★★★★ Crítica: Companheiros de Viagem retrata vida gay no século 20 com sofisticação na Paramount +

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Se você está levemente desnorteado neste fim de ano com todo o vaivém de compras natalinas, amigos secretos e intermináveis festinhas da firma, a dica é separar um momento para si mesmo e se deitar no sofá — ou na cama — diante da série Companheiros de Viagem (Fellow Travelers), série orginal Paramount + que me foi indicada pelo sempre antenado David Godoi. Se ainda não assina o serviço de streaming, peça a um amigo viciado em RuPaul Drag Race para assistir em sua casa. A superprodução é protagnizada pelos belíssimos e talentosos Matt Bomer e Jonathan Bailey, na pele de dois assessores políticos que vivem um amor tórrido em Washington, e ainda conta com Jelani Alladin como um jornalista negro à frente de seu tempo, buscando construir novos discursos na mídia. A série traça um retrato inovador da vida gay na segunda metade do século 20, tendo como pano de fundo os bastidores do poder político norte-americano. Com soberba direção de arte, a série de Ron Nyswaner mergulha de forma sensível e autêntica nas experiências pessoais e sociais de um jovem casal gay que precisa viver no armário, mostrando os dois na década de 1950, no auge de suas juventudes, e depois nos anos 1980, com a maturidade marcada pela epidemia de HIV/AIDS (apesar de a caracterização pecar no envelhecimento dos atores para este salto no tempo). Dono de um sofisticado roteiro e excelentes atuações, a série reconstrói a atmosfera de uma época, sobretudo os tempos de caça às bruxas do macarthismo nos EUA (se não se lembra o que é, desenterre de sua estante aquele velho livro de história do ensino médio). Companheiros de Viagem é uma poderosa e emocionante narrativa que nos convida a refletir sobre o passado e a caminhar em direção a um futuro mais livre, onde todas as formas de amor possam ser vividas sem medos ou amarras sociais.
★★★★
COMPANHEIROS DE VIAGEM (FELLOW TRAVELERS)
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Na Paramount +

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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