Mutações inebria e transforma Festival de Curitiba com Luís Melo, Andréia Nhur e Alex Bartelli

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Festival de Curitiba*
Com reportagem de GIOVANNA BOHRER
Estudante de Jornalismo da Universidade Positivo, sob supervisão da professora e jornalista Katia Brembatti
Em um espetáculo que representa as constantes transformações da vida, não é espantoso que o público também saia transformado após a experiência multissensorial do espetáculo “Mutações”, apresentada nesta última sexta-feira (5) no Guairinha. Com direção de André Guerreiro Lopes, a peça, ao longo dos 70 minutos de duração, coloca à prova sua premissa do momento em que se inicia até o final.
Por meio de uma iluminação intimista, o público é atingido pelas palavras que expelem da boca dos atores Luis Melo, Andréia Nhur e Alex Bartelli. É como se a entonação das vozes ultrapassasse a fronteira da audição e instigasse todos os sentidos que o corpo é capaz de experimentar.
Inspirado pela obra milenar da filosofia chinesa “I Ching”, a estrutura narrativa torna-se uma das protagonistas da peça. Monólogos e diálogos sobrepostos, constantemente interrompidos pela iminente escuridão, refletem parábolas taoistas e recorrem ao uso de uma linguagem poética e simbólica na intenção de refletir a condição humana.
De acordo com André Guerreiro Lopes, o espetáculo aborda muito a questão da perspectiva na relação do homem com a natureza. “Tudo depende de como você vê. As coisas vão se alternando, nada é o que é. Tudo está em constante transformação. Se tem uma coisa que não muda é a ideia da mutação, tanto que o I Ching é o livro das mutações, se baseia nessa ideia da observação do homem e da natureza. E isso é a própria vida, o próprio teatro: estar seguro de que nada é permanente”, explica.
Acompanhado da intensidade do texto, está o cenário com referências aos elementos da natureza, em especial, o vento. “Esvoaçante, etéreo e, de certa forma, bruto”. São as palavras usadas pela estudante de artes visuais Gabriela Nascimento para descrever o espaço em que se inserem os personagens. “Os elementos do palco me chamaram muito a atenção, e a maneira com que os atores se movem e contracenam com cadeiras, escadas e tecidos chega a ser hipnotizante”, acrescenta.
A sensação que fica é a impermanência. O desejo pela imobilidade frente a tantas possibilidades de mudança é tentador, mas cai por terra ao entender que esse é o único traço da vida que não muda. O público caminha em direção à porta de saída ciente de sua condição mutável, mas contente por reconhecê-la através de um espetáculo como “Mutações”.






*O jornalista e critico Miguel Arcanjo Prado viaja a convite do Festival de Curitiba.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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