série que você gostou nos últimos tempos?
Marjorie Gerardi – Eu amo ler, acho que é um dos melhores exercícios para atuação. Trabalha o conhecimento, a história, a imaginação e mergulha fundo para conhecer universos diferentes dos seus, nada mais rico para um ator ou uma atriz. Vou indicar uma super volta aos grandes clássicos, trilogia tebana de Sófocles: Édipo Rei, Édipo em Colono e Antígona. Aí depois de você se deliciar na trajetória das palavras trágicas de Sófocles, você vai ter a estranha sensação que quase todo o resto que você leu bebeu de lá. Agora uma leitura contemporânea para você não desgrudar os olhos dos livros: a tetralogia napolitana de Elena Ferrante: A Amiga Genial, A História do Novo Sobrenome, História de Quem Foge e de Quem Fica e História da Menina Perdida. Não sei dizer o quanto amei essa aventura. Falando de música, um não, Miguel, me desculpa, mas vou escolher dois discos que nunca vou parar de escutar: Maravilhas Contemporâneas, de Luiz Melodia, e Cinema Transcendental, de Caetano Veloso. Agora, falando de cinema, o último filme que vi e que realmente mexeu comigo foi Better Days, filme chinês produzido em Hong Kong que concorreu ao Oscar como melhor filme estrangeiro. Genial, simplesmente genial. Já série vou indicar a segunda temporada de Sintomas [risos].
Agradecimentos:
SP Escola de Teatro, locação @escoladeteatro
Cholet, look @choletoficial
Bianca Falletti, maquiagem @bifalletti
Aryane Faria, assessoria @aryconexoes
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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