Alejandro Melero fala do sucesso de Nosso Irmão: ‘Seria um sonho morar no Brasil uma temporada’, diz escritor espanhol

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Alejandro Melero colhe os frutos do sucesso de seu drama Nosso Irmão no Brasil, uma década depois de sua estreia em Madrid. O escritor espanhol trabalha pela segunda vez com o produtor teatral e ator Bruno Ferian, que também montou sua peça Clímax em São Paulo. Após temporada de sucesso no Tucarena, na capital paulista (leia a crítica da peça), o espetáculo dirigido por Dan Rosseto com Bruno Ferian, Regiane Alves e Marina Elias segue em turnê por cidades do interior de São Paulo e outras capitais brasileiras. Professor do Departamento de Comunicação da Universidade Carlos III de Madrid, Melero é ainda especialista em história do cinema LGBT espanhol e teve peças encenadas em países como EUA, Perú, Uruguai, Argentina e Portugal, além do Brasil. É também autor dos romances La luz de Mis Días e El Secreto de la Hierba. Ele conversou com exclusividade com o Blog do Arcanjo. Leia a entrevista.

Miguel Arcanjo Prado – O que te levou a escrever Nosso Irmão?
Alejandro Melero – Já se passaram mais de dez anos desde que escrevi Nosso Irmão. Então, é quase como se eu fosse outra pessoa. Por isso, é difícil dizer na perspectiva de hoje, 2024, como me relacionei com este trabalho naquela época. Foi um trabalho muito importante para mim, porque foi a primeira vez que escrevi sobre histórias próximas da minha família, da minha cidade na Andaluzia, e sobretudo da figura do meu tio António, a quem o trabalho é dedicado e que tem muito a ver com o personagem Jacinto.
Miguel Arcanjo Prado – Como é ter sua obra Nosso Irmão encenada no Brasil e por essa equipe?
Alejandro Melero – Estou apaixonado por essa encenação e equipe no Brasil. O Bruno Ferian é um ator e produtor maravilhoso, já o conhecia de Clímax, outra peça minha que ele produziu em 2018, e posso dizer que ele faz tudo bem. Confio cegamente no que ele faz, porque tem um gosto requintado. Graças a ele, conheci o trabalho da Regiane Alves e da Marina Elias, que são incríveis. Dan Rosseto esteve recentemente em Madrid e não nos vimos por algumas horas, mas espero encontrar minha família brasileira em breve!

Miguel Arcanjo Prado – As relações familiares são um tema inesgotável. Como definiria seu olhar para essa temática em Nosso Irmão?
Alejandro Melero – A família cria dependências e, se você não tiver sorte de sua família ser boa, essas dependências podem ser um inferno. Mas, se tudo funcionar bem, é o pilar mais importante. Em Nosso Irmão, os personagens estão em um ponto de suas vidas em que precisam decidir o quão boas pessoas são para suas famílias, quanta generosidade e perdão estão dispostos a conceder. É um dos maiores dilemas que uma pessoa pode enfrentar.
O teatro é o lugar mais especial para contar histórias.”
Alejandro Melero
escritor espanhol autor da peça Nosso Irmão
Miguel Arcanjo Prado – Você já esteve no Brasil?
Alejandro Melero – Ainda não fui, infelizmente.
Miguel Arcanjo Prado – Você tem vontade de visitar pela primeira vez nosso país?
Alejandro Melero – Estou morrendo de vontade de ir. Estudei português, que é uma das línguas mais bonitas do mundo, e não só gostaria de visitar, mas seria um sonho morar no Brasil por um tempo. Neste momento, a vida em Madrid deixa-me muito preso, mas espero que num futuro próximo conseguir ir. Ver essa montagem tão especial seria o melhor!
Miguel Arcanjo Prado – O que te levou como escritor a aproximar-se da dramaturgia teatral? Por que faz teatro?
Alejandro Melero – O teatro é o lugar mais especial para contar histórias. Gosto de tudo no teatro: dos atores, do trabalho dos diretores, dos músicos e dos técnicos… Gosto do desafio de contar uma história da melhor maneira possível, e o teatro é sempre um enigma, nunca se sabe o que vai funcionar da primeira vez. E permite milagres tão maravilhosos quanto ver sua obra no Brasil anos depois de sua estreia em Madrid.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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