Com 90 anos, Berta Loran lança biografia para “não ser esquecida”
Por Miguel Arcanjo Prado
Aos 90 anos, Berta Loran achou que era hora de fazer um livro contando sua trajetória. Há tempos vinha com isso na cabeça, mas a insistência maior foi de seu amigo jornalista João Luiz Azevedo, a quem incumbiu a tarefa.
“A gente sozinha não consegue escrever, tem de ter alguém pra gravar, trocar ideias”, explica a atriz, em entrevista ao UOL. “Berta Loran, 90 Anos de Humor” é lançado em São Paulo no fim da tarde e começo de noite desta quinta (5), no Theatro NET São Paulo, onde Berta e Azevedo autografam os exemplares.
“Lançar uma biografia é um jeito de não ser esquecida. O livro foi feito de forma independente e ainda não está nas livrarias. Eu falo para o João: ‘bota nas livrarias’, mas ele me diz que assim nós vamos ganhar menos. Eu falei que não quero dinheiro nenhum. Quero é que minha história seja contada”, afirma.
Autor teve liberdade
Berta conta que deu toda a liberdade ao autor, inclusive para colher os depoimentos sobre ela. Ao todo, foram 122 nomes, entre eles Boni, Jô Soares e Mauricio Sherman. “O Boni, o Jô, o Sherman, tudo bem, mas tem gente que nem conheço falando de mim no livro”, diz, com a sinceridade de uma nonagenária.
Mesmo há mais de dez anos aposentada pela TV Globo, diz que o povo sempre lhe aborda nas ruas. “O povo me adora, sou muito acarinhada quando saio de casa, afinal, tenho 75 anos de teatro e de televisão”, fala, orgulhosa.
Tanta história rendeu várias imagens. Cerca de 200 fotos recheiam as 216 páginas do livro. Mesmo com uma obra tão robusta, Berta diz que não ficou de todo contente com o resultado final. “A gente escreveu rápido demais, teve algumas coisas que não gostei, mas deixa pra lá… mas sei que está agradando muito, é porque sou muito querida. Você viu outro dia quando fui no ‘Programa do Jô’? Fiz todo mundo rir”, recorda.
Sobre Jô Soares, diz que é como se fosse da família. “Trabalhei com o Jô por 17 anos, foram tantos programas juntos… Sempre que ele me vê, ele adora”, fala. O mesmo carinho guarda do mestre Chico Anysio, com quem trabalhou na lendária “Escolinha do Professor Raimundo”: “Fizemos juntos um capítulo muito importante da história do humor brasileiro”.
Outro orgulho da atriz, nascida na Polônia e que imigrou para o Brasil com 11 anos com a família judia (seu nome real é Basza Ajs), foi ter a apresentação de seu livro escrita pela contemporânea Bibi Ferreira. Diz que está satisfeita com a vida que conseguiu ter.
“Pode colocar aí: sou uma mulher bastante realizada e bastante feliz. Fiquei 45 anos na Globo, até que fui aposentada há dez anos. E saí muito querida, tanto que vivem me chamando para fazer participações. Hoje, ganho para ficar em casa. Afinal, em uma empresa com 15 mil funcionários a gente tem de ser diplomática, né? Sempre que trabalhei tratei a todos como amigos”, finaliza.