Morre Fabian Chacur, grande jornalista cultural que dedicou vida à música

Morre aos 62 anos Fabian Chacur, grande jornalista musical brasileiro © Divulgação Blog do Arcanjo 2023

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Morreu Fabian Chacur, grande jornalista e crítico musical que dedicou sua vida à música, sua grande paixão, aos 62 anos, vítima de um infarto fulminante em Jaú, no interior de São Paulo.

Desde 2006, Chacur era editor do site Mondo Pop, criado por ele e no qual se dedicava à edição e redação de textos e críticas sobre músicas, desde notícias até resenhas de CDs, DVDs, álbuns digitais, entrevistas e reportagens especiais. Homem culto, era dono de uma rara coleção de LPs, CDs e DVDs e também um exímio guitarrista.

Sua morte foi divulgada pelo site Mondo Verde, também criado por Chacur, dedicado ao Palmeiras, seu time de coração. “É com imensa tristeza que comunicamos o falecimento nesta tarde do Fabian Chacur, vítima de um infarto fulminante, em Jaú-SP. Além de um excelente jornalista musical, o Fabian era um apaixonado pelo Verdão e um dos idealizadores do Mondo Palmeiras (Mondo Verde), em 2006”, informu a publicação na noite desta terça, 12. “Dono de uma inteligência rara e um texto maravilhoso, ele animou muita gente com o seu amor incondicional pelo Palmeiras numa época em que ser palmeirense não era nada fácil.Também não será fácil tocar a vida sem o Fabian. Vai fazer muita falta”, diz o comunicado.

Formado na Faculdade Cásper Líbero na turma de 1980, Fabian Chacur fez história no caderno cultural do jornal Diário Popular, de 1988 a 1995, quando entrevistou grandes nomes da música, como Cazuza, Milton Nascimento e Tom Jobim, entre outros, e teve dedicação especial ao rock. No jornal, cobriu grandes eventos como as edições do Hollywood Rock, o Rock In Rio 1991, e duas edições do Phillips Monsters Of Rock.

Entre 2009 e 2011, foi repórter e crítico de música do portal R7, atuando na equipe que criou e desenvolveu o site da Record TV e também como comentarista nos programas da emissora da Barra Funda.

Entre 1996 e 2015, atuou como jornalista freelancer no jornal Folha de S.Paulo, onde assinou a coluna Como Cheguei Lá no FolhaTeen e cobriu três ediçõe sdo Lollapalooza e a Virada Cultural Paulista.

Encarava o jornalismo cultural como missão e escreveu em seu Mondo Pop até seu último dia de vida. Sua última reportagem anunciou o novo álbum da italiana Laura Pausini.

Dono de rara generosidade e texto impecável com forte dose de autenticidade, Fabian Chacur era querido, respeitado e admirado pelos colegas da imprensa, inclusive por este que escreve este obituário. Fabian Chacur deixa um vazio imenso no jornalismo cultural e na música do Brasil.

Fabian Chacur na redação do jornal Diário Popular, em São Paulo, no começo da carreira © Divulgação Blog do Arcanjo 2023

Jornalistas e artistas lamentam morte de Fabian Chacur

Fabian Chacur era um dos melhores críticos musicais deste país e jornalista de grande repetório e generosidade. Tive a honra de dividir com ele a redação do portal R7, que ajudamos a criar na Record TV. Era um prazer passar o dia escutando ele contar suas aventuras ao longo de uma carreira primorosa na imprensa. Quando lhe contei do meu amor por Cazuza, ele fez questão de no dia seguinte me trazer todo o material de imprensa do lançamento do disco Só Se For a Dois, uma das maiores relíquias que ganhei. Aprendi muito com Chacur, com seu texto brilhante e jornalismo cuidadoso, ético e de qualidade. Ele nunca deixou de marcar presença, sempre com palavras carinhosas e incentivadoras. Fizemos muitas trocas, ele falando do seu Mondo Pop e eu do meu Blog do Arcanjo, nesta nossa teimosia de fazer jornalismo cultural de qualidade e independente. Fabian, você nunca se rendeu ao clique a qualquer preço e deixa marca indelével na música e na cultura brasileira. Tenho um orgulho imenso em ter sido seu amigo!”

Miguel Arcanjo Prado, jornalista e crítico

Em 2021, Fabian Chacur me lembrou que nunca tiramos uma foto juntos nos nossos tempos de Portal R7 e eu respondi que o compensaria sempre lhe dedicando palavras de amor. Essas não serão as últimas, pois há muito a dizer. O jornalismo que aprendi com ele é o do cuidado. Cuidado com a entrevista, cuidado com as fotos, cuidado com o texto, mas acima de tudo, cuidado com o outro. Fabian foi a antítese do jornalismo do ego, individual e implacável. Tem gente que entra na redação e é só “mais uma estagiária”, mas eu tive a sorte de ser parte de um time, pois onde Fabian estivesse, haveria amizade e reciprocidade.”

Bruna Ferreira, jornalista

Conheci o Fabian no R7. Ótimo repórter da área musical. Fazia textos impecáveis e tinha detalhes que só um grande entendedor do assunto poderia ter. Não estava ali somente para gerar cliques. Ele sabia o que estava fazendo, seus textos tinham alma. Uma pessoa leve, gentil, agradável. Sempre tinha uma palavra amável para dizer. Vai fazer falta. Uma pena ter ido tão cedo.”

Fabíola Reipert, jornalista e apresentadora de TV

Quando uma pessoa como Fabian Chacur parte, com ele parte boa parte da história do jornalismo cultural e da música vão junto. Apesar de conhecer o Fabian apenas virtualmente, colegas relatam o grande profissional e amigo que Fabian foi enquanto esteve por aqui. Até o fim ele escreveu e, certamente, fará muita falta para a música. Ontem, quando soube, vibrei para que ele trace um caminho de luz e sucesso, agora no plano espiritual.”

Adriana de Barros, jornalista e crítica musical

Acompanhava o trabalho de Fabian Chacur há muitos anos, apesar de infelizmente nunca termos nos cruzado pessoalmente. Nas redes sociais, ele demonstrava seu amor pela música e pelo texto bem cuidado, além de ser muito gentil no trato. O jornalismo musical perde uma grande referência.”

Renato Vieira, jornalista, escritor e pesquisador musical

Soube da passagem do Fabian Chacur. Nos encontramos pessoalmente poucas vezes, mas ele captou como nenhuma outra pessoa minha intenção e personalidade artística. Recebi sua resenhas de meus discos como dádivas do Universo. Quem vive e respira arte como eu sabe do que estou falando. É um encontro cósmico que transcende a racionalidade, inspirado pela sensibilidade e empatia. Ainda bem que consegui reconhecer para ele, em vida, o que significavam suas palavras sobre o que faço.”

Zé Brasil, cantor e compositor

Impossível, para mim, deixar de lamentar a morte de Fabian Chacur . Nos conhecemos cobrindo música no Diário Popular. Ele, aquele grandalhão fuefo, sempre carinhoso, divertido, bom de papo. Ultimamente, me dizia que torcia para que eu voltasse a ter cabelo curtinho, que mantive por muitos anos. Já estou com saudade dos comentários dele nos meus posts.’

Eliana Castro, jornalista

Hoje tive o choque da inacreditável e inesperada morte do Fabian Chacur. Um amigo generoso e divertido, de humor peculiar, além de louco por música. E foi quem me proporcionou as primeiras oportunidades de ser publicado (e me escalou pra minha primeira entrevista com uma banda, o Hojerizah) quando ele editava revistas da Editora Imprima e eu era um moleque do 2° ano de Jornalismo. Idos de 1987. Tenho gratidão eterna por isso e estou escrevendo isto para registrar neste momento triste. Mas, felizmente, ele também era amigo e pudemos trocar figurinhas até poucos dias atrás. Os vasos bons quebram cedo.”

Marcelo Orozco, jornalista

Fabian Chacur nos deixa, e ficamos órfãos do maior jornalista e crítico da música brasileira, e principalmente do Rock. Fabian Chacur, figura de total importância para o rock paulistano nos anos 1980. “A Praça do Rock ” está triste! Descanse em paz.”

Dalam Junior, músico

Só agora fiquei sabendo da morte de Fabian Chacur, jornalista de música e companheiro de cobertura cultural nos anos 1990, ele pelo Diário Popular e eu pelo Jornal da Tarde. Lembro de algumas reportagens marcantes que fizemos juntos e nas quais ele foi muito solícito, como sempre. Uma foi o show do Motorhead no Ginásio do Ibirapuera. E outro foi uma entrevista com a Ornella Muti. Um doce de pessoa, incapaz de uma grosseria — até mesmo nas redes antissociais, nas quais as pessoas se transformam em busca de lacração barata. Vai fazer falta ler ele me chamando de Alessandro Di Giorgio. Vai em paz, meu amigo.”

Alessandro Giannini, jornalista

Foi uma das últimas vezes que vi Fabian Chacur. Eu, ele e Paulo Cavalcanti fomos à apresentação de Olivia Newton John e depois demos uma tietada básica – com apoio de Miriam Martinez. Sou o único sobrevivente daquela noite mágica. Paulo se foi em 2019, Miriam no ano seguinte, Olivia em 2022 e… e agora recebo a notícia da passagem de Fabian. Um jornalista competente, um sujeito de bom coração, uma referência em cultura pop. Ótimo papo, parceiro de todas as horas. É triste ver parceiros de geração, dos tempos de jornalismo raiz, indo embora. Por outro lado, acho que o céu hoje estará animado. Já pensou? Show de Olivia, com assessoria de Miriam e Paulo e Fabian cantando tudo e pedindo lados B da discografia dela? Vai na paz, meu querido.”

Sergio Martins, jornalista e crítico musical

Triste demais pela partida do meu amigo o jornalista Fabian Chacur. Um cara pra lá de generoso e uma enciclopédia musical ambulante. Sempre compartilhávamos informações principalmente sobre Disco Music, uma de suas grandes paixões. Especificamente numa das matérias mais desafiadoras que fiz, sobre os 10 anos da morte de Bernard Edwards para a Cover Baixo, foi dele a sugestão de eu falar com Ricardo Amaral, proprietário da boate Papagaio Disco Club onde o Chic fez seu primeiro show fora dos EUA em setembro de 1978. Lembro dele falar da influência que sofreu da equipe de articulistas que escreviam para a revista Somtrês e da emoção que foi para ele ter podido colaborar com a publicação no final dos anos 1980. Que perda, como amigo e como jornalista. Obrigado pelas dicas, pela amizade e por dividir seu conhecimento comigo. Vai fazer muita, mas muita falta.

Fernando Savaglia, jornalista

Estou muito triste com a perda do querido Fabian Chacur. Amigo com quem trabalhei no jornal Diário Popular (Dipo) onde iniciei minha carreira como estagiária.Muitas homenagens foram feitas nas redes sociais. Crítico musical de primeira do nosso caderno cultural “Revista”. Escrevia sobre todos os artistas musicais e vários ritmos: do rock in roll à black music. Passeava por diversos estilos da MPB: da bossa nova ao samba,forró, funk, sem preconceito. Assinava as matérias como “Fabian D.C”. Foi um dos meus “professores” quando entrei no Dipo e me deu várias dicas. Obrigada, mestre! Não tinha uma pessoa no Dipo que não gostasse dele.Vá em paz, amigo querido, e faça muitas resenhas musicais aí no céu. Meus sentimentos pra todos da família Chacur e pra todos da família do nosso querido Dipo!”

Valéria Cintra, jornalista

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Jornalista cultural influente e respeitado no Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Prêmio Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil de Curtas. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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