Dois ou Um com Natalia Gonsales
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Vinda da dança para o teatro, Natalia Gonsales é nome cada vez mais frequente nos palcos paulistanos. No momento, acaba de encerrar temporada de seu solo Festa e ainda cumpre temporada até 27 de agosto com a peça Fala Comigo Antes da Bomba Cair, no Viga Espaço Cênico (r. Capote Valente, 1.323, metrô Sumaré), em São Paulo. Na obra, atua ao lado de Flavio Tolezani. Toda quarta e quinta, 21h, sob direção de Carla Candiotto. O texto mistura Tennessee Williams e Mário Bortolotto para contar um relacionamento complicado. A atriz aceitou o convite para participar da coluna Dois ou Um. Dez perguntas cheias de possibilidades. Ou não.
Tennessee Williams ou Mário Bortolotto?
Eu sei que a vida é feita de escolhas. Mas dessa vez eu não vou escolher. Cada um, com a sua expressividade e com a sua loucura, me ensinou e me proporcionou sensações e reflexões grandiosas a respeito do homem e das relações humanas.
Porão ou sótão?
Depende do meu estado. Metaforicamente, no porão eu vivo as profundezas, a dor da vida, e no sótão, a esperança e o sonho de continuar vivendo e lutando diariamente.
Amor tranquilo ou amor bandido?
Essa eu escolho! Amor tranquilo. A vida já nos surpreende muito.
Dança ou teatro?
Há alguns anos, a dança. Há pouco tempo, o teatro. Hoje, a dança e o teatro. Duas artes que podem se complementar. Eu busco isso. O que seria do teatro sem um corpo que fala? Ou o que seria da dança sem a reflexão e o pensamento?
Sozinha ou acompanhada?
Os dois são fundamentais. Somos seres solitários, o caminho é sozinho. Mas quando nos deparamos com a paixão e com o amor, por que não nos entregar e viver intensamente uma nova vida? E claro, saber dividir os momentos do individuo e os momentos a dois.
Bagunça ou arrumação?
Para criar: a bagunça. Para viver o dia a dia: a ordem.
Barriga tanquinho ou cérebro sarado?
Essa é maravilhosa [risos] Se o meu dia tem 24 horas, de 6 a 8 horas eu durmo, de 60 a 90 minutos eu faço alguma atividade física, o resto eu trabalho/estudo/vivencio a arte/namoro e, às vezes, saio com os amigos. Um cérebro sarado…
Grandioso ou intimista?
Hoje, intimista. Tenho medo daquilo que é muito grandioso. Se um dia eu me deparar com isso, quero estar preparada e consciente que no outro dia tudo pode voltar a ser intimista.
Inverno ou verão?
Verão! Poucas roupas, suor, água, dia, sol, samba, mistura. Mas adoro a beleza das imagens geladas: da neve!
Controlando a minha maluquez ou Viva a sociedade alternativa?
Não conseguimos ter o controle da vida e viver na contramão é muito dolorido para quem foi criado numa sociedade com os seus valores e sua cultura. Depende mais uma vez do momento. Às vezes mandamos à merda e buscamos novas vivencias. Outros momentos, resgatamos o baú velho guardado no fundo do armário dentro de uma gaveta trancada. O mais triste, mas que também faz parte, são os momentos que nos acomodamos, nos aprisionamos e deixamos de vivenciar.