★★★★★ Crítica: O Bem Amado Musicado renova texto lendário de Dias Gomes e se consagra no Festival de Curitiba

Cassio Scapin e elenco de O Bem Amado Musicado foram ovacionados no 31º Festival de Curitiba no Guairão © Blog do Arcanjo 2023 @rafamarques_fotografo para @miguel.arcanjo

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

ENVIADO ESPECIAL AO FESTIVAL DE CURITIBA*

★★★★
O Bem Amado Musicado
Avaliação: Ótimo

O Brasil tem memória curta, sobretudo em relação a seus grandes artistas. Por isso, revisitar um texto escrito em 1962 em 2023 é uma dádiva que deve ser celebrada. Sobretudo se o autor for Dias Gomes, nome fundamental da história de nosso teatro e da nossa televisão, autor de sucessos como O Bem Amado e Roque Santeiro, que marcaram uma geração de artistas e de telespectadores. Aliás, foi o teatro de Dias Gomes quem alimentou a genialidade de sua obra na TV.

Diante disso, merece aplausos efusivos o fato do maior festival de teatro da América Latina, o Festival de Curitiba, com seus 2.000 artistas, 350 peças e 250 mil pessoas de público em 14 dias de festa do teatro, ter escolhido um marco do teatro nacional no centenário de seu autor para ocupar o nobre palco do Teatro Guaíra, o Guairão.

O Bem Amado Musicado, vencedor do Prêmio Arcanjo de Cultura, Prêmio Bibi Ferreira e Prêmio DID, realiza duas disputadas sessões neste palco sagrado para mais de 2.000 pessoas cada uma delas, somando mais de 4.000 espectadores impactados na 31ª edição do Festival de Curitiba com o primoroso texto de Dias Gomes.

Assustadoramente original, o texto é defendido por um elenco aguerrido, que se joga de corpo e alma para conseguir se comunicar energeticamente com a pessoa da última fileira do terceiro andar da plateia.

Com Cassio Scapin e grande elenco, O Bem Amado Musical é ovacionado no 31º Festival de Curitiba no icônico Guairão © Blog do Arcanjo 2023 Rafa Marques para @miguel.arcanjo

Protagonista e elenco talentosos

Encabeçado por Cassio Scapin, ator de alta estirpe e formado por alguns dos maiores mestres que o teatro brasileiro conheceu, ele demonstra em O Bem Amado Musicado ser um herdeiro natural de Paulo Autran, com quem tanto contracenou e aprendeu.

Cassio Scapin é um ator generoso no jogo cênico com seus colegas, com o domínio do tempo do público e que entrega composição irretocável de Odorico Paraguaçu, o prefeito de Sucupira que cujo único desejo político é inaugurar o cemitério da cidade, promessa que o elegeu.

Nos meandros da maracutaia e da pouca-vergonhice diária do poder nacional, e entenda-se poder em todas as suas esferas, o texto apresenta figuras que são o retrato de nossa sociedade.

O talentoso músico e ator Marco França, também responsável por primorosa direção musical, compõe seu jagunço assassino de forma contudente. As irmãs Cajazeiras, vividas pelas espevitadas Rebeca Jamir, dona de belíssima voz e vivacidade cênica única, Luciana Ramanzini, atriz de fartas camadas de composição, e Kátia Daher, atriz de corpo presente e composição suntuosa, são o brilho do espetaculo.

No time masculino do elenco, Eduardo Semerjian, geralmente visto em papéis mais sóbrios, apresenta uma fasceta pouco conhecida do público como o marido abobalhado e traído, demonstrando sua maleabilidade cênica, enquanto que Magno Argolo traz vivacidade ao personagem do jornalista.

Completam o time Ando Camargo, engenhoso como seu padre metido na máfia ardilosa do município, Heitor Garcia, que traz o vigor de sua juventude à cena, e Roquildes Junior, que presenteia a todos com sua adorável malemolência baiana – ouvir um sotaque baiano original faz toda a diferença nesta peça.

Cancioneiro nordestino

Por falar em originalidade, as músicas originais do grande compositor Zeca Baleiro e de Newton Moreno, outro nome importante de nosso teatro, bebem na verve do cancioneiro nordestino e contribuem de forma agradável ao avançar da história. Os músicos em cena Bruno Menegatti e Daniel Warschauer se unem nesta missão ao elenco repleto de virtuoses musicais.

O diretor Ricardo Grasson se destaca ao visitar a obra com respeito e confiança no primor do texto de Dias Gomes, sem necessidade de autoafirmações desnecessárias diante do clássico, criando um típico musical brasileiro.

É preciso ainda dizer que todo este time tem o cuidado do produtor Rodrigo Velloni, nome importante nos bastidores de nossos palcos e que já esteve ao lado de ícones como Vladimir Capella e Jô Soares.

Clássico atemporal

Única montagem teatral de Dias Gomes montada em seu centenário em todo o Brasil, O Bem Amado Musicado prova que autores clássicos são atemporais, colocando novamente o Brasil para refletir diante do espelho criado no palco. Após o Festival de Curitiba, para sorte dos paulistas, o espetáculo prepara nova temporada para o Teatro Faap, a estrear no fim deste primeiro semestre. Porque uma peça de teatro, quando é boa, merece vida longa.

★★★★
O Bem Amado Musicado
Avaliação: Ótimo

Crítica por Miguel Arcanjo Prado

O Bem Amado Musicado: Blog do Arcanjo invade camarim do Guairão no Festival de Curitiba

*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Curitiba.

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★★★★
O Bem Amado Musicado
Avaliação: Ótimo

Crítica por Miguel Arcanjo Prado

O Bem Amado Musicado: Elenco abre o camarim para o Blog do Arcanjo com exclusividade no Festival de Curitiba

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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo PodFoi eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se por três vezes. Recebeu a Medalha Mário de Andrade, maior honraria nas letras do Governo do Estado de São Paulo. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. É presidente do júri do Prêmio Arcanjo e integra o júri do Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Recebeu ainda o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil e Prêmio Leda Maria Martins.
Foto: Edson Lopes Jr.
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