Festival de Curitiba recebe ícone do teatro brasileiro Mário Bortolotto

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Festival de Curitiba
Aos 62 anos, Mário Bortolotto continua sendo uma figura marcante no teatro brasileiro. Após sobreviver a uma tentativa de assalto em 2009, quando levou três tiros, o dramaturgo, ator e diretor mantém sua postura franca e direta. Nesta quarta-feira (2), ele conversou com a imprensa sobre as escolhas para a Mostra Fringe, que celebra os 43 anos de seu grupo, o Cemitério de Automóveis.
Bortolotto explicou que a seleção das quatro peças – Deve ser do Caralho o Carnaval em Bonifácio, Notícias de Naufrágios, Whisky e Hambúrguer e Efeito Urtigão – foi pautada por uma questão prática: o orçamento. “Eu precisava de peças que pudessem ser feitas com poucos atores e que os mesmos atores pudessem atuar em mais de uma peça”, revelou, sem rodeios.
Questionado sobre sua forte influência pela dramaturgia norte-americana, Bortolotto não hesitou: “Eu sou roqueiro, gosto de rock. E rock é americano. Eu não gosto muito dos Estados Unidos, mas gosto da cultura deles. É um paradoxo.” A referência à cultura dos Estados Unidos permeia seu trabalho, mas ele reforça que, no teatro underground, ele encontra o espaço ideal para trabalhar de forma radical e sem concessões.
Apesar de ter recebido o Prêmio Shell de Melhor Autor em 2000 por Nossa Vida não Vale um Chevrolet, Bortolotto tem uma visão crítica sobre prêmios. “Depende muito de quem está no júri”, afirmou, ressaltando que há uma década não é indicado a nada. “Eu não faço parte dessa roda de bajulação.”
Gabriela Fortanell, atriz que trabalha com Bortolotto, descreve sua direção como “muito objetiva”, destacando que a principal exigência do diretor é que o texto seja decorado. Para ele, o trabalho no teatro alternativo é o que lhe proporciona satisfação: “Eu sou realizado. ‘Feliz’ é uma palavra pesada.”
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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