‘Não quero cumprir cota indígena’, diz Daniel Munduruku sobre Academia Brasileira de Letras

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
‘Não quero cumprir cota de escritor indígena, quero uma afirmação por competência’, diz Daniel Munduruku sobre uma possível cadeira na Academia Brasileira de Letras. O escritor também virou ator de TV, já que interpreta o personagem pajé Jurecê da atual novela da Globo Terra e Paixão. Ele é um dos candidatos para “imortal” e a ocupar a cadeira de número 5 da ABL, deixada vaga com a morte de José Murilo de Carvalho. A eleição ocorre em 5 de outubro.
“Não quero cumprir cota de escritor indígena, tenho condições absolutas para concorrer de forma igualitária com os outros candidatos”, reafirma o autor indígena.
Com 64 livros publicados, o escritor é especializado no público infanto-juvenil e já conta com cerca de 6 milhões de livros vendidos no Brasil, além de outros países como Estados Unidos, Canadá, Áustria, Coreia do Sul e México.
Caso eleito pelos membros da ABL, Munduruku, por sua trajetória em produzir conteúdo a crianças e jovens, afirma que será um “choque de cultura, uma mudança de mentalidade”. O objetivo, segundo ele, é aproximar mais a Academia Brasileira de Letras da sociedade, além de reforçar a importância da literatura infanto-juvenil.
Entre suas obras, destaque ao “Histórias de Índio” (Editora Companhia das Letras) com cerca de 300 mil livros comercializados em 25 edições. “Coisas de Índio” (Ed.Callis), que conquistou o prêmio Jabuti, além da obra internacionalmente premiada “Meu Avô Apolinário” (Editora Studio Nobel), são mais destaques. Durante a Bienal do Livro, em setembro, terá mais dois livros lançados: “Árvore Teia”, uma fábula sobre o envelhecimento, e “Redondeza”, destinado a crianças de até seis anos com conteúdo focado em imagens.
“Daniel é um talento brasileiro admirável que eleva a arte e a cultura de nosso país incentivando milhares de crianças e jovens a ingressarem nesta jornada fascinante de apreciar a literatura e o conhecimento por meio de um conteúdo leve e ao mesmo tempo reflexivo. Temos o maior orgulho de prestar o nosso apoio, aqui em Santa Catarina”, destaca a diretora da “A Livraria”, Miriam Almeida que, por meio da loja localizada no BravaMall, na Praia Brava de Itajaí, em Santa Catarina, apoia a candidatura de Munduruku e reconhece a relevância de sua contribuição literária e cultural.
Daniel Munduruku, 59, é paraense, de ancestralidade indígena e, atualmente, mora no interior de São Paulo. Além de escritor, é formado em filosofia, psicologia e história. Tem mestrado e doutorado em educação pela USP, e pós-doutorado em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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