★★★★ Crítica: Cabaret Kit Kat Club mostra a força soberana de uma excelente história com elenco talentoso e envolvente
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
CABARET KIT KAT CLUB
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Cabaret é um dos mais profundos musicais de todos os tempos, com sua excelente história dona de força soberana. Afinal, reflete as idiossincrasias da vida artística de modo louvável, tendo como pano de fundo um dos momentos mais terríveis da humanidade, a ascensão do nazismo na Alemanha. Cabaret Kit Kat Club, sob direção de produção de Marilia Toledo, e produção desta ao lado de Kleber Montanheiro e Erica Montanheiro, idealizadores do projeto, se encaixa como luva na direção envolvente e propositiva de Kleber Montanheiro. Ele é nome importantíssimo do mercado teatral e vem fazendo história com sua Cia. da Revista, que produziu excelências como Tatuagem, espetáculo vencedor do Prêmio Arcanjo de Cultura. O artista foi preparado pela própria trajetória para se apropriar como poucos da história da Sally Bowles, uma das mais icônicas protagonistas da história do teatro, defendida agora com garra por Fabi Bang, atriz que esteve no coro da montagem de 2011 com Claudia Raia. Se o público se acostumou a ver Fabi na pele de mocinhas como Ariel, de A Pequena Sereira, Glinda, de Wicked, ou mesmo Cinderella, dessa vez, a atriz surpreende a todos com a versatilidade demonstrada ao abarcar a intensidade que Sally Bowles precisa. Afinal, a persongem costuma deixar marcas indeléveis em cada atriz que a interpreta — Liza Minelli, que fez o lendário filme de Bob Fosse de 1972 sabe disso muito bem. Fabi a abraça, faz uma construção diferente de Liza e brilha sobretudo, no inesquecível e arrepiante solo “A vida é um Cabaret”, no qual transcende como atriz e faz sua mais eloquente cena já vista nos palcos. Fabi consegue atingir uma atmosfera de primor dramático incontestável nesta cena já histórica e merecedora de aplausos de pé. Quem viu sabe do que esse crítico fala. É preciso ainda preciso ressaltar o Emcee intenso do talentoso André Torquato, sempre um ator impecável e um dos maiores talentos masculinos do teatro brasileiro contemporâneo. Ícaro Silva, por sua vez, faz um Clifford Bradshaw mais frágil e desconstruído, sendo a parte mais delicada no triângulo protagonista com seu escritor norte-americano que, em busca da história para seu livro, acaba tornando-se o próprio romance no encontro com Sally em Berlim. Anna Toledo, artista múltipla dos palcos tanto na atuação quanto na dramaturgia, também se destaca como Fräulein Schneider, alemã de meia idade que tem um amor impossível com o judeu Herr Schultz defendido por Eduardo Leão. Outra que faz jus ao merecido destaque é Carla Vazquez, que constrói com a necessária lascividade a inquilina desta, Fräulein Kost, sempre envolta com jovens oficiais sob seus lençóis. Bruno Sigrist, por sua vez, interpreta o militar nazista Ernest Ludwig com uma ligeireza mais típica do humor do que o drama que o personagem pede. É preciso dizer que a grande beleza e força motriz deste espetáculo está no coro, que se espalha por toda a envolvente e imersiva cenografia de Kleber Montanheiro, intensamente vivo e interagindo com o público, com o qual constrói muitas vezes sua própria dramaturgia, que rouba literalmente a cena. Vamos nomear tais artistas potentes: Daniel Caldini, Hipólyto, Nick Vila Maior, Alvinho de Pádua, Ana Araújo, Bruno Albuquerque, Gabriel Malo, Larissa Noel, Mari Saraiva, Maria Clara Manesco, Marisol Marcondes, Moira Osório e Tiago Dias. Com libreto de José Masteroff, Cabaret tem música de John Kander e letras de Fred Ebb. Baseado na peça de teatro de John Van Druten e Christopher Isherwood, esta é uma versão de Mariana Elisabetsky. Ainda estão no time criativo Fernanda Maia na direção musical e regência de orquestra com dez mulheres, coreografias soberbas de Bárbara Guerra e excelente preparo de elenco de Erica Montanheiro. Esbanjando diversidade e competência, o elenco foi escolhido com primazia por Daniela Cury. Gabriele Souza ganha destaque como iluminadora propositiva da nova geração. E o visagismo de Louise Helène está digno de uma produção de moda dos áureos tempos de Vogue, assim como os figurinos de Kleber Montanheiro. Cabaret nos mostra a dureza da vida artística, revelando terríveis bastidores por trás da ribalta. Afinal, se a vida imita a arte e a arte imita a vida, Sally Bowles (ou Fabi Bang?) tem toda a razão ao decretar com suas vísceras: “A vida é um cabaret, meu bem, venha pro cabaret”.
★★★★
CABARET KIT KAT CLUB
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
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Cabaret – Kit Kat Club
ELENCO
André Torquato – Emcee
Fabi Bang – Sally Bowles
Ícaro Silva – Clifford Bradshaw
Anna Toledo – Fräulein Schneider
Bruno Sigrist – Ernst Ludwig
Carla Vazquez – Fräulein Kost
Daniel Caldini – Bobby, Ensemble e cover de Ernst Ludwig
Eduardo Leão – Herr Schultz
Hipólyto – Victor, Ensemble e cover de Clifford Bradshaw
Nick Vila Maior – Max, Oficial da Alfândega e cover de Herr Schultz
Alvinho de Pádua – Ensemble e cover de Emcee
Ana Araújo – Ensemble e cover de Fräulein Schneider
Bruno Albuquerque – Marinheiro 03 e Ensemble Kit Kat Boy
Gabriel Malo – Marinheiro 01 e Ensemble
Larissa Noel – Ensemble
Mari Saraiva – Ensemble
Maria Clara Manesco – Ensemble e cover de Sally Bowles
Marisol Marcondes – Ensemble e segunda cover de Sally Bowles
Moira Osório – Ensemble e cover de Fräulein Kost
Tiago Dias – Marinheiro 02 e Ensemble
CRIATIVOS
Libreto: José Masteroff
Música: John Kander
Letras: Fred Ebb
Baseado na peça de teatro de John Van Druten e Christopher Isherwood
Versão: Mariana Elisabetsky
Direção geral, cenário e figurinos: Kleber Montanheiro
Direção musical: Fernanda Maia
Coreografia: Barbara Guerra
Preparação de elenco: Erica Montanheiro
Diretor musical assistente e preparador vocal: Rafa Miranda
Diretora assistente e diretora residente: Daniela Stirbulov
Diretora assistente: Ana Elisa Mattos
Dance captain: Tiago Dias
Produção de elenco: Daniela Cury
Designer de luz: Gabriele Souza
Sound Designers: João Baracho / Fernando Akio Wada
Sound Designers associados e consultoria: Beatriz Passeti / Zelão Martins / Guilherme Ramos
Visagismo: Louise Helène
Figurinista assistente, gerência de ateliês e chefe de camarim: Marcos Valadão
Assistente de figurinos: Thaís Boneville
Pintura artística de cenário e figurino: Victor Grizzo
Perucaria: Malonna
Criação de Bonecos: Dante
Direção cenotécnica: Evas Carretero
Cenotécnicos: Isaac Tibúrcio e Alício Silva
Production Stage Manager: Rafael Reis
Stage Manager: Juliana Imperial
Stage Managers Assistentes: JV Costa e Wallace Félix
Direção de produção: Marilia Toledo
Coordenação de produção: Patrícia Figueiredo
Produção: Camila Sartorelli, Eddye Vieira e Jota Rafaelli
Produtores associados: Kleber Montanheiro, Marília Toledo e Erica Montanheiro
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Idealização do projeto: Kleber Montanheiro e Erica Montanheiro
Produtora associada: Domínio Público Produções
Idealização: Da Revista Arte e Entretenimento
Realização: Lolita & La Grange Produções Artísticas
TEMPORADA: De 08 de março a 12 de maio de 2024
LOCAL: 033 Rooftop do Teatro Santander (cobertura) – Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041 – Vila Olímpia – São Paulo | Capacidade: 342 lugares
DIAS e HORÁRIOS: Sex às 20h30 | Sáb às 15h e 20h30 | Dom às 15h e 19h30
DURAÇÃO: 2h45 (com 15 minutos de intervalo)
CLASSIFICAÇÃO: 14 anos
INSTAGRAM: @cabaretbrkitkatclub
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Jornalista cultural influente e respeitado no Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Prêmio Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil de Curtas. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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