★★★★ Crítica: Manifesto Transpofágico tem Renata Carvalho em solo veemente no Festival de Curitiba

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Festival de Curitiba*
★★★★
MANIFESTO TRANSPOFÁGICO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Apenas mais um corpo no mundo, como tantos outros que nele habitam. Por acaso, corpo travesti, cuja urgência é ser parte do todo da sociedade. Esta mensagem está no bojo do solo Manifesto Transpofágico, de Renata Carvalho, artista que já escreveu seu nome na história do teatro brasileiro desde que fez a polêmica peça O Evangelho Segundo Jesus – Rainha do Céu, da britânica Jo Clifford. A obra dirigida por Luiz Fernando Marques apresentou duas sessões com sucesso no 32º Festival de Curitiba. Acolhido no intimista e histórico Teatro Paiol, o espetáculo tocou profundo os corações dos espectadores, que não só conheceram a história travesti no Brasil recente, como também se viram diante de uma conversa mais profunda sobre o tema tão pouco trazido para os seio familiar. E Renata desnuda seus seios, parte do corpo que a torna mais vaidosa, como ela mesma confessa, para dizer, professoralmente, suas ideias, como representante de uma parcela posta à margem pela sociedade. Dividida em dois momentos distintos, que lembram uma palestra seguida da participação do público, a peça, mais do que uma simples experiência estética, torna-se um lugar de aprendizado. Aprendizado este que nem sempre é confortável — no Festival de Curitiba houve um embate entre Renata e um espectador ator homem cis, que revelou interpretar uma personagem travesti, o que desenrolou uma explicação da atriz contra a prática do transfake, que tira espaço de artistas trans e travestis no campo da representação; e ainda houve outro espectador, também homem cis, que, quando Renata o perguntou se era “o travesti” ou “a travesti”, ele respondeu “o travesti”, gerando também uma necessidade de explicação de que elas precisam ser tratadas no feminino, até que o mesmo dissesse “a travesti”. Situações como essas só reforçam a importância dessa obra. Peça que já passou por nove países, Manifesto Transpofágico remexe em tabus não só da sociedade, mas da própria classe teatral, tornando-se um recado veemente. Mesmo que, por certos momentos, seja também desconfortante.
★★★★
MANIFESTO TRANSPOFÁGICO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
*O jornalista e critico Miguel Arcanjo Prado viaja a convite do Festival de Curitiba.
Manifesto Transpofágico: Renata Carvalho recebe Blog do Arcanjo nos bastidores de seu solo no Festival de Curitiba, em fotos exclusivas de Annelize Tozetto











Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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