Há preconceito com a palavra macumba, diz cantora Rita Benneditto

A cantora Rita Benneditto em “Tecnomacumba – 15 Anos de Festa e Fé” no Theatro NET SP nesta quarta (18) às 21h – Foto: Thais Gallart/Divulgação – Blog do Arcanjo/UOL

A cantora Rita Benneditto celebra nesta quarta (18) às 21h no Theatro NET São Paulo os 15 anos de seu aclamado show “Tecnomacumba”. O trabalho foi elogiado por gente como Maria Bethânia, Caetano Veloso, Alcione, Beth Carvalho e Ney Matogrosso. Mesmo assim, ainda provoca reações controversas por conta do título.

“Eu fui muito mal entendida por meu show ter no nome a palavra ‘macumba’. Há muito preconceito ainda com essa palavra. Macumba vem da língua africana iorubá, que dá nome a um instrumento que conhecemos como reco-reco, macumba não tem nada a ver com o mal”, explica ao Blog do Arcanjo no UOL.

“As pessoas precisam entender o país e ter mais autoestima e orgulho do que é nosso. A gente acha tudo de fora melhor, porque somos colonizados, mas esquecemos de olhar para nossa história. Não podemos ficar à mercê desse bando de gente da classe política que não tem respeito e amor pelo Brasil”, diz.

Para Benneditto, é importante valorizar a cultura afro-brasileira. “É um show que tem conteúdo. A proposta é despertar a consciência do que é a história do povo brasileiro. A mãe áfrica e os africanos nos deram um grande legado, não só na religiosidade, mas na forma de vestir, falar, comer. Tudo tem o toque do povo africano, tão massacrado. Eles não pediram para vir ao Brasil, vieram escravizados, mas por resistência eles mantiveram sua cultura e transformaram o país naquilo que ele é”, lembra.

“Ao invés de evoluir estamos involuindo. Perdemos a consciência humana. Ainda agredir, invadir e destruir os centros de manifestações afro-brasileiras é um desrespeito a um direito garantido na Constituição de um estado laico, o da liberade religiosa”, discursa.

Rita Benneditto faz o show “Tecnomacumba” – Foto: Thais Gallart/Divulgação – Blog do Arcanjo/UOL

Sobre seu show fazer tanto sucesso entre artistas importantes, ela diz: “Os artistas que me apoiaram e avalizaram este show entenderam que é um espetáculo de resistência e afirmação cultural. Este é meu compromisso”.

A artista maranhense revela ao Blog do Arcanjo no UOL que convidou o artista plástico Fernando Mendonça, que pintará um quadro de São Jorge durante o show desta quarta (18). Mendonça também fez o cenário, que homenageia a cabocla Jurema. “Vamos ter uma bailarina, Kiusam Oliveira, dançando a música ‘É D’Oxum’. Vai ter muito pop, muita macumba para mudar o país com a energia da música”, afirma.

“Os meus fãs não são fãs, são fiéis. Trabalho com a energia da música através da religiosidade não como doutrina ou conversão, mas com o poder que a música tem de transformar as pessoas. Como artista tenho essa missão. Sou mensageira da canção. Quero fazer meu público acreditar que é possível mudar tudo, transformar as coisas, evoluir não através do material, mas através da consciência plena que meus fãs têm”, fala.

Rita Benneditto faz o show “Tecnomacumba” – Foto: Thais Gallart/Divulgação – Blog do Arcanjo/UOL

A artista ainda reforça a qualidade da música maranhense. “Minha terra é muito rica. Só lamento que o mercado cultural fique concentrado no Sudeste. Temos mestres como João do Vale, Alcione, Zeca Baleiro, temos uma nova geração que produz coisas fantásticas, a dupla Criolina, a Flávia Bittencourt. E nos últimos anos o Maranhão conseguiu um respiro histórico daquela opressão oligárquica. Tomara que isso traga mudanças, porque é um Estado muito rico culturalmente. Bahia, Pernambuco e Maranhão formam o triângulo cultural do Nordeste que fortalece o Brasil inteiro”, conclui.

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