Evita Open Air faz história como 1º musical-festival do Brasil: ‘Era tudo mato quando chegamos’, dizem produtores
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Fotos ANNELIZE TOZETTO
@annelizetozetto
Foi no final de 2019, antes de a pandemia existir, que os produtores Carlos Cavalcanti e Vinícius Munhoz, da Atelier de Cultura, foram a Londres e ficaram encantados com o musical Evita Open Air, que como diz o nome em inglês, é feito a céu aberto. “No intervalo depois do primeiro ato, nós resolvemos que traríamos para o Brasil”, conta Carlos Cavalcanti ao Blog do Arcanjo, em entrevista exclusiva nos bastidores da montagem.
E não foi fácil colocar o sonho em prática. “Foi um grande desafio que precisou de muito planejamento e um cronograma rígido para que tudo desse certo, porque estamos fazendo algo inédito na história do teatro musical brasileiro. Deu muito trabalho, mas também está sendo uma satisfação enorme ver isso realizado. Agora, eu estou com um problema: estou realmente gostando dessa história de fazer um teatro musical com formato de festival”, diz o produtor.
De olho no clima
Mas, fazer um espetáculo a céu aberto tem também seus percalços. “Tenho boletins diários do Climatempo que chegam no meu celular. A qualquer sinal de possibilidade de chuva, eu receberei aviso na hora”, revela Vinícius Munhoz.
Os produtores optaram por julho e agosto por serem os meses de menor índice pluviométrico na cidade de São Paulo, nos quais a possibilidade de chuva é raríssima. “Se chover, a gente vai cancelar a sessão e remarcar para uma quarta-feira. Mas espero que isso não aconteça, pois estamos nos dois meses mais secos do ano”, torce Carlos, antes de complementar, bem humorado: “Já fiz acordo com o Cacique Cobra Coral e com São Pedro”.
Conforto é ponto forte
Eles se dizem orgulhosos da estrutura de 8.500 metros quadrados com capacidade para 1.600 pessoas, montada no Parque Villa-Lobos. “É uma estrutura muito confortável, estes têm sido os comentários nas redes sociais de quem viu nossas pré-estreias. O público tem uma experiência muito agradável. É realmente uma saída inesquecível”, define Carlos Cavalcanti.
Argentina em São Paulo
“Hoje as pessoas estão buscando uma experiência completa, e fizemos em Evita Open Air uma experiência do tipo imersão 360 graus. Que começa desde que você sai de casa e pode digitar Evita Open Air na localização que chegará no portão certo do parque. Pensamos também os ‘bocaditos argentinos’, para trazer a gastronomia da Argentina para perto das pessoas, na praça de alimentação que é aberta não só ao público do espetáculo como a qualquer visitante do parque. Tem ainda os lambe-lambe que estão colados na estrutura. São detalhes que fazem a diferença”, afirma Vinícius Munhoz.
Estrutura de Copa do Mundo
Para levantar tudo isso, os produtores tiveram de buscar equipes com expertise em grandes eventos ao ar livre, trabalhando com fornecedores dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo, dando prioridade a empresas nacionais com esta habilidade. “Um musical normalmente tem 150 fornecedores, já Evita Open Air tem o dobro, cerca de 300”, revela Vinícius Munhoz. “E tudo é diferente de um teatro fechado, a iluminação, o som, a montagem da arquibancada. Quando chegamos aqui era tudo mato, criamos este espaço do zero”, complementa.
Aula de história
Vinícius Munhoz lembra que 20% dos ingressos serão doados a pessoas em situação de vulnerabilidade e de baixa renda, gente que muitas vezes nunca pisou num teatro e terá acesso a um grande espetáculo e ainda a conhecer mais sobre a história de nosso país vizinho, a Argentina, ainda tão desconhecida da maior parte dos brasileiros.
“Carlos e eu vimos esse espetáculo em Londres, mas sinto que a versão de lá soava diferente para a plateia. Parece que as pessoas eram mais distantes da história. Você colocar a história da Evita no Brasil soa mais quente, mais próxima. Somos países vizinhos, temos essa coisa do portunhol que nos une à Argentina. No Brasil, Evita ganha uma força maior. É um título muito imponente, que se conecta mais aos brasileiros, além do musical ser uma aula de história”, pontua.
“Nós, como produtores de cultura, temos esse papel de formação, de quebrar preconceitos. O musical é feito com a Lei de Incentivo à Cultura, então, temos como obrigação formar a plateia. E é mais fácil para muita gente aprender história vendo um musical do que nas aulas da escola. O teatro tem essa capacidade incrível de se comunicar com as pessoas”, lembra.
Musical dinâmico e autossustentável
Carlos Cavalcanti também elogia a forma dinâmica que o diretor John Stefaniuk conduz a superprodução pelo gigante palco de 50 metros de largura e cerca de 30 atores no elenco capitaneado por Myra Ruiz (Evita Perón), Cleto Baccic (Juan Domingos Perón) e Fernando Marianno (Che Guevara). “Quis modernizar o show para empolgar o público mais jovem, assim como eu me empolguei quando assisti na juventude”, diz o diretor canadense, revelando que Evita foi o primeiro espetáculo que assistiu na Broadway em Nova York em sua vida.
Chegando no Brasil após ser vista por 60 milhões de pessoas em todo o mundo, Evita ainda ganhou uma estrutura autossustentável: “Toda a geração elétrica, urbanismo, cenografia, estrutura de abastecimento de água e sanitário é nossa de forma autossustentável. Literalmente, criamos o primeiro musical brasileiro com estrutura de festival”, orgulha-se Carlos Cavalcanti.
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História do musical Evita
Estreado na Broadway em 1976, o musical Evita ganhou sua primeira versão no Brasil em 1983, com a cantora Claudya como Evita, Mauro Mendonça como Perón e Carlos Augusto Strazzer como Che Guevara, em montagem que rendeu um cultuado LP. Em 2011, houve outra versão assinada por Jorge Takla, com Paula Capovilla, como Evita, Daniel Boaventura, como Perón, e Fred Silveira, como Che Guevara. A nova versão Evita Open Air estreou em Londres em 2019 e chega ao Brasil em 2022 sob direção do canadense John Stefaniuk com Myra Ruiz como Evita, Cleto Baccic como Perón e Fernando Marianno como Che Guevara.
Evita Open Air
Onde: Parque Villa-Lobos – Entrada pelo portão Cândido Portinari (Av. Queiroz Filho, 1365 – Alto de Pinheiros, São Paulo – SP) Obs.: A localização da megaestrutura já está disponível nos principais aplicativos de deslocamento como Waze, Google Maps, Uber e 99 digitando “Evita Open Air” na busca
Quando: Quinta-feira, às 20h00, sexta-feira às 20h00, sábado, às 15h00 e às 19h30 e domingo, às 15h00 e às 19h30, até o fim de agosto
Quanto: R$50,00 a R$300,00. À venda pelo site oficial – Bilheteria física: Instituto Artium – Rua Piauí, 874 – Higienópolis (de quarta a sexta entre 12h e 18h. sábados e domingos entre 10h e 18h)
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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. Mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Ganhou o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Governo do Estado de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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1 Resultado
[…] Evita Open Air é um dos musicais mais badalados e comentados do cenário cultural na atualidade. Isso porque, com sua mega estrutura formada no Parque Villa-Lobos, localizado na região oeste da capital paulista, a montagem protagonizada pelos astros do teatro musical Myra Ruiz, Cleto Baccic e Fernando Marianno, já conquistou o coração do público! O projeto conta ainda com grande elenco de 28 atores e um time criativo de peso. Os expectadores têm a oportunidade de assistir o espetáculo ao ar livre, formato que é sucesso em cidades cosmopolitas como Londres e Nova York. Vale destacar que a superprodução musical é dirigida pelo canadense John Stefaniuk e sob produção da Atelier de Cultura, que tem no comando os exímios profissionais Carlos Cavalcanti, Cleto Baccic e Vinícius Munhoz. […]