Gregório Duvivier estreia O Céu da Língua no Rio após sucesso em Portugal

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Poesia pode dar uma comédia no teatro? Sim, é o que promete Gregório Duvivier em seu novo espetáculo, O Céu da Língua. Ele define o solo como uma comédia poética, na qual o artista usa o seu discurso sedutor para convencer o público de que tropeçamos diariamente na poesia e esta pode ser prazerosa e divertida. Após sucesso em Portugal, onde fez estreia mundial em novembro de 2024, a peça faz sua estreia brasileira nesta quinta, 6 de fevereiro, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, onde fica até 24 de fevereiro. Depois, vai para o Festival de Curitiba.
No aniversário de 500 anos de Luis de Camões, foi a peça de um brasileiro que roubou a cena em Portugal. Gregorio Duvivier, que não estreava uma peça nova havia cinco anos, fez essa peça pra homenagear sua língua-mãe. Encontrou, ao fazer a peça, uma legião de pessoas que compartilham dessa paixão.
“A poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota. Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, pra isso, a gente precisa trocar os óculos de leitura”.
Gregório Duvivier
ator e dramaturgo
A direção de O Céu da Língua é da atriz Luciana Paes, parceira de Gregório no espetáculo de improvisação Portátil – e nos vídeos do canal Porta dos Fundos.
Palco clean
Se no seu solo anterior, Sísifo (2019), escrito junto com Vinicius Calderoni, Gregório subia uma grande rampa dezenas de vezes, agora, o que se tem é uma encenação desprovida de qualquer cenário.
No palco, totalmente limpo, o instrumentista Pedro Aune cria ambientação musical com o seu contrabaixo, e a designer Theodora Duvivier, irmã do comediante, manipula as projeções exibidas ao fundo da cena.
O resto é só o comediante e sua devoção pelas palavras.
“Acredito que o Gregório tem ideias para jogar no mundo e, com essa crença, a coisa me move independentemente de qualquer rótulo”, diz Luciana, uma das fundadoras da Cia. Hiato, que estreia como diretora teatral nesta obra. “O stand-up comedy aqui é uma pegadinha pra falar de literatura”, complementa.
“O Céu da Língua fica na esquina do poema com a piada”.
Gregório Duvivier
ator e dramaturgo
Obsessão pela palavra
Apaixonado pela língua portuguesa desde menino, Gregório na peça brinca com códigos, reforma ortográfica e volta de palavras esquecidas, como “irado”, “sinistro” e “brutal”, que voltaram ressignificadas ao vocabulário dos jovens, sobretudo os cariocas como ele. E ainda brinca com palavras que, de tanto usadas por determinado grupo social, ficam desgastadas, como “atravessamento”, “disruptivo” ou “briefings”.
A poesia, lembra Duvivier, faz parte das palavras que dizemos no dia a dia, algumas como curiosas metáforas, como “batata da perna”, “céu da boca” e “pisando em ovos”.
Claro que música não poderia faltar e o artista chama atenção para grandes letristas como Orestes Barbosa e Caetano Veloso, citados em “O Céu da Língua” através das canções “Chão de Estrelas” (1937) e “Livros” (1997). “Foi a nossa música popular quem conseguiu realizar o sonho de Oswald de Andrade de levar poesia para as massas”, reflete o ator.
O Céu da Língua
Texto e interpretação: Gregório Duvivier
Direção: Luciana Paes
Direção musical e execução da trilha: Pedro Aune
Criação visual e projeções: Theodora Duvivier
Iluminação: Ana Luzia de Simoni
Figurino: Elisa Faulhaber e Brunella Provvidente
Costureira: Riso Monteiro
Fotos: Demian Jacob
Designer Gráfico: Laercio Lopo
Visagismo: Vanessa Andrea
Administração: Andréia Porto
Produção Executiva: Lucas Lentini
Produção: Pad Rok Produções Culturais
Clarissa Rockenbach e Fernando Padilha
SERVIÇO
Teatro Carlos Gomes (Praça Tiradentes, centro, Rio).
De 06 a 24 de fevereiro de 2025 – Quintas e Sextas, às 19h / Sábados e Domingos, às 18h
Ingressos: R$ 80 | R$ 40 (meia)
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 70 minutos
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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