Morre Jô Soares, a inteligência que a TV perdeu
Jô Soares morre aos 84 anos em São Paulo, deixando órfã a cultura brasileira
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
A morte de Jô Soares, aos 84 anos, nesta sexta, 5 de agosto, em São Paulo, deixa um vazio enorme não só na televisão brasileira, como em toda a cultura de um país.
Com sua partida, acordamos todos desconcertados. E ele se vai no mês de agosto, que ele dizia ser cheio de má sorte em seu livro O Homem que Matou Getúlio Vargas. Tinha razão.
Afinal, com Jô Soares, morre a inteligência na TV. O grande humorista, apresentador, entrevistador, ator e diretor de teatro também foi genial na escrita dramatúrgica e literária.
Seus livros, que o credenciaram a ingressar na Academia Brasileira de Letras, são um primor de bom texto, sem jamais abrir mão do entretenimento do seu leitor.
Aliás, Jô Soares sempre manteve um olhar bem humorado para a vida cotidiana e para si mesmo. E generoso, sempre abrindo espaço em seu programa para não só poderosos e famosos, como também para gente simples do povo e artistas do teatro, que sempre foi sua casa — e aqui agradeço publicamente às suas escudeiras junto à imprensa, Célia Forte, Selma Morente e Beth Gallo, que foram fundamentais na minha entrevista exclusiva com ele em 2018 para a TV Bandeirantes, quando também posou para a coluna O Retrato do Bob, do fotógrafo Bob Sousa, para o Blog do Arcanjo.
É preciso também valorizar a iniciativa de Fábio Porchat em homenagear em vida Jô Soares em 2019, na primeira edição do Prêmio do Humor em São Paulo, do qual tenho a honra de ser jurado.
Com formação educacional esplêndida, com direito a colégio interno na Suíça, ele transitou no jet set brasileiro e global, aprendendo tudo tudo de todos.
E isso se cristalizou em um artista perpicaz, dono de carreira com mais de 60 ano de trajetória de luxo e glória, com uma antena ligada ao seu tempo, criador de personagens inesquecíveis e porta-voz da história da Nação no sofá do Jô.
Em seu sofá, cujo formato talk show ele foi pioneiro no Brasil, todos os grandes de seu tempo se sentaram apreensivos por serem entrevistados por Jô Soares, o homem mais inteligente que a TV brasileira conheceu.
Cada um que cruzou com este grande artista pode se considerar um privilegiado.
Homens como Jô Soares não se repetem; com sua morte, ficamos todos sem graça e mais burros.
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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. Mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Ganhou o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Governo do Estado de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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