★★★★ Crítica: Caio em Revista traz à luz ironia fina de inéditos de Caio Fernando Abreu com talento de Roberto Camargo

Roberto Camargo interpreta textos inéditos de Caio Fernando Abreu no solo teatral Caio em Revista no Teatro Viradalata em São Paulo © Rafa Marques Blog do Arcanjo 2024

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★★
CAIO EM REVISTA
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

O que será que Caio Fernando Abreu (1948-1996) escreveria sobre o aceleradíssimo mundo de hoje das redes sociais? E, se escrevesse, haveria ainda leitores na era do audiovisual instantâneo e de alto impacto? Ficam aí perguntas cujas respostas podem ser investigadas no espetáculo Caio em Revista. A montagem é uma tocante homenagem ao escritor e jornalista gaúcho em formato de solo teatral com o talentoso ator Roberto Camargo — cofundador do projeto de humor de sucesso Terça Insana — sob direção do também gaúcho Luís Artur Nunes e produção da Cola Atores, de Patrícia Vilela, outra gaúcha no time. A peça estreou sob fortes aplausos no último sábado, 11 de maio, e segue em cartaz no Teatro Viradalata no elegante horário de sábado, às 17h, até 25 de maio de 2024 — merece novas temporadas ou prorrogar, para que o boca a boca pegue. A obra traz deliciosos textos inéditos pinçados por Camargo em revistas para as quais Caio colaborou como cronista. Textos estes que não estão disponíveis na internet — apenas podem ser apreciados pelos colecionadores que possuem os formatos impressos, guardiões da era analógica. Com um Roberto Camargo navegando com propriedade por inúmeras e sutis nuances do refinado humor de Caio Fernando Abreu, o espetáculo recupera textos como Bolero, que Caio escreveu para a lendária revista AZ, editada com liberdade pela então jovem jornalista Joyce Pascowitch nos efervescentes anos 1980, tendo na equipe nomes que se tornaram referência como a fotógrafa Vania Toledo, o jornalista Antonio Bivar e o diretor de arte Guto Lacaz, agora responsável pela cenografia minimalista e arte gráfica da peça. Como foi perceptível na emoção de Roberto Camargo após os fortes aplausos na estreia, há muito afeto envolvido, já que as vidas de Roberto Camargo, Luís Artur Nunes e Caio Fernando Abreu se entrelaçaram em Paris, no início dos anos 1990, com encontros que se repetiram até a morte precoce do escritor em 1996, aos 47 anos, vitimado pela Aids. Luís Artur Nunes escreveu com Caio a peça Maldição do Vale Negro, que recebeu o Prêmio Molière de melhor autor em 1988. Agora, 36 anos depois, Caio em Revista recupera memórias de um tempo e de uma São Paulo que já não mais existem, mas que provocam sentimentos nostálgicos em muita gente, até mesmo em quem não os viveu, mas possui o mínimo de sensibilidade. Época da novela Vale Tudo na televisão da sala e músicas de Rita Lee e Madonna soando nas vitrolas, além de noites que começavam no bar Ritz e terminavam nas icônicas boates The Gallery, para os mais comportados, ou Madame Satã, para os menos caretas. Em tempos tão desmemoriados, ver um espetáculo como Caio em Revista é uma dádiva. Nos mostra que muita coisa mudou, e algumas ainda seguem iguais. É como ver um retrato revelado de uma vida mais genuína e menos embalada para uma postagem fugaz.

★★★★
CAIO EM REVISTA
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

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Roberto Camargo abre camarim de Caio em Revista ao Blog do Arcanjo

Conheci Caio Fernando Abreu em Paris no começo dos anos noventa, quando eu morava na Cidade Luz. Quem nos aproximou foi Luis Artur Nunes que, não por acaso, agora me dirige nesse Caio em Revista. Foi identificação à primeira vista. Amizade ao primeiro encontro. Eu guardava comigo, desde os anos oitenta, um exemplar da Revista AZ com um texto de Caio chamado Bolero. Esse texto foi o motivador da minha busca por esse rico material que revela Caio para além dos romances e contos que o consagraram: trazem à luz um Caio leve, por vezes ferino e, acima de tudo, bem humorado, que só os amigos conheciam. O prazer de apresentá-lo agora é todo meu!”

Roberto Camargo
ator

Caio em Revista estreia no Teatro Viradalata: veja quem já aplaudiu

Caio F. e eu fomos amigos a vida inteira. Ainda “guris” em Porto Alegre,  um escrevia, o outro fazia teatro. Mas eu também amava a literatura, e ele amava o palco. Mostrava-me seus escritos, eu o convidava a assistir aos meus ensaios. Daí nasceu uma parceria de trabalho: criamos peças teatrais a quatro mãos, teatralizei contos seus, dirigi-o como ator. A obra-prima desta parceria de afeto e arte foi o melodrama A Maldição do Vale Negro. Conquistou-nos o prêmio Molière de dramaturgia, que  nos levou a Paris, onde – como conta Robertinho, que lá vivia na época – eu os apresentei e os empurrei para a amizade. Mal sabíamos, então, que, muitos anos mais tarde, confeccionaríamos os três uma colaboração artística, este Caio em Revista. Tristemente, o autor-colaborador já nos deixou. Mas nós o celebramos, encenando seus deliciosos textos, escritos para as publicações da contracultura paulistana dos anos 80: “AZ”, “Around”, “Lira Paulistana”. Absolutamente inéditos em livro ou na internet, só existiam como itens de colecionador (das revistas), até que Roberto os redescobriu e me chamou para colocá-los no palco. Aventura irresistível! Ao escrever para revistas, me ocorre que Caio  tirava de sobre os ombros a “responsabilidade” da literatura, e assim se tornava, sem nenhuma culpa, mais leve, mais brincalhão e mais sentimental. Mas sempre luminoso.”

Luís Artur Nunes
diretor

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Caio em Revista: Veja imagens do espetáculo por Rafa Marques para o Blog do Arcanjo

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CAIO EM REVISTA

Ficha Técnica

Textos: Caio Fernando Abreu
Roteiro e Atuação: Roberto Camargo
Direção: Luís Artur Nunes
Assistência de direção: Patrícia Vilela
Projeto Gráfico: Guto Lacaz
Iluminação: Claudia de Bem
Figurino: Mareu Nitschke
Trilha Sonora: Roberto Camargo e Luís Artur Nunes
Edição de Trilha Sonora: André Omote
Peruca: Cabral
Operação de luz: Fernando
Operação de som: Patrícia Vilela
Direção de Produção: COLAATORES 

Serviço

Gênero: Comédia
Indicação etária: 14 anos 
Duração: 60 min 
Temporada: Dias 11, 18 e 25 de maio de 2024, sábados às 17h
Ingressos: R$ 80 | R$ 40
Bilheteria abre duas horas antes do espetáculo
Teatro VIRADALATA | 240 lugares
Rua: Apinajés, 1387 – Sumaré – São Paulo
Teatro com acessibilidade

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Jornalista cultural influente e respeitado no Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Prêmio Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil de Curtas. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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