Perseguida pelo racismo, atriz negra que foi doméstica é homenageada no Festival de Curitiba
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
A grande atriz Odelair Rodrigues (1935-2003) foi pioneira na representatividade negra no teatro, nas radionovelas e na televisão do Paraná, mas precisou trabalhar de doméstica para sobreviver, mesmo sendo formada em contabilidade, fruto do forte racismo que vigorava no Brasil do século 20. Agora, ela ganha merecida homenagem durante o Festival de Curitiba com Odelair – Uma Peça Teatral, pela Cia Kà de Teatro sob direção de Kelvin Millarch com assistência de Amanda Soares. Além do espetáculo, a trajetória da artista é ainda tema da exposição É Ser Odelair, no novo Café do Teatro, em Curitiba, e que poderá ser vista durante todo o festival. Odelair foi recentemente tema do curta Um Prólogo para Odelair Rodrigues, lançado em 2021. A peça terá duas exibições, ambas no dia 08/04, no Espaço Excêntrico Mauro Zanatta, às 16h e 20h.
É um projeto que busca preservar a memória da atriz paranaense de forma a valorizar sua trajetória no teatro, rádio e TV. Com ele, pretendemos trazer à cena uma narrativa completa, forte e presente da vida e obra de uma atriz que será representada por também atrizes negras e paranaenses.
Kelvin Millarch
diretor
Quem foi Odelair Rodrigues?
A história da atriz paranaense Odelair Rodrigues começou em 1952, quando passou a integrar o grupo de Teatro Experimental do Colégio Estadual do Paraná. Odelair entrou em cena no espetáculo O Filho Pródigo. Formou-se em contabilidade e por não conseguir se posicionar profissionalmente na área, fruto do racismo, foi trabalhar como doméstica. Ajudou a fundar o Teatro de Bolso, localizado na Praça Rui Barbosa, e foi integrante do Teatro de Comédia do Paraná. Ganhou diversas premiações ao longo de sua vida profissional. Casou-se, mudou para o Rio de Janeiro, e retornou a Curitiba. Viveu preconceitos, devido à cor de sua pele, desde adolescente. Um de seus personagens mais conhecidos é Bidê, com o qual contracenava com o ator Ary Fontoura, na TV Paraná, na década de 1960.
Com reportagem de Guilherme Bittar, da Agência de Notícias Festival de Curitiba
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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. Mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Ganhou o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Governo do Estado de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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