“Chega de engavetar”, diz André Masseno de O Confete da Índia no Festival de Curitiba

André Masseno, performer do espetáculo O Confete da Índia, no 25º Festival de Teatro de Curitiba - Foto: Annelize Tozetto/Clix

André Masseno, performer do espetáculo O Confete da Índia, no 25º Festival de Teatro de Curitiba – Foto: Annelize Tozetto/Clix

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Enviado especial a Curitiba*
Fotos ANNELIZE TOZETTO e LINA SUMIZONO/Clix

Enquanto toma um café no Solar do Rosário, no centro histórico curitibano, André Masseno, performer carioca radicado na Alemanha e criador do espetáculo O Confete da Índia, confessa estar feliz com a abertura que o 25º Festival de Teatro de Curitiba deu a outras formas de expressão das artes cênicas em sua programação da Mostra Oficial, agora sob curadoria de Marcio Abreu e Guilherme Weber.

“Isso é frutífero, agregar várias linguagens, sair do sentido canônico de teatro, borrar fronteiras”, diz. “Em vez de pensarmos categorias, é preciso pensar no trabalho em si. Chega de engavetar”.

Para ele, a arte precisa repensar rótulos e catalogações. Foi por isso que mergulhou nas décadas de 1960 e 1970 para compor o trabalho, que investigou os processos estéticos e políticos daqueles anos de trevas na vida política nascional, enquanto a cultura e a contracultura floresciam.

André Masseno em cena da performance O Confete da Índia - Foto: Lina Sumizono/Clix

André Masseno em cena da performance O Confete da Índia na Casa Hoffmann, no 25º Festival de Curitiba – Foto: Lina Sumizono/Clix

“Depois de junho de 2013, o trabalho foi ganhando novos significados. Ele toca no lugar do espaço do corpo como político e espaço de revolução. A mudança no espaço público começa nas pessoas. Estamos vivendo um tempo de discursos extremistas e de bipolaridade”, analisa.

Para Masseno, tal característica dos tempos presentes, do “discurso binominal”, é perigosa por querer “abafar o plural e reduzir tudo em duas faces”. “Diante disso, surge o espaço da dissidência”, analisa.

Ele invoca o desbunde em sua obra. “Qual a potência do desbunde para pensar o nosso contexto? Revisito o desbunde, trabalhar com ele é repensar politicamente o estético-corporal. O desbunde ganha força quando não se tem mais certeza de nada. É uma ideologia muito peculiar”, diz.

Para o artista, é preciso “o junto com cada um na sua”, com mais tolerância e respeito ao outro, que é diferente. Sobretudo no efervescente Brasil contemporâneo.

André Masseno revisita o desbunde em O Confete da Índia no 25º Festival de Teatro de Curitiba - Foto: Lina Sumizono/Clix

André Masseno revisita o desbunde em O Confete da Índia no 25º Festival de Teatro de Curitiba – Foto: Lina Sumizono/Clix

*O jornalista MIGUEL ARCANJO PRADO viajou a convite do Festival de Curitiba.

Leia a cobertura completa do Festival de Teatro de Curitiba

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