Entrevista de Quinta – Charles Paraventi: “Gosto de ver o público rindo”

Charles Paraventi - Foto: Reprodução/Facebook

Por BRUNA CRISTINA FERREIRA*

Charles Paraventi enxerga a comédia como um meio de fazer as pessoas saírem um pouco das loucuras que veem no mundo, do cotidiano duro, da realidade áspera. O objetivo é simples: fazer rir.

Nascido em Nova York, nos Estados Unidos, ele começou a carreira de artista com apenas cinco anos. Sim, ele confirma essa história ao Atores & Bastidores. Na época, ela fazia shows de mágica em um clube brasileiro e sua assistente de palco era sua mãe, grande incentivadora de sua carreira.

Em 1986, já no Brasil, se destaca entre os amigos com suas imitações, era elogiado pelos textos e interpretação fácil. Atualmente, ele está em cartaz na peça Congresso Nacional de Sexologia, no Teatro Bibi Ferreira, em São Paulo. O espetáculo fica em cartaz até o dia 26 de junho.

Na entrevista abaixo, você conhece um pouquinho mais sobre esse artista, que sempre soube seu lugar na profissão e não se deixou enveredar pelo caminho controverso da celebridade.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Como é a comédia Congresso Nacional de Sexologia?
CHARLES PARAVENTI – A peça é dividida em esquetes de humor. São três especialistas em sexo, que vão tratar de assuntos do cotidiano de todas as pessoas. Existem ainda algumas outras questões como abusos, a homossexualidade. Em uma das esquetes, um filho conta para o pai que é gay. O menino cresceu a vida inteira flamenguista por causa do pai, mas faremos uma brincadeira com a faixa da camisa do Vasco, que vira uma faixa de miss no contexto da peça.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – A peça, então, mistura temáticas para fazer humor.
CHARLES PARAVENTI – Sim. São seis histórias e três atores em cena.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Como foi a preparação? Você teve alguma liberdade para criar os personagens?
CHARLES PARAVENTI – O roteiro foi mais um guia para nós. Quando ele chega às mãos dos atores, vamos testando o que funciona e o que não funciona. Então, trabalhos bastante na peça. Acabamos de mudar o figurino, por exemplo, pois achamos que não deu certo.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Vocês se prepararam em quanto tempo?
CHARLES PARAVENTI – Juntos, nós ensaiamos por cinco meses. Antes disso, fiquei um tempo decorando o texto em casa. O processo todo foi bem legal, a gente se dá muito bem. O Lucas [Domso] eu conheço há muito tempo, mas a Daniela [Brescianini] conheci agora e estamos nos dando bem em cena.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Tenho a impressão de que você foi construindo boa parte de sua carreira no humor.
CHARLES PARAVENTI – Eu tenho, sim, uma história no humor. Acho que tenho uma facilidade. Eu gosto de ver o pessoal rir. Acho que são poucos os momentos que temos na vida para sentir prazer, são raros. As coisas andam tão complicadas, por isso gosto de ver o público rindo, se distraindo. Na comédia, essa resposta é mais imediata do que nos outros gêneros.

Congresso Nacional de Sexologia - Foto: Divulgação

Congresso Nacional de Sexologia – Foto: Divulgação

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Está difícil fazer humor com o politicamente correto?
CHARLES PARAVENTI – Eu acho que a comédia tem uma característica interessante em poder criticar as coisas de uma forma saudável. Pode brincar com a política, com os costumes, ela tem essa licença, mas é claro que não dá para abusar. Não dá para ferir a pessoa. Uma coisa é botar o dedo na ferida, outra é agredir moralmente uma pessoa.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Eu não sabia, mas você começou a trabalhar com cinco anos? Sério?
CHARLES PARAVENTI – É verdade. Eu comecei muito cedo. Eu nasci em Nova York e lá tinha um clube, onde eu fazia shows de mágica aos cincos anos. Minha mãe era minha assistente. Minha mãe viu aquela vontade que eu tinha e sempre me deu uma força. Eu sempre gostei de palco. A coisa do entretenimento eu fiz muito cedo. Sempre soube o que seria, qual seria minha carreira, e essa certeza me ajudou muito.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Você sempre foi artista, então. Alguma vez você teve alguma crise com a coisa da celebridade, quando se tornou conhecido?
CHARLES PARAVENTI – Pois é. Eu nunca tive dúvidas de que seria artista, por isso não tenho crise. A fama eu achava um pouco efêmera. Isso tinha que ser uma consequência do trabalho.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Mas sempre foi assim?
CHARLES PARAVENTI – Já tive problemas. Acho que quando você vira celebridade, você perde um pouco do humano, do ser humano, da essência. Já sofri com paparazzo, não posso esperar no ponto de ônibus, que isso se torna uma coisa ruim.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Eu soube dessa história [Charles foi fotografado aguardando um ônibus em um ponto no bairro do Recreio, no Rio de Janeiro, no ano passado e acabou virando notícia].
CHARLES PARAVENTI – Não estou dizendo que o transporte público não é ruim. É ruim, sim [risos]! Só que isso não é anormal.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – O que você está planejando agora?
CHARLES PARAVENTI – Eu fiz muita coisa no cinema e agora estou escrevendo meu primeiro longa-metragem, que vai se chamar Cidade de Alá. Eu ando preocupado, pois o Brasil tem uma tradição de tolerância religiosa, muitas religiões convivem e formam o brasileiro, nós temos uma tradição de acolhimento. Tenho medo de que um dia se possa instalar um tipo de célula terrorista e escrevi o roteiro com essa ideia na cabeça.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Então, vai ser um drama?
CHARLES PARAVENTI – Sim, vai ser um drama. É um menino, que nasceu em uma comunidade no Rio de Janeiro, que tem uma história com o Carnaval. A mãe desse menino é jovem e solteira e acaba conhecendo um gringo, que trabalha com petróleo. Esse menino, então, vai parar no Oriente Médio e ter contato com o ódio aos Estados Unidos. A história se desenrola a partir de então. Estou quase finalizando, está quase tudo pronto.

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Para encerrar falando novamente sobre a peça, você contou agora que brinca com Flamengo e Vasco. Aqui nos palcos de São Paulo, tem alguma chance de virar um Corinthians e Palmeiras?
CHARLES PARAVENTI – Eu tenho uma admiração muito grande pelo futebol paulista, mas vamos deixar as brincadeiras entre Flamengo e Vasco mesmo. Acho que a aceitação vai ser maior [risos]!

BRUNA CRISTINA FERREIRA – Qual a diferença entre o palco no Rio de Janeiro e em São Paulo?
CHARLES PARAVENTI – Eu tenho um pouco de medo de fazer teatro em São Paulo. Não sei se é medo, vai… Tenho a impressão de que São Paulo tem um público que vai mais ao teatro, está mais ativo, pensa mais, lê mais jornal. O paulista tem um engajamento maior no cotidiano. O carioca é mais praia, menos preocupado com os problemas. Não quero falar mal do povo carioca, só acho o paulista mais exigente. O carioca é esperto. O paulista é perspicaz [risos]!

Congresso Nacional de Sexologia
Quando: Sábados, 19h. Até o dia 26/6/2015
Onde: Teatro Bibi Ferreira (av. Brigadeiro Luis Antônio, 931, Bela Vista. Informações: 0/xx/11 3105-3129)
Quanto: R$ 60
Duração: 80 minutos
Classificação: 16 anos

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