★★★★ Crítica: A Vedete do Brasil faz tributo glorioso a Virgína Lane com carisma de Suely Franco, Flávia Monteiro e Bela Quadros

Bela Quadros, Suely Franco e Flávia Monteiro brilham em deliciosa homenagem a Virgínia Lane no musical A Vedete do Brasil no Teatro Faap © Rafa Marques Blog do Arcanjo 2024

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★★
A VEDETE DO BRASIL
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Só o fato de poder ver em cena uma das grandes atrizes brasileiras de todos os tempos, Suely Franco, no auge de seus 84 anos, já seria motivo suficiente para prestigiar o espetáculo musical A Vedete do Brasil em curta temporada no Teatro Faap em São Paulo. Mas, esta está longe de ser a única razão. Muito pelo contrário. A deliciosa montagem concebida por Cacau Hygino, também autor do texto com Renata Mizrahi e sob direção de Claudia Netto, conta a trajetória de Virgínia Lane (1920-2014), lenda do teatro de revista no Brasil e dona do hit eterno Sasaricando, sob produção da WB Produções, de Bruna Dornellas e Wesley Telles. Virgínia povoa a memória afetiva de diversas gerações e foi crucial para que hoje existisse uma Anitta de sucesso internacional. Num país sem memória como o Brasil, lugar que ainda precisa aprender a valorizar seus grandes artistas do passado, ver uma história como essa ser contada nos palcos é um verdadeiro bálsamo. Mas, Suely não está sozinha com seu farto carisma em cena. Ela divide o palco, com sua generosidade já conhecida, com outras duas atrizes de gerações mais novas: a graciosa e dona de um soprano poderoso Bela Quadros, que interpreta os anos de juventude de Virgínia, nas memórias da já anciã vedete vivida por Suely, e a enérgica Flávia Monteiro, que dá vida à filha da artista em diversos momentos da vida da mesma, com a noite de Natal como ponte no tempo, fazendo interessante contraponto à estrela. O público volta ao passado, aos tempos de maior ingenuidade, em meio a plumas e paetês, e ao som das hoje quase ingênuas marchinhas de duplo sentido. Dona de sua própria voz, Virgínia foi compositora de sucessos como É Baba de Quiabo e A Vedete do Brasil, que estão na envolvente trilha executada por virtuosa banda ao vivo formada pelos músicos Vinicis Teixeira (bateria), Guilherme Montanha (instrumento de sopro) e Marcelo Farias (piano digital) e sob direção musical de Alfredo Del-Penho, respeitoso à musicalidade das vedetes. O grande diferencial da peça é ressaltar a mulher precursora e à frente do seu tempo que Virgínia Lane foi, advogada que escolheu ser artista e que pagou alto preço junto à moral pública por esta decisão, mas que jamais abriu mão de sua dignidade e do direito de fazer de sua vida o que bem quisesse, mesmo em tempos nos quais à mulher não era dado outro lugar que não fosse o lar. Isso faz a Virgínia do século 20 comunicar-se com as mulheres do século 21, que não mais toleram tais antigas amarras sociais e copiam a liberdade da qual Virgínia Lane foi pioneira. No céu, ela deve estar feliz.

★★★★
A VEDETE DO BRASIL
Avaliação: Muito Bom
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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