Cauby Peixoto só aceitava ser o melhor, e foi

Cauby Peixoto (1931-2016) - Foto: Divulgação

Cauby Peixoto (1931-2016) – Foto: Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

A segunda-feira amanheceu triste com a notícia da morte do cantor Cauby Peixoto, na noite deste domingo (15), aos 85 anos, vítima de uma pneumonia. O palco fica escuro e mudo, sem sua voz potente, o brilho de seu figurino e a imponência de sua presença única.

A última vez que este colunista entrevistou Cauby foi há quase seis anos. Ele estava com 79 anos, naquele encontro no camarim do Auditório Simon Bolívar do Memorial da América Latina, o que pegou fogo em 2013. A seu lado, estava a fã que virou sua empresária, Nancy Lara, sempre atenta e seu braço direito nos últimos anos.

Cauby estava bem humorado e empolgado com seu show de então, “Cauby in Concert”, com grandes sucessos da carreira. Na época, também fazia shows no Bar Brahma, às segundas, temporada sempre lotada por quase uma década no tradicional bar da esquina de avenidas Ipiranga e São João. Falou que era emocionante ser uma das estrelas de um lugar tão tradicional, que o fazia lembrar dos tempos de crooner na juventude.

Aliás, sempre que subia no palco, Cauby exalava juventude e frescor. O cantor exerceu fascínio nos fãs até os últimos dias. Onde estivesse, era sempre paparicado e requisitado para tirar muitas fotos, para as quais posava com prazer. Sempre tratou seus fãs com respeito e carinho.

Fãs rasgavam roupas

Se na juventude as fãs rasgavam suas roupas, na terceira idade, apesar de mais centradas, as fãs (e os fãs também) não deixavam de ter um ou outro faniquito diante da presença do ídolo, como observou este colunista algumas vezes. Voltavam a ser aquelas meninas dos auditórios das rádios no encontro com o artista. E os mais jovens também seguiam no mesmo comportamento. Porque, para ser fã de Cauby, não há limite de idade.

Um dos maiores amores de Cauby Peixoto foi Frank Sinatra, seu ídolo dos tempos de menino. Dizia que “repetia tudo como papagaio”, lembrando que não sabia falar inglês quando começou a cantar no idioma para copiar o lendário cantor. O ardor por Sinatra o levou até os Estados Unidos, onde morou e fez sucesso, além de aprender o idioma.

Cauby cuidava de sua voz com fervor. Sabia que era seu instrumento de trabalho, seu tesouro. Sempre falou num tom baixo, não abusou de bebidas ou do cigarro, mantendo a joia presente em sua garganta até o fim da vida.

Naquele último encontro, quando este colunista o questionou como gostaria de ser lembrado, Cauby respondeu de pronto: “Eu quero que as pessoas digam que eu fui bom”. Cauby, pode partir despreocupado, porque por aqui, nós que ficamos, sempre vamos proclamar: Cauby Peixoto foi mais do que bom, foi excelente e inigualável.

Please follow and like us: