Crítica | Sapathos discute temas fortes da sociedade com poesia e psicanálise ✪✪✪
Sapathos
Avaliação: Bom ✪✪✪
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Os temas que emergem cada vez mais fortes na sociedade contemporânea, gerando muitas vezes confrontos nas onipresentes redes sociais, ganham o palco na peça Sapathos, da trupe Os Zzzlots, em atividade desde 2010. Com uma boa dose de psicanálise, a obra faz suas últimas sessões na SP Escola de Teatro, às sextas e sábados, 20h30, com ingressos na Sympla.
Sapathos é uma obra sobrevivente, como todos nós. A peça foi uma das que precisou levantar temporada em março de 2020, quando a pandemia se instalou, amedrontando a todos nós como um desafio à humanidade que soava intransponível. Assim, ela retomou com sucesso sua temporada mais de dois anos após a pausa forçada, com ares de resistência.
São 18 cenas curtas, defendidas por um time de atores sintonizados e belos em sua diversidade, que perpassam temas como o racismo estrutural, a violência da urbe, a transfobia e outras tantas formas de preconceitos naturalizados pelo triste Brasil dos dias atuais.
Em uma espécie de teatro jornal, a dramaturgia escrita por Sergio Zlotnic, também diretor da obra ao lado de Gabi Costa, Ricardo Koch Mancini, e Paula Barros, vai elencando as cenas, às vezes de forma propositadamente atropelada.
Estas se misturam a fatos históricos, como o horror nazista, que surgem no telão que ambienta o fundo de cena, criando uma ponte entre presente e passado na espera de um melhor futuro.
O elenco freudiano deste espetáculo é exuberante em sua diversidade: Gabi Costa, David Wendefilm, Fernando Falci, Flávio Borzi, Gabriel Fidelis, Luciano Falcão, Mah Martins, Ricardo Koch Mancini, Sergio Zlotnic, Tom Vieira e Xexéu Aguiar.
Se há vivacidade e entrega em todos, é preciso ressaltar o trabalho da atriz Gabi Costa, a presença mais forte desta montagem ao demonstrar ter alcançado maturidade como atriz, senhora do tempo das palavras.
Sapathos é uma obra que nos faz refletir e questionar em qual lugar do mundo queremos estar e quais palavras realmente cabem em nossas bocas. E pensar sobre si mesmo e o mundo ao seu redor é sempre ótimo.
Sapathos
Avaliação: Bom ✪✪✪
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. Mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Ganhou o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Governo do Estado de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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