Crítica: Comédia “A Banheira” diverte com crítica irônica à homofobia

Reginaldo Faidi, Carol Hubner e Silvio Toledo em “A Banheira”: elenco afinado – Foto: Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

O espetáculo “A Banheira” é daquelas comédias que conseguem fazer o público rir sem perder a inteligência e a sagacidade do texto. E, melhor ainda, sem apelar para preconceitos, muito pelo contrário, debocha dos preconceituosos, os expondo ao ridículo.

O autor e diretor Gugu Keller – que fez uma adaptação da direção original de Alexandre Reinecke – acerta ao investir nas atuações e nas repetições que as entradas e saídas dos atores, ao modo vaudeville. Ele cria cenas que unem simplicidade à diversão em seu encadeamento.

O mote do texto é um marido homofóbico que se vê preso no banheiro de sua casa com sua amante travesti após um assalto. A situação de desespero acaba por revelar bem mais do que todos naquela casa esperam, fazendo desmoronar o conceito de “família tradicional” criado em cima de mentira e hipocrisia.

A integração do elenco no mesmo tempo de comédia é o grande trunfo deste espetáculo. Na sessão vista pelo Blog do Arcanjo do UOL, a sintonia era cativante.

Em “A Banheira”, Silvio Toledo e Carol Hubner formam casal que vive relação cercada de hipocrisia e mentira – Foto: Divulgação

Ator potente, Ailton Guedes fez a travesti com desenvoltura e carisma capaz de hipnotizar e fazer rir qualquer tipo de espectador – até mesmo algum homofóbico desavisado. O papel, que também já foi defendido com competência por Wilson de Santos, agora é vivido por Rodrigo Nascimento.

Técnica e ao mesmo tempo carismática, Carol Hubner acerta na construção de sua mulher dondoca e tão receosa da verdade quanto seu próprio marido, afundada também no mesmo preconceito que ele vocifera, mas que, no fundo, demonstra querer mudança de comportamento.

Silvio Toledo, na pele do marido gay enrustido na prática e homofóbico no discurso, constrói seu personagem de modo abobalhado, expondo, de modo perspicaz, suas fragilidades e incoerências.

Ainda na sessão vista por este crítico, Giovana Dorna, segurou, e muito bem, a melhor amiga da mulher, que acaba tendo papel decisivo na história – a personagem agora é defendida por Mayara Lepre. Dorna estava tão desenvolta e segura que não parecia tratar-se de uma substituição.

Com um pegada de humor popular, Reginaldo Faidi completa o time como o ladrão brucutu que inferniza a todos a cada volta à casa assaltada, fazendo com que tudo desmorone cada vez mais, para satisfação de quem assiste.

Uma das melhores comédias em cartaz, “A Banheira” é garantia de riso inteligente e que questiona o deboche de uma minoria. É um grande acerto.

“A Banheira” * * * *
Avaliação: Muito Bom
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