Carnaval São Paulo: Religiosidade, Aquarela e Cazuza marcam a primeira noite dos desfiles

Duda Serdan e Viviane Araújo marcam presença no desfile da Mancha Verde © Liga Carnaval SP Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Colaborou Felipe Rocha

Não só de fantasias exuberantes vivem os desfiles das escolas de samba, mas também de temas inteligentes e críticas sociais. Isso foi o que vimos na abertura elegante e criativa do Carnaval de São Paulo, na primeira noite dos desfiles, nesta sexta (28). Ao todo, o Sambódromo do Anhembi recebeu sete escolas de samba do Grupo Especial. Dragões da Real, Mancha Verde e Rosas de Ouro foram os grandes destaques. Junto à elas, desfilaram também Colorado do Brás, Barroca Zona Sul, Acadêmicos do Tatuapé e Camisa Verde e Branco.

A primeira noite dos desfiles foi marcada por temas como: religiosidade, luto, justiça, jogos, fé e homenagem a artistas.

Todas as escolas desfilaram no tempo máximo previsto e a única que apresentou problemas foi a Barroca, que teve dificuldades em entrar com o segundo carro alegórico no sambódromo. Assim, para economizar tempo, optou por não fazer o recuo de bateria.

Confira a seguir os cliques da primeira noite dos desfiles:

Colorado do Brás

Com o enredo homenageando o afoxé Filhos de Gandhy, um dos maiores e mais tradicionais blocos de carnaval do Brasil, a Colorado do Brás abriu a primeira noite dos desfiles de SP.

Os integrantes da escola de samba desfilaram bem animados e usaram roupas inspiradas nos trajes do ativista Mahatma Gandhy. Astros da MPB, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Clara Nunes também receberam homenagem no carro abre-alas.

Barroca Zona Sul

A escola homenageou Iansã, que nas religiões de matriz africana é conhecida como a rainha dos raios, ventos e tempestades. Rainha de bateria da escola, Juju Salimeni veio à frente dos 210 ritmistas representando a divindade.

Dragões da Real

A Dragões da Real, vice-campeã do Grupo Especial em 2024, costuma fazer desfiles bem coloridos e vibrantes e, neste ano, não foi diferente. Além disso, trouxe um enredo que emocionou o público: usou a música “Aquarela”, de Toquinho, para falar sobre o ciclo da vida. Essa é uma homenagem ao neto do carnavalesco Jorge Freitas, o garoto Jorginho, que tinha doença rara e morreu aos 8 anos em 2024.

Mancha Verde

Um dos grandes destaques da Mancha Verde foi, sem dúvidas, Viviane Araújo como rainha de bateria. A atriz veio com a fantasia Canto da Cidade, homenageando a cantora Daniela Mercury. Isso abrilhantou os desfiles da escola, que trouxe um enredo sobre a mistura da fé e do profano na Bahia, contando como o povo baiano carrega a religiosidade com a mesma força com que se permite viver as festas.

Acadêmicos do Tatuapé

A Acadêmicos do Tatuapé trouxe um enredo que grita por justiça em vários sentidos, seja na exclusão social ou no preconceito religioso. As representações que ganharam destaque: Cristo crucificado, mulher queimada sobre uma bíblia, estátua da justiça com uma criança ensanguentada no colo – tudo convidava à reflexão. A inspiração: Martin Luther King, com sua célebre frase: “A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo lugar”.

Rosas de Ouro

A Rosas de Ouro caprichou nas fantasias, trazendo um enredo lúdico que contou como os jogos influenciaram a humanidade ao longo dos anos. A expectativa é que o desfile deste ano reverta o péssimo resultado de 2024, quando ficou em 11º lugar, quase sendo rebaixada ao Grupo de Acesso.

A pauta da jogatina trouxe um caça-níquel e roleta gigantes na comissão de frente e um último carro alegórico sobre os jogos eletrônicos, com personagens da Nintendo e do Pokémon.

Camisa Verde e Branco

Última escola a desfilar na primeira noite do Grupo Especial, Camisa Verde e Branco fez o dia do público nascer feliz ao trazer uma homenagem ao Cazuza. A escola mostrou músicas e fases importantes do artista, que morreu em 1990. O samba-enredo trazia várias menções ao repertório do cantor em carreira solo e com a banda Barão Vermelho, como “Faz parte do meu show”, “Exagerado” e “O tempo não para”.

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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