★★★★ Crítica: O Veneno do Teatro cria envolvente suspense com Osmar Prado e Maurício Machado em jogo afiado

Osmar Prado e Maurício Machado posam no camarim do Sesc Santana na estreia de O Veneno do Teatro: jogo de suspense envolvente e surpreendente © Rafa Marques Blog do Arcanjo 2024

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★★
O VENENO DO TEATRO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Dizem que a arte imita a vida. Ou a vida imita a arte? Tais questões são o cerne do excelente texto dramático O Veneno do Teatro, do espanhol Rodolf Sirera, que propõe um mórbido jogo entre um aristocrata e um ator. Escrito para a televisão espanhola em 1978, o texto já foi encenado em 60 países e, no Brasil, estreou em 2011 com a Cia. Veneno do Teatro, sob direção de Bartholomeu de Haro. A nova versão é dirigida com segurança por Eduardo Figueiredo e marca o retorno aos palcos de Osmar Prado, após dez anos de ausência, para contracenar com Maurício Machado, também idealizador da montagem, nesta produção da Manhas e Manias em cartaz no Sesc Santana. Os dois atores criam um jogo sofisticado e surpreendente. Prado faz uma construção contundente de seu personagem, navegando por diversas matizes ao longo da peça, sem perder seu costumeiro charme cênico e facilidade em colocar humor nas mais tensas falas, o que encanta quem o assiste. Machado constrói seu ator vedete com tintas fortes, desfilando pelo palco de modo pavoneado, e se aproximando do naturalismo à medida que o texto avança e tal estilo é exigido cada vez mais de seu personagem, fazendo o espectador acompanhar as interessantes nuances que o mesmo vive. O afiado jogo de poder se estabelece e troca de mãos, com uma interessante crítica de classe. O clima de suspense cresce em uma atmosfera que deixa o espectador inquieto na poltrona, preso ao desenrolar daquele encontro no palco. Mérito da perspicaz direção de Eduardo Figueiredo — com assistência de Gabriel Albuquerque —, devoto da boa carpintaria teatral. Enquanto o diálogo entre os dois atores avança, repleto de reviravoltas surpreendentes, a virtuosa música ao vivo de Matias Roque Fideles, sob direção musical e trilha de Guga Stroeter, faz interesssante contraponto. O time criativo colabora para este conjunto coeso, como o belo desenho de luz de Paulo Denizot, repleto de contras e que conversa o tempo todo com os climas propostos pelo texto, além da propositiva cenografia de jogo de xadrez e elegantes figurinos do talentoso Kleber Montanheiro. Calcada na metalinguagem, a peça presta um tributo ao próprio teatro, exigindo de seus intérpretes a máxima doação: aquela que torna o falso algo real, tangível. Por investigar filosoficamente os limites entre ator e o personagem, este é um texto obrigatório a qualquer profissional do teatro, sobretudo os intérpretes, além daqueles apaixonados por essa arte que encanta e também fere, tal qual o mais sofisticado veneno.

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O VENENO DO TEATRO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

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O músico Matias Roque Fideles, o diretor Eduardo Figueiredo e os atores Osmar Prado e Maurício Machado são fortemente aplaudidos na estreia de O Veneno do Teatro no Sesc Santana © Rafa Marques Blog do Arcanjo 2024

O Veneno do Teatro: Osmar Prado e Maurício Machado abrem o camarim ao Blog do Arcanjo no Sesc Santana

Blog do Arcanjo mostra quem aplaudiu estreia de O Veneno do Teatro no Sesc Santana

Blog do Arcanjo mostra imagens da peça O Veneno do Teatro no Sesc Santana com Osmar Prado e Maurício Machado pelo olhar do fotógrafo Rafa Marques

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Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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