★★★★ Crítica: O Fantasma de Friedrich atesta vigor do teatro musical do Paraná no Festival de Curitiba

O Fantasma de Friedrich – Uma Ópera Punk teve sessões esgotadas no 32º Festival de Curitiba com a Bife Seco © Annelize Tozetto Blog do Arcanjo 2024

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Enviado especial ao Festival de Curitiba*

★★★★
O FANTASMA DE FRIEDRICH
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Apesar de durante muito tempo ter sido visto com olhar de preconceito (ou inveja?) por parte da intelectualidade teatral, o teatro musical brasileiro evoluiu de forma impressionante neste século 21. Este avanço é resultado de uma extrema dedicação de seus profissionais e da forte comunicação que encontraram com o público. Isso colocou o Brasil como terceiro maior produtor de musicais do mundo, o que não fica restrito a São Paulo, a “Broadway Brasileira”, e avança em outras regiões do País, como o Paraná. Prova disso é a superprodução curitibana O Fantasma de Friedrich – Uma Ópera Punk, que fez estreia nacional no 32º Festival de Curitiba com a Companhia Bife Seco, uma das mais tradicionais da cidade e que tem mergulhado nos musicais. Produção original, a obra tem perspicaz dramaturgia e direção geral cuidadosa de Dimis, diretor rebuscado e de sofisticado acabamento estético, que remete a ícones como Bob Wilson e Gerald Thomas. A originalidade está também nas envolventes composições de Enzo Veiga, também diretor musical da montagem — ele fez mestrado em Teatro Musical na New York University, tempo em que trabalhou na off-Broadway, daí a farta experiência demonstrada. O enredo encapa no formato pop do musical um tema inusitado e delicado: a saúde mental, assunto na pauta do dia nesta vida de telas líquidas e velozes. Tudo gira em torno de uma jovem chamada Alana, vivida com doçura e potência por Laura Binder, que está em busca de sua irmã internada em um hospital psiquiátrico. Nesta saga, conta com seu fiel escudeiro, o fofíssimo ursinho Adolfo, um enérgico e divertido Sávio Malheiros, e com o espírito de Friedrich Nietzsche, interpretado pelo versátil Ranieri Gonzalez. O trio de controladoras enfermeiras e os pacientes em crise são um show à parte. Compoem o talentoso elenco Henrique Augusto, Mo Amaral, Laís Cristina, Emanuel Bill, Amanda Nicolau Schubert, Helen Tornina e Filipe Dassie. Já na orquestra ao vivo estão Enzo Veiga, Guga Batera, Duda Cesar e Victor Lehmann. É preciso também elogiar todo o time criativo e técnico, pela abosluta precisão. Este crítico pede licença para deixar uma observação construtiva: uma leve edição na duração da montagem bem como um plus de ensamble nos números musicais deixaria tudo mais dinâmico. No geral, O Fantasma de Friedrich é a prova de que há teatro musical de qualidade fora do eixo São Paulo-Rio. O espetáculo merece ser visto e circular pelo país, não só pela relevância de sua temática, mas pelo talento dos profissionais envolvidos e fino acabamento em quesitos técnicos e artísticos. Só mesmo Curitiba para fazer um musical niilista sobre depressão de um modo tão irreverente e inteligente. A Bife Seco está de parabéns.

★★★★
O FANTASMA DE FRIEDRICH
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Colaborou Maria Eduarda Amatti, estudante de jornalismo da Universidade Positivo, sob orientação da professora e jornalista Katia Brembatti.

*O jornalista e critico Miguel Arcanjo Prado viaja a convite do Festival de Curitiba.

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Blog do Arcanjo mostra imagens de O Fantasma de Friedrich no 32º Festival de Curitiba por Annelize Tozetto

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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