★★★ Crítica: Marieta Severo tem atuação magnética em Torniquete, filme no Olhar de Cinema em Curitiba

Filme Torniquete tem atuação magnética de Marieta Severo e se destaca no Olhar de Cinema © Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★
TORNIQUETE
Avaliação: Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Marieta Severo estreou no 14º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba como centro gravitacional do filme Torniquete, do qual é também coprodutora. No longa de Ana Catarina Lugarini, que no nervosismo do discurso prévio à exibição esqueceu de pedir que a plateia aplaudisse a presença de uma das maiores atriz deste país, Marieta Severo arrancou durante a exibição reações potentes do público presente no MON a cada frase de impacto que proferiu, em atuação soberana, no filme ambientado na capital paranaense. A estreia mundial do filme ocorreu na noite deste sábado, 14 de junho de 2025.

O drama traz a história de uma família de três mulheres que precisam lidar com a violência de reiterados assaltos em sua residência, onde também trabalham com entregas de botijão de gás. A personagem de Marieta é a matriarca que, entre silêncios e ações, faz a história se movimentar do marasmo, em performance visceral da atriz como a avó Lucinda, dona presença magnética em todo o longa. A química entre sua personagem e a neta traumatizada, Amanda, muito bem interpretada por Sali Cimi, é também outro ponto forte. A cena na qual a menina ensina a avó a andar de bicicleta é uma das mais belas do longa.

A direção é minimalista e aposta no oculto para sugerir dramas mal resolvidos e enigmáticos naquela família. Repleto de simbolismo e com poucos diálogos, Torniquete coleciona metáforas em seus concisos 75 minutos, que dão a sensação de que o roteiro poderia ter se desenvolvido um pouco mais.

Imagens fortes, como a ferida aberta no rosto da adolescente Amanda (Sali Cimi), que teima em não deixá-la fechar; o rastro de sangue da filha Sônia (Renata Grazzini) logo no começo, ou o corte profundo na mão da avó Lucinda (Marieta Severo), mais ao fim, servem de metáforas para o que assombra aquela família e está represado, como em um torniquete que não deixa o sangue jorrar. E o filme faz o mesmo.

Sem respostas claras, o longa da estreante e promissora diretora Ana Catarina Lugarini desafia o espectador a preencher as múltiplas lacunas em aberto. O que vemos são apenas cicatrizes-consequências de uma história contada pelas bordas, com nada falado às claras. Igual acontece em muitas famílias que conhecemos de perto.

★★★
TORNIQUETE
Avaliação: Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

A atriz Marieta Severo e o jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado no 14º Olhar de Cinema em Curitiba © Diogo Bueno Tip Mídia Blog do Arcanjo 2025

Marieta Severo fala ao Blog do Arcanjo com exclusividade durante o Olhar de Cinema

Pouco antes da sessão do filme Torniquete neste sábado, 14 de junho de 2025, no Olhar de Cinema, a atriz Marieta Severo conversou com Miguel Arcanjo na Sala do Acervo Marden Machado, no Cine Passeio, no centro curitibano. Leia o bate-papo.

Marieta, você é destaque no elenco do filme Torniquete, da Ana Catarina Lugarini, que traz a história de uma família em conflito após uma situação de violência. Me conta sobre essa personagem.
Marieta Severo –
É o primeiro filme da Ana Catarina Lugarini, o que me atraiu muito. Eu adoro fazer primeiros filmes, já fiz alguns. O torniquete é uma coisa que estanca o sangue. Estanca ali, aperta. Então, ele é uma metáfora para essa situação dessas três gerações, avó, mãe e filha, que logo no início do filme você sente que tem uma situação de violência, de assalto. É uma casa que já foi assaltada várias vezes. Quer dizer, tem essa situação de violência externa e cada uma dessas gerações vai reagir de alguma maneira a isso. É isso.

Miguel Arcanjo Prado – Marieta, qual sua relação com Curitiba?
Marieta Severo –
Curitiba sempre foi um centro cultural muito forte. A gente sempre vinha para cá. Era difícil fazer uma peça, e a peça não vir para cá. A gente sempre vinha. Vamos para Curitiba, tem que ir! Então, sempre fez parte. Quando fui chamada para fazer esse filme aqui, eu sabia que ia poder usufruir de uma vida cultural muito rica. E esse lugar aqui, onde nós estamos, o Cine Passeio, que tem dois cinemas e uma cafeteria deliciosa, é muito símbolo dessa intenção sempre cultural muito forte que os curitibanes sempre tiveram. Soube que projetaram o Oscar aqui, na rua, para todo mundo assistir e ver o Brasil ganhar. Olha que coisa linda, né? O povo vendo a gente ganhar o Oscar da rua, para todo mundo ver. É uma coisa cheia de muitos pensamentos, muito ricos, muito interessantes.

Editado por Miguel Arcanjo Prado

Siga @miguel.arcanjo

Ouça Arcanjo Pod

O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é miguel-arcanjo-prado-foto-edson-lopes-jr.jpg

Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
© Blog do Arcanjo – Cultura e Entretenimento por Miguel Arcanjo Prado | Todos os direitos reservados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *