★★★★★ Crítica: Uma Babá Quase Perfeita dá lição de amor com genialidade de Sterblitch e grande elenco

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★★
UMA BABÁ QUASE PERFEITA
Avaliação: Ótimo
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Qua., qui., sex., 20h, sáb. e dom., 16h e 20h30. Até 11/5/2025
Teatro Liberdade, SP – Compre seu ingresso!
Se há amor, tudo se resolve. Também é preciso lembrar um velho ditado: em time que está ganhando não se mexe. Tais aforismos pairam sobre o espetáculo Uma Babá Quase Perfeita, o divertido e ao mesmo tempo tocante musical da Broadway, com protagonismo absoluto do excelente Eduardo Sterblitch em superprodução brasileira da leoa dos musicais Renata Borges, da Touché Entretenimento, e direção habilidosa do experiente Tadeu Aguiar.
A união do trio foi vitoriosa no arrasa-quarteirão Beetlejuice, que levou os três principais prêmios de Musical do Ano em 2024 (Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID e Prêmio Arcanjo).
A força motriz de Uma Babá Quase Perfeita é o amor paterno, tendo como pano de fundo as reconfigurações familiares, algo que era um tema ainda muito delicado e novo quando o filme de Hollywood foi feito em 1993.
Aquelas crianças da década de 1990 que alugavam o VHS agora podem levar nostalgicamente seus filhos para conhecer a história de sua velha infância. Aliás, com o mundo atual insuportavelmente conectado, lembrar-se de um tempo em que rede social não existia é uma dádiva de paz.
Dirigido com segurança por Tadeu Aguiar, com assistência de Marcelo Vasquez, equilibrando humor e emoção em transições bem amarradas, Uma Babá Quase Perfeita é um musical formidável para toda a família, capaz de dialogar com qualquer idade.
A obra estreou na Broadway em 2021 com livro por Karey Kirkpatrick e John O’Farrell, e música e letras por Wayne Kirkpatrick e Karey Kirkpatrick.

O espetáculo adapta para os palcos o filme de sucesso com o saudoso Robin Williams de 1993 dirigido pelo gênio da comédia infantil Chris Columbus. É preciso lembrar que o diálogo do musical brasileiro com o cinema se deu logo no seu lançamento, com um primoroso curta dirigido por Lucas Pimenta, provando que o audiovisual e o teatro podem caminhar juntos.
O enredo traz o pai recém-separado Daniel, um ator habilidoso, mas sem muito sucesso financeiro, que perde na Justiça a guarda dos três filhos. Diante disso, resolve disfarçar-se na tradicional babá escocesa Senhora Doubtfire, uma ótima personagem criada pelo próprio com a única missão de conseguir ficar perto dos rebentos.
As divertidas trocas de pai para babá, e vice-versa, divertem o público, tornando cada vez mais difícil a vida desse progenitor.
A versão brasileira de Victor Mühlethaler apresenta texto ágil e um plus de referências nacionais, além de deslocar a história de São Francisco para São Paulo, o que aproxima a mesma do público paulistano.

Elenco talentoso
Eduardo Sterblitch, em seu segundo musical, comprova ainda mais o talento e a versatilidade demostrados em Beetlejuice, personagem que lhe rendeu premiações de melhor ator. Ele domina a cena e o público, com sua capacidade de improviso e, sobretudo, de fazer o público rir. É um gênio em cena, um verdadeiro fenômeno da atuação, dono de energia e tempo perfeitos para o humor, mas que também faz o público se emocionar nas cenas dramáticas, construindo essas transições com maestria. Eduardo Sterblitch é ator do mesmo patamar que seu ídolo Robin Williams.
E o talentoso elenco que o rodeia mantém a energia em riste.
Thais Piza, na pele da mãe, está em um de seus melhores momentos no palco, dona de segurança cênica e domínio vocal absoluto, aprofundando o drama e o conflito da história.
Também chama a atenção o bel canto de Gabriella Di Grecco, que faz a filha mais velha, e da menina prodígio Bibi Valverde e Guilherme Ribeiro, na pele dos irmãos mais novos — personagens que dividem com Malu Miranda, Yasmin Soares, Bernardo Destri e Matheus Dantas.
O talentoso Diego Becker é uma agradável surpresa e rouba a cena como um antigo apresentador de programa infantil, provando que menos pode ser mais quando se nasce com o tempo divino do humor.
Outra atriz de grande energia cênica envolvente é Simone Centurione, que faz a assistente social que vigia os passos de Daniel.
Ainda estão no elenco principal Rafael Aragão, na medida certa como o bonitão novo namorado da mãe, Fabrizio Gorziza, na pele do irmão gay de Daniel, casado com o personagem de Willian Sancar, ambos responsáveis pela transformação em Senhora Doubtfire. Gorziza também assume a corajosa tarefa de substituir Sterblitch como o protagonista em algumas sessões.
O elenco, que merece ser totalmente nomeado, ainda traz Giovana Sassi, Rhuan Santos, Fábio Brazile, Dino Fernandes, Julie Duarte, Fabi Figueiredo (que está maravilhosamente intensa como a dançarina de flamenco), Duda Carvalho, Natasha Villar, Pietro Borba, Bruna Lemberg, Danilo Barbieri, Madson de Paula, Mari Marques e André Ulo.
Time criativo experiente
No time criativo, destaque para o visagismo e caracterização da babá, criado originalmente no cinema pela vencedora do Oscar Ve Neill. No teatro, a criação original é de Rob Smith e Leigh Craston, com visagismo no Brasil assumido pelos sempre primorosos Anderson Bueno e Feliciano San Roman. As coreografias de Sueli Guerra estão vigorosas como deve ser em um ótimo musical, e os figurinos de Dani Vidal e Ney Madeira são exuberantes.
O espetáculo ainda conta com sensível direção musical de Liliane Secco, no comando da orquestra enxuta e virtuosa formada por Cintia Seli, Cassiel Moraes, Moisés Camilo, Rogerio Sales, Samuel Lopes, Naife Simões, Ed Sousa, Phelipe Ribeiro, JJ Simões e Cesar Roversi. Ainda há cenografia imponente de Rogério Falcão, desenho de som de Gabriel D’Angelo e desenho de luz de Paulo César Medeiros, além de Roberta Juricic na direção de produção, Alex Felippe de produtor associado, Renata Borges também na produção de elenco, e Grazy Pisacane na assessoria de imprensa com a GPress Comunicação.
Uma Babá Quase Perfeita é uma história grandiosa em sua simplicidade, reforçando que as famílias podem ser diversas e levando o público à reflexão de que o que realmente importa é o amor. Afinal, quando há amor, tudo se resolve.
★★★★★
UMA BABÁ QUASE PERFEITA
Avaliação: Ótimo
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Qua., qui., sex., 20h, sáb. e dom., 16h e 20h30. Até 11/5/2025
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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