Maria Padilha flerta com a loucura para celebrar 40 anos de carreira

A atriz Maria Padilha está no monólogo “Diários do Abismo”, com o qual celebra 40 anos de carreira – Foto: Fernando Young/Divulgação – Blog do Arcanjo – UOL
Com mais de 30 trabalhos na televisão, onde fez personagens marcantes como a Dinorá de “O Cravo e a Rosa” e a Stela de “Anjo Mau”, a atriz carioca Maria Padilha celebra seus 40 anos de carreira nos palcos, onde já atuou em mais de 25 montagens.
Aos 58 anos de idade, ela encara seu primeiro monólogo, a peça “Diários do Abismo”. A obra estreia em São Paulo nesta sexta (15) no Sesc 24 de Maio, na República.
O texto original “Hospício de Deus”, de Maura Lopes Cançado, autora mineira diagnosticada com esquizofrenia e que escreveu a obra enquanto estava internada, foi adaptado para os palcos por Pedro Brício sob direção de Sergio Módena.
A curta temporada vai até 7 de abril, com sessões de quinta a sábado, 21h, e domingo, 18h, e ingresso a R$ 40 a inteira.

A atriz Maria Padilha estreia monólogo “Diários do Abismo”, com o qual celebra 40 anos de carreira – Foto: Fernando Young/Divulgação – Blog do Arcanjo – UOL
Maria Padilha revela que foi um amigo que originou a ideia do espetáculo: “Ganhei o livro de presente do Ney Latorraca, que disse: aqui tem uma grande personagem”, conta. E foi isso que a atriz constatou durante a ávida leitura.
O diretor da peça também confirma a intensidade do texto: “O que Maura escreve sobre a natureza humana, loucura, sanidade e religiosidade impressiona pela assustadora lucidez com que aborda os temas”, afirma Módena.
O time criativo ainda é composto por André Cortez, responsável pela cenografia; Marcelo Pies, pelo figurino; Marcelo H, pela trilha; e Paulo César Medeiros, que criou a luz.
Quem foi Maura Lopes Cançado?
Filha de uma tradicional família de Minas Gerais nascida em 1929 em São Gonçalo do Abaeté, aos 7 anos de idade Maura Lopes Cançado já criava personagens em sua cabeça. Foi nesta época que os ataques epiléticos começaram.
Diagnosticada como psicótica, passou por diversos sanatórios e clínicas psiquiátricas. Em seu diário contava fatos determinantes de sua vida antes e durante sua internação, denunciando os terríveis métodos de tratamento praticados.
Estreou em 1959 como escritora no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil. Em 1965 foi publicado “Hospício é Deus”. Em 1968, “O Sofredor do Ver”. Os títulos foram reeditados pela editora Autêntica em 2015.
Teve seu nome maculado na história da literatura ao matar por estrangulamento uma interna grávida. Após o episódio, Maura parou de escrever e foi esquecida por formadores de opinião e escritores. Solta em 1980, ainda passou por outras clínicas nos últimos anos de sua vida. Morreu em 19 de dezembro de 1993, no Rio, vítima de um infarto.