Diretor Ricardo Nolasco mistura Susan Sontag com funk carioca e se destaca no Festival de Curitiba

Destaque com Wunderbar, diretor Ricardo Nolasco tem forte relação com a performance – Foto: Daniel Isolani/Clix

Por Miguel Arcanjo Prado*
Enviado especial do R7 ao Festival de Curitiba
Fotos de Daniel Isolani/Clix

A barba pesada dá um ar soturno ao jovem diretor de 26 anos. Mas é só fachada a bravura. Com cinco minutos de conversa, o curitibano Ricardo Nolasco demonstra ser mais doce do que a primeira impressão que dá.

Há três anos à frente da companhia paranaense de teatro O Estábulo de Luxo, ele chamou a atenção do público do Fringe, a mostra paralela do Festival de Curitiba, com o espetáculo Wunderbar, apresentado no TUC (Teatro Universitário de Curitiba). No caldeirão da peça urbana e politizada, coube de tudo: circo, cabaret, Alice no País das Maravilhas, teatro de revista, texto da escritora norte-americana Susan Sontag e funk carioca, entre otras cositas.

Ricardo Nolasco chama a atenção na nova geração teatral curitibana – Foto: Daniel Isolani/Clix

Um verdadeiro calderão de referências, a peça tem a polêmica cena em que o ator Stéfano Belo se chicoteia de verdade diante da plateia.

No encontro com o Atores & Bastidores do R7 no terraço do Memorial de Curitiba, Nolasco diz que sua “relação com o teatro é com o presente”.

– A coisa ao vivo sempre me atrai mais. Tanto que minha relação com o teatro começou pela performance, no Cafofo Couve-Flor.

Ele também fez parte do Grupo de Investigação Cênica Heliogábalus, que causou frisson em Curitiba com seu teatro experimental.

– Éramos bem clichês mesmo no começo, mas depois fomos amadurecendo.

Diz que tem uma espécie de casamento artístico com a atriz e diretora Danielle Campos, que integrou o elenco de Wunderbar e o ajudou a criar a companhia. Ainda integram o elenco da montagem os atores Juliane Souto, Thaís Itapema, Victor Hugo Vieira.

– Em Wunderbar peguei um trabalho que achei que estava mal resolvido, e propus juntar Alice no País das Maravilhas com Cabaret e o teatro de revista. O mais legal desta peça foi a relação que se estabeleceu entre as pessoas envolvidas. E abarquei todas as referências que o grupo vinha me trazendo.

Após repercussão em Curitiba, Nolasco quer levar seu teatro para São Paulo – Foto: Daniel Isolani/Clix

Nolasco ficou satisfeito com a repercussão de sua obra no Festival de Curitiba, apesar de todas as dificuldades.

– O Fringe nos dá uma estrutura mínima. Então, resolvemos usar essa falta de condições a nosso favor. Pouco dias antes, nos disseram que não poderíamos fumar em cena. Aí colocamos um cigarro elétrico.

Com o destaque, ele sonha viabilizar uma temporada de Wunderbar na praça Roosevelt, em São Paulo, reduto do teatro alternativo paulistano.

O grupo O Estábulo de Luxo ainda promete causar mais no evento. No último dia do festival, o próximo domingo (7), eles apresentam às 20h no TUC a peça Medeia – Um Espetáculo Transgênero, Vingativo e Gotejante. Nele, o diretor vai atuar com Stéfano Belo.

Vem polêmica por aí. Do jeito que Nolasco (e a gente) gosta.

Ricardo Nolasco dirigiu Wunderbar, peça que teve cenas polêmicas no Festival de Curitiba – Foto: Daniel Isolani/Clix

*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Curitiba.

Veja a cobertura completa do R7 do Festival de Curitiba

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1 Resultado

  1. Felipe disse:

    Bem, parabéns a ele por conseguir mesclar essas referências. Mudando de assunto, mas ainda sobre este “post” especificamente, já eu não curto polêmicas, se por “polêmica” for interpretada qualquer tipo de sofrimento autoimposto, como a tal cena do Stéfano Belo. Admiro a entrega do ator, mas creio não ser para tanto: ele não precisa sofrer para mostrar que ama a arte. Mais não falarei, para não ser repetitivo. Quem quiser, basta ler o comentário no “post” específico sobre o ator Stéfano Belo.

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