Claudia Raia estreia Cenas da Menopausa no Teatro Claro Mais São Paulo

Claudia Raia estreia Cenas da Menopausa em SP © Ale Catan Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Poucas artistas brasileiras dominam a arte de se reinventar e se expor com a mesma coragem e autenticidade de Claudia Raia. Aos 58 anos, a atriz, bailarina e ícone cultural sobe aos palcos com Cenas da Menopausa, um musical que, como o próprio nome sugere, desbrava as inquietações e transformações femininas em torno dos 50 anos. Dirigida por Jarbas Homem de Mello, seu parceiro na vida e na arte, a peça é um espelho da própria vivência de Raia, que aborda o tema com a leveza da comédia e a profundidade de quem o viveu na pele.

No Teatro Claro Mais a partir de 12 de junho, Claudia Raia dá vida a personagens como Teresa, uma corretora de imóveis que, casada há 18 anos e mãe de dois, se depara com os primeiros sintomas do climatério. Longe de ser um tratado didático, a montagem promete entretenimento e identificação. “Eu não queria fazer um negócio chato, professoral, queria entretenimento, comédia, leveza. O tema já é tão duro, né?”, comenta a atriz, que concebeu o espetáculo a partir de sua própria experiência com a menopausa aos 51 anos.

“A menopausa não é um fim, é um recomeço – e agora um espetáculo! Subo no palco para dar voz a essa revolução, com humor, verdade e emoção. Já falamos de tantos tabus, por que não esse? No palco, sou muitas; na plateia, somos milhões – e juntas, seguimos mais livres.”, diz a atriz Claudia Raia.

A peça já lotou teatros em Portugal, onde estreou, e é definida pela artista como “um ato político e um serviço público”. Sua capacidade de transformar um tema tabu em palco para a risada e a reflexão reforça sua trajetória singular, marcada por uma franqueza que desarma e uma energia inesgotável.

Da espevitada Tancinha da novela Sassaricando ao pequeno Luca, seu filho caçula nascido quando ela estava com 56 anos, Claudia Raia continua a desafiar expectativas, provando que, para ela, a vida é um palco onde cada cena merece ser vivida intensamente. Cenas da Menopausa fica em cartaz até 17 de agosto, com ingressos a partir de R$ 50.

Texto de Anna Toledo

Escrito pela dramaturga curitibana Anna Toledo, o texto explora mudanças corporais, questionamentos de vida e carreira, saúde, beleza, expectativas sociais, sexo e relacionamentos afetivos, propondo uma conversa divertida e honesta sobre esta fase transformadora que impacta não só as mulheres, mas todos à sua volta. O convite para escrever o espetáculo veio de Claudia Raia, fruto de uma colaboração de anos entre a atriz e a dramaturga curitibana.

“Tanto ela como eu estávamos passando por este processo desestruturador chamado ‘menopausa’, e senti que era uma oportunidade maravilhosa de transformar todo aquele caos em algo de que pudéssemos rir e fazer rir. O processo é avassalador e súbito, nos pega absolutamente desprevenidas justamente quando a gente está se sentindo no auge, entre os 40 e 50 anos, e dá uma desestabilizada geral na cabeça e no corpo. Então é absolutamente normal a gente primeiro não reconhecer o que está acontecendo e, quando finalmente a ficha cai, ficar revoltada com a ‘injustiça’ que é levar mais essa rasteira da vida”, conta Anna.

Pensando nos altos e baixos da menopausa, Anna estruturou a peça em cenas independentes, inspirada nas fases do luto. As personagens passam pela negação, revolta, depressão, até chegar na aceitação da nova realidade e no acolhimento da nova pessoa que emerge. Somos apresentados a Teresa, cujos sintomas do climatério geram uma crise no casamento; Laurinha, que está em negação e atravessando mudanças de humor; Gilda, que vive o clichê de ter sido trocada por uma mulher mais jovem; e Isabel, uma executiva que teme perder a autoridade diante da equipe – todas interpretadas por Claudia Raia.

“Para muita gente, a menopausa está associada ao fim da juventude, o que, na nossa sociedade, significa algo extremamente indesejável. Por conta deste estigma, muitas mulheres passam por este momento em silêncio, sem pedir o apoio de amigas ou dos seus parceiros. Pode ser extremamente solitário passar por tudo isso sem que ninguém saiba.”

Com Comunicação do Teatro Guaíra

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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