Morre Luís Gustavo aos 87 anos, o eterno Vavá, Mário Fofoca e Beto Rockfeller
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Morreu neste domingo o ator Luís Gustavo, aos 87 anos, de câncer, em Itatiba, interior de São Paulo. Ele era um dos artistas mais queridos da televisão brasileira.
Segundo a família, não haverá velório e o corpo será cremado nesta segunda (20) às 10h, em cerimônia reservada aos parentes mais próximos.
Na TV, protagonizou a novela Beto Rockfeller em 1968 na extinta TV Tupi, que revolucionou a linguagem folhetinesca no Brasil. O artista estava na Globo desde 1976 e atuou em novelas como Ti Ti Ti e o humorístico Sai de Baixo, na qual deu vida a Vavá, dono de uma agência de viagens no largo do Arouche. Outro trabalho marcante foi como o pai de quatro meninas adolescentes na série Confissões de Adolescente, dirigida por Daniel Filho na TV Cultura na década de 1990, a partir da peça e livro de Maria Mariana dirigida por Domingos de Oliveira.
Luis Gustavo era casado com Cris Botelho, pai de Luis Gustavo Vidal Blanco, fruto de seu relacionamento com Heloísa Vidal, e de Jéssica Vignolli Blanco, fruto de seu casamento com a falecida atriz Desireé Vignolli, avô de Marina Hoagland Blanco Buzzone, e tio de Tato Gabus Mendes e Cássio Gabus Mendes, também atores, estes dois últimos filhos do novelista Cassiano Gabus Mendes.
Nascido em 02 de fevereiro de 1934, em Gotemburgo, na Suécia, de pais espanhóis, Luís Gustavo Blanco chegou ao Brasil ainda criança e adotou São Paulo como o lugar para criar suas raízes.
Mesmo viajando constantemente ao Rio de Janeiro, o ator não se intimidava pela ponte aérea entre as cidades e se considerava um paulista de alma e coração. O ator passou os últimos anos morando em Itatiba, no interior de São Paulo. E foi na capital paulista que gravou um de seus grandes sucessos, o humorístico Sai de Baixo, que marcou época na década de 1990 nas noites de domingo na Globo.
O grande ‘Tatá’, apelido que o acompanhou por toda a vida e como era conhecido entre os mais íntimos, começou a carreira trabalhando durante cinco anos atrás das câmeras, sendo contrarregra, auxiliar de iluminação e cinegrafista.
Mas a vontade de estrear na parte artística falou mais alto. Tornou-se assistente de direção de vários programas, entre eles o teleteatro TV de Vanguarda. Foi lá que, por acaso, fez a sua estreia como ator, na peça Mas Não se Matam Cavalos, de Horace McCoy.
A partir dali, jamais abandonou a interpretação. Sua primeira novela foi Se o Mar Contasse, de Ivani Ribeiro, na TV Tupi, em 1964. Também na emissora, atuou em ‘O Sorriso de Helena’, ‘O Direito de Nascer’, ‘O Amor Tem Cara de Mulher’ e ‘Estrelas no Chão’. Paralelamente ao trabalho na TV, o ator também dava início à sua carreira no teatro.
Em 1967, pela atuação em ‘Quando as Máquinas Param’, de Plínio Marcos, ganhou o prêmio de melhor ator da Associação Paulista de Críticos de Teatro (APCT), que deu origem à APCA. Em 1968, Luis Gustavo participou da criação de um marco da telenovela brasileira, ‘Beto Rockfeller’, momento importante de sua carreira.
O ator também deu vida a outros personagens que caíram no gosto do público, como o costureiro Ariclenes Almeida/Victor Valentin em ‘Ti Ti Ti’, o músico cego Léo em ‘Te Contei?’ e o playboy Ricardo em ‘Anjo Mau’, todas escritas por Cassiano Gabus Mendes.
O personagem mais memorável do ator, no entanto, foi sem sombra de dúvidas o atrapalhado detetive particular Mário Fofoca em ‘Elas por Elas’ também de Cassiano. Depois, Luis Gustavo estrelaria com este mesmo personagem um seriado homônimo e o filme ‘As Aventuras de Mário Fofoca’.
Durante vários anos, Luis Gustavo atuou ainda como Vanderlei Mathias, o Vavá, no programa humorístico dominical da TV Globo ‘Sai de Baixo’. Seus últimos trabalhos na emissora foram ‘Brasil a Bordo’ e ‘Malhação: Vidas Brasileiras’, ambos exibidos em 2018, informou a Globo em comunicado enviado ao Blog do Arcanjo.
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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Foi eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se por três vezes. Recebeu a Medalha Mário de Andrade, maior honraria nas letras do Governo do Estado de São Paulo. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. É presidente do júri do Prêmio Arcanjo e integra o júri do Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Recebeu ainda o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil e Prêmio Leda Maria Martins.
Foto: Edson Lopes Jr.
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