Três Mulheres Altas volta a SP com Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill no Teatro Bravos

Deborah Evelyn, Suely Franco e Nathalia Dill em cena na peça Três Mulheres Altas no Teatro Bravos © Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Colaborou Felipe Rocha

Com um elenco estelar que interpreta três gerações de mulheres, o clássico da dramaturgia contemporânea Três Mulheres Altas, de Edward Albee, retorna em São Paulo a partir de 7 de março, no Teatro Bravos, em Pinheiros. Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill representam o embate de três mulheres em diferentes fases da vida: juventude, maturidade e velhice.

As atrizes estrelam a montagem que já passou por sete cidades, acumulou indicações a prêmios e teve mais de 50 mil espectadores na plateia. Dirigido por Fernando Philbert, o espetáculo – que rendeu o Prêmio Pulitzer ao autor – traz uma comédia perversamente engraçada.

O Blog do Arcanjo conta mais detalhes dessa peça a seguir, que contará com intérprete de libras em todas as apresentações.

Em cena, as atrizes interpretam três mulheres, batizadas pelo autor apenas pelas letras A, B e C. A mais velha (Suely Franco/Ana Rosa), que já passou dos 90, está doente e embaralha memórias e acontecimentos, enquanto repassa a sua vida para a personagem B (Deborah Evelyn), apresentada como uma espécie de cuidadora ou dama de companhia. A mais jovem, C (Nathalia Dill), é uma advogada responsável por administrar os bens e recursos da idosa, que não consegue mais lidar com as questões financeiras e burocráticas. 

Entre os muitos embates travados pelas três, a grande protagonista do espetáculo é a passagem do tempo e também a forma com que lidamos com o envelhecimento. Em conversa com o Blog do Arcanjo, o diretor Fernando Philbert analisa: “O texto do Albee nos faz refletir sobre ‘qual é a melhor fase da vida?’, além de questões sobre o olhar da juventude para a velhice, sobre a pessoa de 50 anos que também já acha que sabe tudo e, fundamentalmente, sobre o que nós fazemos com o tempo que nos resta. Apesar dos temas profundos, a peça é uma comédia em que rimos de nós mesmos”. 

A última e até então única encenação do texto no Brasil foi logo após a estreia em Nova York, em 1994. Philbert e as atrizes da atual montagem acreditam que a nova versão traz uma visão atualizada com todas as mudanças comportamentais e políticas que aconteceram no mundo de lá para cá, especialmente nas questões femininas, presentes durante os dois atos da peça. Sexo, casamento, desejo, pressões e machismo são temas que aparecem nos diálogos e comprovam a extrema atualidade do texto de Albee.

A peça tem características autobiográficas e foi escrita pouquíssimo tempo depois da morte da mãe adotiva do autor Edward Albee, que teria inspirado a personagem mais velha. Após abandoná-la aos 18 anos, Albee voltou a ter contato com a mãe em seus últimos dias, quando já estava doente de Alzheimer. No entanto, alguns especialistas em sua obra defendem que a peça não pode ser reduzida a este fato. 

‘Três Mulheres Altas’ vai além de ser um retrato de sua mãe. O texto traz o olhar mordaz e perverso – por que não dizer cômico – de Albee para a classe média alta americana e toda a sua hipocrisia, ao falar sobre status, sucesso, sexo e abordar a visão preconceituosa da sociedade e as relações que as três mulheres travam com o mundo, sempre atravessadas pelo filtro machista. 

A tradução é de Gustavo Pinheiro e produção da WB Produções, de Bruna Dornellas e Wesley Telles. O espetáculo é apresentado pela Bradesco Seguros, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. 

Ana Rosa

A partir de 4 de abril, Ana Rosa substitui Suely Franco no elenco até o final da temporada, em 11 de maio. A atriz, que entrou para o Guinness Book em 1997 como a maior recordista do mundo em papeis na televisão, participou de produções marcantes, como Mulheres de Areia, O Profeta, Senhora do Destino e O Rei do Gado. Atualmente morando em Portugal, Ana Rosa vem ao Brasil especialmente para participar da montagem. 

SERVIÇO 

Três Mulheres Altas, de Edward Albee. Com Suely Franco/Ana Rosa, Deborah Evelyn e Nathalia Dill 

TEATRO BRAVOS – Rua Coropé, 88, Pinheiros, São Paulo/SP. 

07 de março a 11 de maio de 2025. Quinta a sábado às 20h e domingo às 17h 

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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