Transexual pioneira tem história contada em “Joelma”

Fábio Vidal é Joelma em monólogo - Foto: Alessandra Nohvais/Divulgação

Fábio Vidal é Joelma em monólogo – Foto: Alessandra Nohvais/Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

Joelma nasceu há 71 anos em Ipiaú, no interior da Bahia, em um corpo de menino. Mas sempre sentiu que era menina. Diante do preconceito ao redor, foi posta para fora de casa, indo para a cidade grande, onde fez a cirurgia de troca de sexo. No fim da vida, retornou à sua terra. Agora, tem sua vida de transexual pioneira contada na peça “Joelma”, que tem sessões grátis na Caixa Cultural, na Sé, em São Paulo, entre 20 e 29 de maio.

Fábio Vidal, que a interpreta em seu quinto solo, define a vida de Joelma como sendo de afirmação e de reinvenção, diante de tanto “preconceito e injustiça”. Ela já havia sido tema do documentário homônimo de Edson Bastos, que inspirou o espetáculo, que tem como objetivo jogar foco, por meio da personagem, em uma minoria marginalizada e vítima de violência no Brasil.

“Os dados estatísticos de assassinatos de LGBTs no Brasil são alarmantes”, lembra o ator. O país é o que mais mata transexuais e travestis. Segundo a ONG Transgender Europe (TGEU), rede europeia de organizações que apoiam os direitos da população transgênero, foram assassinadas 604 travestis e transexuais no Brasil entre janeiro de 2008 e março de 2014. “Ela são vitimadas pela intolerância e por motivos mais banais possíveis, e, em muitos casos, com requintes de crueldade”, denuncia o artista.

Joelma conta vida de transexual pioneira - Foto: Alessandra Nohvais/Divulgação

Joelma conta vida de transexual pioneira – Foto: Alessandra Nohvais/Divulgação

Mesmo diante de tanto horror, Vidal afirma que houve avanços nos últimos 20 anos nesta área, sobretudo por conta de leis e políticas relativas aos direitos humanos, “mas ainda estamos longe de apresentar uma realidade justa e digna relacionada às mulheres pobres, LGBTs e negros”.

Ele lamenta que ainda haja quem enxergue a transexualidade como “uma patologia ou um desvio”, sobretudo por conta de “argumentações religiosas” de gente que pretende “estabelecer um padrão ‘adequado’ do que seja um comportamento ‘aceitável'”, fala Vidal, que já apresentou a peça em Brasília, Fortaleza e Goiânia e faz turnê europeia a partir de outubro, com sessões na Alemanha, Espanha e Portugal.

Para o artista, no Brasil, “ainda prevalece a máxima-modelo: o macho adulto branco sempre no comando”. Por isso, aposta nesta peça para apresentar uma figura diferente para muitos, levando o público a conviver e respeitar a diversidade.

“Em nosso país do Carnaval e da ignorância, somos marcados por um grau de intolerância que precisa ser combatido. Precisamos respeitar o outro. Parafraseando uma fala do espetáculo: ‘Não importa como cada um nasce, tem que se respeitar o que se é'”, diz.

“Joelma”
Quando: 20 a 29/5/2016, sexta a domingo, 19h15. 75 min.
Onde: Caixa Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111, Centro, São Paulo, tel. 11 3321-4400
Quanto: Grátis
Classificação etária: 14 anos

Performance “Joelma Circula”
Quando: 19/5/2016, quinta, das 16h30 às 18h
Onde: Praça da Sé, São Paulo
Quanto: Grátis
Classificação etária: Livre

Projeção do curta-metragem “Joelma”
Quando: 27/5/2016, sexta, às 15h
Onde: Caixa Cultural São Paulo
Quanto: Grátis
Classificação etária: Livre

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